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Internacional

04 de Dezembro de 2023 as 23:12:27



EDITORIAL - Desenha-se o Fim da Ação Bélica de Israel contra Gaza


Palestinos festejam a destruição de um dos 60 tanques Mercava israelenses destruídos pelo Hamas.
 
Editorial
Desenha-se o Fim da Ação Bélica de Israel contra Gaza
 
Wilson R Correa
04.12.2023
 
Na última 6ª feira, 01.12.2023, as forças armadas israelenses voltaram a bombardear Gaza. Era findo o cessar-fogo de apenas uma semana, durante a qual habitantes da Faixa de Gaza tiveram acolhimento médico e acesso a medicamentos, alimentos, água, bem como pôde ser realizada a retirada de feridos a hospitais no Egito; e também a retirada de estrangeiros, como foi o caso de brasileiros recolhidos pelo governo Lula.
 
Foram unânimes os lamentos por não ter sido acolhida pelo governo israelense a proposta do Hamas de estender o cessar-fogo por mais alguns dias.
 
Volker Turk, alto comissário da ONU para Direitos Humanos, declarou que é “catastrófica a retomada das hostilidades em Gaza”.  Turk solicitou que as partes envolvidas no conflito e os países com influência sobre elas, “de imediato redobrem esforços para garantir um cessar fogo por motivos humanitários” e em respeito aos direitos humanos,  segundo informa a agência Reuters.
 
O secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, por sua vez lamentou a retomada das hostilidades e defendeu “um verdadeiro cessar fogo”, uma nova pausa.  E a UNICEF, a agência da ONU para proteção de crianças e adolescentes, noticiou em seu site que "Crianças, adolescentes e famílias estão em situação catastrófica em Gaza.”
 
"A escalada das hostilidades na Faixa de Gaza está tendo um impacto catastrófico em crianças, adolescentes e nas famílias. Meninas e meninos estão morrendo em um ritmo alarmante – mais de 5 mil foram mortos e milhares ficaram feridos. Estima-se que 1,7 milhão de pessoas na Faixa de Gaza tenham sido deslocadas,  mais de metade são crianças e adolescentes. Eles estão ficando sem água, comida, combustível e remédios. Suas casas foram destruídas; e suas famílias dilaceradas,”
 
Informa a UNESCO em seu site, nesta 2ª feira, 04.12.
 
Médicos e testemunhas informaram que bombardeios israelenses tornaram-se ainda mais intensos ao sul de Gaza, nessa retomada das hostilidades, para onde autoridades israelenses têm hipocritamente determinado à população palestina dirigir-se e abrigar-se, nas últimas quatro semanas.
 
Essa realidade transformou em evidência a tese defendida por analistas de que o objetivo buscado pelo governo israelense, desde o início das operações, há quase dois meses, seria a expulsão da população palestina para a região egípcia da Península do Sinai e a tomada do território palestino de Gaza.
 
Segundo essa tese, o governo israelense teria buscado entabular negociações com o governo egípcio para acolhimento de refugiados palestinos na área do deserto do Sinai. O governo egípcio teria respondido refratariamente a essa proposta, pois, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações, já vivem atualmente no Egito mais de 9 milhões de migrantes e refugiados de 130 países. O número inclui quatro comunidades principais - 4 milhões de sudaneses, 1,5 milhão de sírios, 1,0 milhão de iemenitas e 1,0 milhão de líbios.
 
Outra evidência dessa mesma tese foi a recepção a tiros, disparados pelos soldados israelenses, contra a população palestina que, durante a semana do cessar-fogo, retornava a suas residências em escombros no norte de Gaza, já tomado pelo exército de Israel. O significado disso é que Israel não quer que palestinos voltem a dominar o norte de Gaza; e que pretende acuá-los ao Sul, ali bombardeá-los e expulsá-los para a península do Sinai, em território egipcio.
 
Petróleo e Gás Natural, o leitmotiv
 
Mais uma evidência dessa mesma teoria seria o término do contrato de concessão exploratória de gás natural no mar territorial de Gaza, por 25 anos, na região oriental do Mar Morto. O contrato data de novembro de 1999, ocasião da descoberta de ricas reservas de gás natural e petróleo na região. O contrato foi  assinado pela Autoridade Palestina (que então governava a Faixa de Gaza) com a British Gas (BG Group), um grupo de capital inglês, e sua parceira nesse negócio, a CCC Consolidatted Contrators Company, empresa sediada em Atenas pertencente ao grupo das famílias libanesas Sabbagh e Koury. 
 
A concessão exploratória deverá terminar em abril/2024; e estariam em curso negociações a respeito entre a empresa estatal russa GASPRON e o Hamas, que é o legítimo governo eleito pelos cidadãos de Gaza em substituição a Autoridade Palestina, embora a grande mídia o classifique como grupo terrorista.
 
