LOJAS RENNER - Resultado 3º Trimestre/2022
Neutro; Frio fora de época e aumento da inadimplência prejudicaram o resultado
04.11.2022
por Georgia Jorge, CNPI-P
O resultado do 3T22 divulgado pela Lojas Renner foi neutro, em nossa visão. Na comparação anual, observamos um incremento de vendas, diante da normalização das atividades nos últimos 12 meses após as circunstâncias enfrentadas por ocasião do Covid-19 em 2021.
Contudo, entendemos que o cenário vivenciado pelo setor de vestuário no terceiro trimestre foi mais adverso do que projetávamos, o que implicou em maiores desafios à Lojas Renner e em um resultado menos “empolgante”.
Desempenho das Ações.
Os papéis LREN3 acumulam alta de 27,1% em 2022 até 03.11, ocupando posição de destaque em um ano em que o setor de varejo enfrentou um cenário bastante desafiador, com a escalada da inflação e consequente alta de juros para contê-la.
Ao nosso ver, dado o bom histórico de execução da Lojas Renner, que se destaca entre seus pares no setor de vestuário, combinado com a sua exposição a um setor varejista mais sensível à renda do que ao crédito, entendemos que a companhia deve seguir no radar dos investidores.
Por essa razão, mantemos nossa recomendação de Compra e preço-alvo 2023e em R$ 39,80.
Desempenho econômico-financeiro
No que se refere à operação de varejo, a receita líquida atingiu R$ 2,6 bilhões, alta de 10,4% a/a e -1,4% r/e. Apesar de as vendas terem vindo em linha com as nossas estimativas, esperávamos um SSS (vendas mesmas lojas) 3,4 p.p. superior ao registrado, com a contribuição das novas lojas atenuando a performance das lojas já existentes.
Da mesma forma, a margem bruta deste trimestre veio 2,5 p.p. aquém às nossas projeções, apesar de mostrar uma evolução na comparação anual (+50 bps a/a) e na direção dos patamares observados pré-pandemia.
Por fim, a margem EBITDA Ajustada da operação de varejo atingiu 16,8%, o que representou um ganho de 1,6 p.p. a/a e -0,3 p.p. r/e. Apesar da elevação das despesas gerais e administrativas como percentual da receita líquida em cerca de 270 bps, a maior diluição das despesas com vendas permitiu o ganho de margem observado.
Já no que se refere à operação de produtos e serviços financeiros (“PSF”), observamos um crescimento de 46,1% a/a da receita líquida (-1,2% r/e) e uma queda expressiva da rentabilidade desse negócios (-24,5 p.p. a/a) – o que já era esperado – diante da elevação do custo do funding, bem como da elevação das provisões com o crescimento da carteira de crédito e o aumento da inadimplência, que se encontra em patamares historicamente altos. Nesse cenário, a margem EBITDA ajustada de PSF veio em 5,2%, 60 bps inferior às nossas estimativas.
No consolidado, houve crescimento de receita (+14,9% a/a) e elevação de margem bruta (+1,2 p.p. a/a), mas queda de 140 bps a/a na margem EBITDA Ajustada. O lucro líquido, por sua vez, somou R$ 258 milhões, alta de 51,7% a/a e 13,9% acima das nossas estimativas, beneficiado por despesas financeiras e imposto de renda e contribuição social inferiores às projetadas.
No que se refere à alavancagem financeira, a companhia finalizou o trimestre com um endividamento bruto de R$ 3,4 bilhões, praticamente estável na comparação anual, e uma posição de caixa de R$ 4,4 bilhões, o que a coloca em uma posição de caixa líquido equivalente a 0,4 vezes o EBITDA dos últimos 12 meses, posição ainda bastante confortável para seguir investindo no seu crescimento de longo prazo.
Acerca dos investimentos, o Capex do trimestre totalizou R$ 264 milhões ou 8,7% da receita consolidada do período, ante 6,2% no 3T21. Referidos recursos foram distribuídos entre abertura (~22%) e reforma (~20%) de lojas, TI (~51%) e centro de distribuição e outros (~7%).
Por fim, quanto ao fluxo de caixa operacional, a Renner registrou a geração de caixa operacional em R$ 306 milhões, mais do que o suficiente para fazer frente ao fluxo de caixa para as atividades de investimentos do trimestre que foram de R$ 279,4 milhões.
CONFIRA no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por
por Georgia Jorge, CNPI-P