Diário do Mercado, na 5ª feira, 28.07.2016
Bolsa em queda e dólar em alta, com ecos do Fed e safra de balanços corporativos em destaque
O Ibovespa operou em queda e encerrou aos 56.667 pts (-0,59%), acumulando agora +9,98% no mês e +30,72% no ano.
O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,21 bilhões. No dia 26 (último dado disponível) , houve ingresso de capital externo da ordem de R$ 18 milhões na Bolsa, elevando o acumulado líquido no mês para R$ 4,51 bilhões e no ano para R$ 17,15 bi.
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), internamente, a inflação medida pelo IGP-M em julho foi de 0,18%, e mostrou uma significativa desaceleração no comparativo com junho (1,69%), surpreendendo positivamente o mercado, que aguardava, na mediana das projeções, uma alta de 0,27 %.
Os principais responsáveis pela retração foram as commodities agrícolas e a desvalorização do dólar, que impactam diretamente o componente de maior peso no indicador, o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) - que representa a inflação no atacado.
Também , domesticamente, o déficit primário do governo central em junho foi de R$ 8,8 bilhões. Apesar de ter representado o maior déficit para um mês de junho e fechado o primeiro semestre em -R$ 32,5 bi - ambos com a s piores medições desde o início da série histórica em 1997, o número veio melhor do que o esperado pelo mercado, com mediana em -R$ 14,5 bi. Importante salientar, no entanto, que boa parte (aproximadamente R$ 5,3 bi) deste melhor número veio por conta da receita extraordinária com concessões. Em 12 meses , até junho, o governo central apresentou um déficit de R$ 151,77 bilhões, o equivalente a 2,41% do Produto Interno Bruto (PIB).
Resultados Corporativos
Nos resultados corporativos do 2T16 (calendário pg.4), segundo nossos analistas,
- a Vale (VALE5) apresentou um resultado sólido derivado de um ritmo operacional mais favorável – atentando, no entanto, para provisões constituídas no âmbito da Samarco;
- a Usiminas (USIM5) entregou mais um trimestre fraco, mas com a definição quanto à rolagem da dívida em iminência;
- o Bradesco (BBDC4) entregou um trimestre no geral negativo, com a qualidade da carteira de crédito ainda como principal preocupação;
- a Natura (NATU3) revelou um resultado positivo, mas com ainda bastante espaço para melhoras;
- a Weg (WEGE3) trouxe números considerados neutros, com os benefícios da variação cambial começando a arrefecer; por fim,
- a Via Varejo (VVAR11) apresentou uma linha positiva de receitas, mas com margens favorecidas por eventos extraordinários.
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio, na contramão da maioria das moedas mundiais, o real desvalorizou-se perante a divisa norte-americana, que finalizou cotada a R$ 3,2966 (+1,06%), na véspera da definição da PTAX que precificará os contratos futuros vincendos na próxima segunda-feira (1º de agosto).
No mercado de juros futuros, reagindo em menor grau a um IGP-M mais baixo, bem como em maior grau ao déficit fiscal e a preocupação dos agentes quanto à sua dinâmica, as taxas ao longo de toda a estrutura a termo da curva de juros elevaram -se. Já o CDS brasileiro de 5 anos finalizou a sessão praticamente de lado, em 295 pontos, ante 294 na sessão anterior.
Bolsas no Exterior
Nos mercados estrangeiros, as principais bolsas na Ásia operaram em queda, em meio a dúvidas quanto a um eventual estímulo no Japão, cujo comitê de política monetária iniciou hoje reunião de 2 dias para a decisão sobre a taxa de juros do país.
Na Europa, os mercados também retraíram -se, refletindo balanços corporativos e reagindo à definição das Fed Rates pelo Fomc na data de ontem, quando os mercados na região já se encontravam fechados. Nos EUA as bolsas fecharam próximas à estabilidade, sem sentido definido.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 28.07.2016, HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI, analistas de investimentos do BB INVESTIMENTOS.