Assim, a  tomada territorial da Faixa de Gaza por Israel, com a expulsão do povo palestino, bloquearia a expansão de interesses russos e abriria amplo espectro de negócios com participação de empresas norte-americanas, negócios politicamente favoráveis ao gabinete israelense de Benjamin Netanyahu, que ampliariam seu poder pessoal e torná-lo-iam menos vulneravel às investigações criminais contra si conduzidas pelo poder judiciário israelense.
 
Em 2008 e 2009, após a descoberta de jazidas de gás natural e petróleo nas águas territoriais da Faixa de Gaza, pertencentes ao povo palestino pela legislação internacional, Israel empreendeu uma grande operação militar contra Gaza, denominada "Chumbo Fundido", de que resultaram 1.300 mortos, dentre os quais 417 crianças, alem de 5.300 feridos.
 
Nessa operação militar de 2008-2009, o governo de Israel empreendeu de início um grande ataque aéreo e em seguida empregou a força terrestre contra Gaza. A partir da dominação armada, confiscou os poços marítimos produtores de gás então em operação. Sem sucesso buscou negociar com o BG British Gas Group o não-pagamento de valores monetários ao Hamas, pela concessão exploratória do gás natural, mas sim em bens e serviços. Ao final, o BG Group deixou as negociações com o governo israelense e há indicativos de que o acordo original com o Gaza tenha tido seguimento. 
 
Também em 2009 Israel informou ter descoberto gás natural na área marítima israelense contígua aos poços pertencentes a Gaza, o poço denominado Tamar. Em 2010, outra descoberta no mesmo local, o poço denominado Leviathan. Ambos tormaram Israel autosuficiente e até exportador de gás natural para a Europa por meio de gasoduto do Egito. 
 
Tratam-se de poços contíguos aos poços palestinos e, o que tudo indica, em jazida compartilhada situada em área muito rica em petróleo e gás natural situada no Mar Mediterrâneo, denominada 'Província da Bacia do Levante', que se estende do mar territorial do Egito até o Líbano e Síria. O governo israelense tem mantido permanente conflito bélico com Egito e Síria, na delimitação de fronteiras dessas jazidas, conflitos apresentados pela diplomacia israelense e pela grande imprensa de forma camuflada, como resultantes do anti-sionismo dos governos sírio, libanês e do Hesbollah.
 
Analistas consideram que a guerra promovida por Israel contra Gaza em 2023 é uma continuação dos ataques promovidos em 2008 e 2009; e o fio condutor dessas duas ações militares extremas seria a expulsão dos palestinos de sua terra natal e a apropriação territorial por Israel e de toda a atual área produtora de gás natural da Faixa de Gaza.
 
A despeito de todas essas evidências acerca da ilegalidade de suas ações militares frente ao direito internacional, desproporcionais, abusivas, opressoras e racistas, o governo de Israel aplica a retórica de necessidade de destruição do Hamas, para camuflar a expoliação de recursos naturais palestinos, o genocídio que impõe, a expulsão que promove dos palestinos de suas terras históricas, a criação em Israel de aparato legal para consolidação de um estado étnico, racista e de aparteid, que vem sendo estabelecido em bases legais por sua casa legislativa israelense, o Knesset.
 
Contudo, encontra-se em curso crescente comoção mundial contra a matança de crianças, mulheres, idosos, doentes e civis em Gaza, além de toda destruição de hospitais, escolas, lojas, restaurantes e de toda infraestrutura em Gaza, promovida pelas forças armadas israelenses, comandadas pela extrema-direita fascista e violenta instalada no poder em Israel. E, por mais medíocres, violentas e belicistas que sejam as lideranças políticas de países como EUA, França, Inglaterra, Canadá, elas perceberam que não podem apoiar por mais tempo o facínora de Israel; terão de desvincular-se em breve de seu visgo fascista que já compromete suas carreiras políticas pessoais e de seus partidos; terão de livrar-se dele e de todo gabinete ministerial israelense. Os EUA, em especial, que em breve terão novas eleições presidenciais.
 
Anti-Sionismo e anti-Semitismo
 
E, assim, nesta 2ª feira, 04.12, sob toda essa pressão, o poder judiciário de Israel retomou o processo criminal por corrupção contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, conforme noticia o jornal brasileiro O Estado de Minas.
 
O fator determinante para isso é o temor que também passaram a ter as lideranças políticas de Israel, de que se transforme em anti-semitismo o crescente anti-sionismo mundial derivado notadamente, da desumanidade e estupidez das ações bélicas israelenses contra civis, mulheres e crianças.
 
