EDITORIAL
A redução do preço da gasolina não é satisfatória.
O preço deveria ter caído de 11,1% para R$ 3,61; ao invés de R$ 3,86
Começa a vigorar nesta 4ª feira, 20.07, a redução de R$ 0,20 no preço da gasolina nas refinarias, para as distribuidoras de combustíveis, anunciada. O preço caiu 5,0%, de R$ 4,06 o litro para R$ 3,86.
Em comunicado à imprensa a Empresa explicou que a redução deveu-se à estabilização do preço do petróleo no mercado internacional. A última vez que a Petrobras reduziu o preço da gasolina foi em dezembro de 2021.
Contudo, a redução do preço da gasolina não é satisfatória, pois não corresponde à dimensão da queda de preços do petróleo no mercado internacional.
Ao final de dezembro de 2021, a cotação do barril de petróleo WTI era US$ 75,21. Neste ano de 2022, chegou a custar US$123,70.
Na 3ª feira 19.07.2022, fechou a US$ 101,74 o barril.
Isso significa que, do final de dezembro/2021 o barrril de petróleo valorizou-se 64,5% até o preço máximo alcançado em 2022, de US$ 123,70. Significa, também, que esse preço máximo, de US$ 123,70, caiu 21,6% até o preço em 19.07.2022, US$101,74.
Assim, se o preço do mercado internacional caiu 21,6%, neste ano, por outro lado, o preço da gasolina no Brasil caiu apenas 5,0% neste mesmo ano, embora a Petrobras aplique a paridade entre os preços externos e internos.
O diferencial de 16,6%, entre essas duas taxas é o quanto restaria à Petrobras reduzir no preço da gasolina, mas não o faz, apropria-se.
Poderia-se dizer, com base no princípio da cautela, que a instabilidade do mercado internacional de combustíveis recomendaria o respeito a uma margem de segurança, digamos de 30%. Caso adotada a margem de 30%, seria aplicada a redução em 70% da oscilação; isto é,
[ (0,21,6) . (0,70) ] = [ 0,151 ] = [15,1%]
Mas, não foi isso que aconteceu: a Petrobras reduziu o preço da gasolina em apenas 5,0%, apenas um terço do que seria razoável. A Petrobras aplicou uma margem de segurança (MS) de 76,9%, conforme calculado, a seguir:
[ (0,151) . ( X ) ] = [ 0,05 ] ⇒ [ X ] = [0,05 / 0,151 ] ⇒ X = 0,331
MSp = [ 1,0 - X ] ⇒ MSp = [ 1,0 - 0,331 ]
MSp = [ 0,669 ] ⇒ MSp = 66,9%
em que 0,151 seria o limite máximo da redução, considerada uma margem aceitável de segurança de 30%;
0,05, a redução praticada; e
0,331, a relação entre a redução praticada e o limite máximo da redução que poderia ser aplicada;
e MSp de 66,9% seria o montante da apropriação da queda de preços da gasolina pela Petrobras, mas que poderia ser repassada aos consumidores.
Isso significa dizer que, ao promover a redução de apenas 5,0% no preço da gasolina, diante da queda de 21,6% do preço internacional do petróleo, a Petrobras apropria-se de uma margem 66,9% da queda do preço do petróleo, que deveria ser repassada aos consumidores. Essa é uma margem adicional àquela que poderia ser considerada segura e razoável à Empresa de 30% daquela queda de preços.
O diferencial entre as duas taxas, de 16.6% demonstra a avidez da diretoria da Empresa e o compromisso exclusivo desta com interesses dos fundos de investimentos, acionistas da Petrobras e as aves de rapina do mercado financeiro.
O volume de recursos (Y) que essa margem de 66,9% comporta equivale a 11,1% do preço da gasolina.
Y = [ (0,166) . (0,669) ] = [ 0,111 ] ⇒
[ Y ] = 11,1%
Assim, ao invés de apenas 5,0% a Petrobras deveria reduzir o preço da gasolina em 11,1%. Tendo sido de R$ 4,06 o preço anterior, ele deveria ter, assim, caído para R$ 3,61.