BB Investimentos analisa resultado de 1T14 de Vale
Desaquecimento da China reflete em resultado
Outperform
Ticker VALE3 VALE5
Preço em 29/04/2014 (R$) 29,78 26,73
Preço para 12/2014 (R$) 46,20 44,40
Upside 55,1% 66,1%
Apesar da contínua elevação operacional, a Vale tem sido pressionada pelo cenário internacional mais volátil, principalmente quando o assunto é China. A menor confiança com relação àquela economia acabou pressionando os preços praticados, o que enfraqueceu o resultado da companhia.
Destacamos positivamente a forte redução nas despesas operacionais em função dos menores gastos com P&D e de parada, o que ajudou a segurar o EBITDA ajustado.
Bulk Materials: queda no preço dos insumos prejudica desempenho
O resultado da Vale no 1T14 apresentou queda de 30,7% na receita operacional de minério de ferro e pelotas em relação ao 4T13, não só em função da queda nas vendas de minério (-21,4%) e de pelotas (-10,6%) – que, em parte, é explicada por questões sazonais – mas também devido ao recuo de 19,9% T/T no preço médio de minério.
Como 41% das vendas foram baseadas no preço spot após a data de entrega, a queda no preço do insumo levou a um ajuste para baixo dos preços praticados no período prejudicando assim o resultado do segmento.
A China reduziu sua representatividade na receita operacional para 33,1%, refletindo o recente aumento dos estoques do país e a consequente pressão sobre as compras no mercado transoceânico.
No segmento de carvão, o fraco desempenho operacional em Carborough Downs resultou na queda de 64,5% no volume de vendas de metalúrgico que, somado a um preço médio 19,5% menor, resultou em uma receita total com carvão inferior em 57,4% T/T. No comparativo anual, o aumento na produção e nas vendas de minério e pelotas foi compensado pela forte queda nos preços dos insumos, mesmo tendo a desvalorização cambial neutralizado parte dessa queda.
Metais: desempenho com cobre penaliza resultado
No segmento de metais básicos, o menor volume vendido de níquel (-5,8%) foi parcialmente compensado pelo maior preço médio (+2,9%), resultando assim em uma queda de 1,3% T/T na receita.
Segundo a Vale, apesar do rigoroso inverno no Hemisfério Norte, o aumento na produção de Onça Puma e VNC sustentaram o desempenho. Já a receita de cobre foi prejudicada não só pelo menor volume vendido (-15,7% T/T), mas também pela queda de 7,4% no preço médio.
Apesar do ramp up de Salabo I ter alcançado 84,4% de sua capacidade nominal, problemas na produção das minas de Sossego e Voisey’s Bay resultaram na perda de produtividade do segmento.
As vendas de PGMs foram positivamente impulsionadas pelos maiores volumes vendidos e preço médio T/T. Com relação ao segmento de Fertilizantes, apesar da Vale ter reportado incremento no volume de vendas em quase todos os produtos fosfatados, os menores preços praticados deixaram a receita praticamente estável em relação ao 4T13.
Custos e Resultado Operacional
No 1T14, os menores volumes vendidos principalmente de minério, pelotas e níquel resultaram em uma queda R$ 2,0 bilhões no CPV total consolidado.
No entanto, excluindo o “efeito volume” os custos aumentaram em R$ 508 milhões, reduzindo assim a margem bruta em 8,1 p.p. T/T. Já as despesas operacionais tiveram uma queda de 35,8% sobre o 4T13, devido ao menor dispêndio com P&D (-R$ 279 milhões) e com despesas pré-operacionais e de parada (-R$ 476 milhões).
Desse modo, a Vale acabou encerrando o trimestre com um EBITDA ajustado de R$ 9,6 bilhões, valor 36,8% inferior ao registrado no trimestre anterior.
Resultado Financeiro e Considerações
Devido à valorização do real em torno de 3,4% sobre o trimestre anterior, a Vale reportou ganhos com variação cambial de R$ 1,2 bilhão no 1T14 e, assim, encerrou o período com um lucro líquido de R$ 5,9 bilhões.
Diante dos dados mais fracos apresentados pela China nos últimos meses, em especial da balança comercial e PMI – que apresentou queda pelo quinto mês consecutivo após a divulgação do índice preliminar de abril – o preço do minério deverá seguir sob pressão e, consequentemente, manter comprimido o resultado da Vale nos próximos trimestres.
Para o segundo semestre, a expectativa é de um mercado ainda mais volátil com a entrada de novas capacidades vindas da Austrália, cujo montante deverá superar 150 milhões de toneladas se somados os projetos da BHP, Rio Tinto, Fortescue Metals, dentre outros. Isso torna ainda mais desafiadora a necessidade da Vale de entregar o volume previsto de 312 milhões em 2014, evitando assim a perda de market share no mercado transoceânico.
Confira em anexo o relatório completo sobre os resultados da VALE, de responsabilidade de Victor Penna, analista do BB Investimentos.