Acrescente-se a isso a fantástica ação bélica, solidária ao povo palestino da Faixa de Gaza, promovida pelo grupo guerrilheiro Houthi, do Yemen. Um povo extremamente pobre, aguerrido e solidário, que vive calçado em sandálias no deserto ao sul da peninsula arábica. O incrível é que o governo do Yemen, contra o qual lutam os Houthi, também aderiu ao combate a causa palestina contra Israel. 
 
Assim, o povo do Yemen ousa contrapor-se à letargia apática dos grandes países árabes, enfrenta resolutamente as grandes potências e endereça foguetes caseiros contra Israel, em resposta a sua sanha assassina contra palestinos. Na semana passada sequestrou os primeiros três navios petroleiros israelenses que rumavam ao Canal de Suez, bem como atacou com dronesum navio de guerra dos EUA, que circulavam pelo estreito de Babelmândebe, na entrada do Mar Vermelho, entre Djibuti e o Yemen, próximo ao 'chifre da África'.
 
Seriam os primeiros três navios petroleiros do que poderia tornar-se longa série de sequestros navais e ataques. Segundo Robinson Farinazzo, comandante da marinha do Brasil, os resultados econômicos dessas ações dos Houtis será sentido na elevação do preço do frete do petróleo, seja, em primeiro lugar, pelos navios buscarem no Cabo da Boa Esperança, ao sul da África, rota alternativa ao Mediterrâneo, ainda que muito mais longa; seja, em segundo lugar, pela elevação do preço do seguro naval no transporte de petróleo, regional e internacional; seja, em terceiro lugar, pela maior probabilidade de elevação do preço do barril de petróleo e, em quarto lugar, pelo temor do alastramento de ações bélicas, ainda que camufladas, contra Israel por envergonhados paises árabes -- paralizados até o momento pelo poder de destruição dos três porta-aviôes dos EUA.
 
Menos pela vergonha do apoio ao regime político fascista de Israel pelos países europeus e pelos EUA, do que pelos impactos econômicos e políticos  negativos, esses fatores poderão acelerar a queda do gabinete de Benjamin Netanyahu e a desmobilização militar atual contra Gaza.
 
Com sua Operação Al-Aqsa Flood contra Israel, em 07.10.2023, o Hamas inviabilizou os Acordos de Abraão que estavam sendo promovidos por Israel com os países árabes, que passaram a ignorar a questão palestina e a aceitar como irreversível a situação de domínio total do território palestino por Israel.
 
A um custo fantástico de mais de 15.000 palestinos mortos pelas forças israelenses, dentre eles cerca de 5.000 crianças, e Gaza destruída por inteiro, operação em que Israel decuplicou o número de palestinos mortos e feridos que realizou em 2008 e 2009 contra Gazao Hamas, com seu ataque de 07.10.2023, trouxe à baila os seguintes elementos: 
 
(1º) recolocou na ordem do dia a questão palestina como pendência a ser resolvida de modo definitivo pela comunidade internacional, pois ; 
 
(2ºtrouze à luz a natureza fascista do regime político israelense, que está a instituir bases legais para a configuração de um estado étnico, racista e de aparteid; 
 
(3ºdesmoralizou o mito da invencibilidade bélica de Israel que, após dois meses de massacre, ainda não conseguira libertar reféns em poder o Hamas, exceto pelo recente acordo de troca por prisioneiros palestinos ilegais em Israel;
 
(4ºteve destruídos cerca de 60 MBTs Mercava, tanques de guerra reconhecidos internacionalmente como 'fantásticos e invencíveis', e carros de combate israelenses, além de terem tido sequestrados centenas de integrantes de suas forças armadas, hoje ainda mantidos reféns, e outro tanto de feridos e mortos;
 
(5ºevidenciou a leniência das lideranças políticas europeias com o avanço do fascismo e da extrema direita em Israel e em seus próprios países, algo anteriormente já vislumbrado no movimento neo-nazista e no golpe de estado ucraniano de 2014;
 
(6ºescancarou a inoperância do Conselho de Segurança da ONU; e 
 
(7ºtornou moralmente insustentável a dominação israelense sobre os palestinos.
 
Muitas mortes, muitos feridos, muita destruição. Com isso o mundo agora se olha no espelho sem maquiagem e a dimensão dos resultados começa a se desvelar.
 
Doravante, Israel poderá começar a juntar os cacos para se reconstruir sem Bibi. Não só Israel, mas a ONU, os EUA, toda a Europa, os países árabes.
 
Em todo esse embate, o Brasil esteve do lado certo da história, desde o início dessa recente investida militar, na busca da promoção da paz e articulação da comunidade internacional em prol da solução definitiva do conflito.

 



Fonte: da Redação JF com informações de Global Research, Patria Latina, Haaretz, Reuters e Canal Arte da Guerra





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