As reservas internacionais brasileiras alcançaram a cifra de US$ 358,8 bilhões, em 31.12.2013. Esse montante representou um declínio de 3,84% em relação ao total das reservas em 31.12.2012, que foi de US$ 373,1 bilhões.
Ao longo de 2013, o total das reservas oscilou entre um máximo de US$ 378,7 bilhões, em abril/2013 e um mínimo US$ 378,7 bilhões, o valor alcançado em dezembro/2013.
A causa deste pequeno declínio pode estar associada ao déficit no fluxo externo de capitais financeiros, notadamente às remessas de capitais por empresas estrangeiras às suas matrizes no exterior, de US$ 23,4 bilhões, a título de royalties, lucros e dividendos.
Contribuíram igualmente para o saldo negativo no fluxo financeiro externo, os gastos à vista no exterior por turistas brasileiros, no montante de US$ 10,8 bilhões, e também esses mesmos gastos a prazo, via cartão de crédito, no valor de US$ 11,4 bilhões, totalizando US$ 22,2 bilhões, no período janeiro-novembro/2013. Não foram ainda divulgados os dados de dezembro/2013.
Possivelmente, essa foi a razão da recente ampliação do IOF para 6,38%, pelo Ministério da Fazenda, sobre gastos no exterior por cartão de crédito.
Seriam desejáveis medidas desse mesmo perfil também para as remessas ao exterior pelas empresas multinacionais, uma conta sobre cuja lisura sempre pairaram dúvidas no meio acadêmico e no ambiente de negócios.
Mas, certamente mexer com isso traria notas negativas pelas empresas internacionais que analisam risco soberano de crédito, a S&P, a Fitch e a Moody´s. E, pior, no Brasil os militares, sob o argumento de ameaça comunista, derrubaram o governo João Goulart, em 1964, por ter restringido a 5% ao ano as remessas ao exterior a título de lucros e dividendos, pelas empresas multinacionais. E, também, o governo John Kennedy, dos EUA, soube-se há poucos dias, cogitou intervir no Brasil com as forças militares norteamericanas, naquela mesma ocasião e pela mesma razão, sob o pretexto de ameaça comunista.
Desse modo, bastante pragmaticamente, nem pensar na possibilidade de mexer com as remessas ao exterior das empresas multinacionais. Aliás, já foi de muita coragem política tributar com IOF, em 6%, o capital especulativo em março de 2012, tributo hoje zerado, para incentivar a entrada de recursos a qualquer título neste novo momento.
De qualquer modo, as reservas brasileiras apresentaram um comportamento satisfatório em 2013 e a situação não é crítica, mas muito satisfatória em razão da segurança que proporcionam, a despeito de seu elevado custo de manutenção.