Ao viajar à Bélgica no próximo domingo, 23.02, para participar da 6ª Cúpula Brasil-União Europeia, a presidenta Dilma Rousseff deverá discutir a viabilidade da construção de um cabo ótico submarino para facilitar a comunicação eletrônica com a Europa.
O projeto se tornou uma das prioridades do governo brasileiro depois que vieram à tona suspeitas de espionagens dos Estados Unidos a cidadãos de vários países, dentre eles a própria presidenta.
“Estamos trabalhando na questão da arquitetura financeira desse projeto, que é importante porque vai criar um novo canal, uma nova via de comunicação de alta velocidade”,
informou o subsecretário-geral de Assuntos Políticos do Itamaraty, Antonio da Rocha Paranhos. Segundo ele, ainda é preciso decidir como será financiada a empreitada.
“O nosso interesse é explorar com os europeus a questão da participação europeia na arquitetura financeira do projeto”,
explicou. Paranhos disse que o projeto, além de fortalecer a segurança da internet, trará benefícios nas áreas de educação, pesquisa, inovação e comércio.
A Cúpula Brasil-União Europeia, que se inicia na 2ª feira, 24.02, vai lançar um grupo de trabalho sobre temas econômicos e adotar um plano de competitividade e investimentos entre o país e o bloco.
O evento reúne inicialmente a presidenta Dilma e os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e depois outros representantes dos dois lados também participam das conversas.
Principal parceiro comercial e principal investidor externo do Brasil, a União Europeia é responsável por mais de 20% do comércio exterior com o país. Em 2013, o volume de comércio com o bloco ficou em US$ 98,5 bilhões.
Além do cabo de fibra ótica, outros temas relacionados à internet devem ser tema das reuniões. De acordo com o subsecretário-geral, o motivo é a promoção, em abril, de uma conferência global sobre governança na internet. A presidenta deve reforçar o convite para que os países da União Europeia participem do evento, que ocorre em São Paulo nos próximos dias 23 e 24 de abril .
A presidenta também deve defender o regime tributário diferenciado adotado pelo Brasil em regiões como a Zona Franca de Manaus. Em dezembro, a União Europeia iniciou uma consulta à organização internacional questionando medidas fiscais que prejudicariam o comércio de produtos estrangeiros com “ajuda proibida” aos exportadores nacionais.
Dilma espera que, com mais conhecimento sobre a questão, o bloco desista de levar a discussão para um painel da OMC Organização Mundial do Comércio.
A presidenta deve, ainda, encontrar-se com o primeiro-ministro da Bélgica, Elio Di Rupo, e participar da cerimônia de encerramento da 6ª Cúpula Empresarial Brasil-União Europeia. Do lado brasileiro, a reunião empresarial é promovida pela Confederação Nacional da Indústria e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
“Ao final da cúpula, a presidenta e as autoridades europeias adotarão um importante comunicado conjunto, que tratará não só das relações Brasil-União Europeia mas toda uma série de temas globais da realidade internacional”,
declarou Antonio da Rocha Paranhos em entrevista a jornalistas.