Seguro da débàcle ucraniana, Washington recomenda negociação com a Russia. Mas, Zelensky impõe à Rússia condições irrealísticas e empurra seu país à devastação
Autoridades dos EUA já alertaram o governo ucraniano em particular que ele precisa sinalizar uma abertura para negociar com a Rússia, divulgou o Washington Post.
Autoridades em Washington alertaram que o "cansaço da Ucrânia" entre os aliados pode piorar se Kiev continuar a ser fechada às negociações, informou o Washington Post. Autoridades dos EUA disseram ao jornal que a posição da Ucrânia sobre as negociações com a Rússia está se esgotando entre os aliados que estão preocupados com os efeitos econômicos de uma guerra prolongada.
Rato ruge apanhando: condições inaceitáveis
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse, por sua vez, que a Ucrânia só está preparada para entrar em negociações com a Rússia (1º) se suas tropas russas deixarem todas as partes da Ucrânia, incluindo a Crimeia e as áreas orientais dos Donbas, de fato controladas pela Rússia desde 2014, e (2º) se os russos que cometeram crimes na Ucrânia forem julgados.
Zelenskiy também deixou claro que (3º) não realizaria negociações com a atual liderança russa. No mês passado, ele assinou um decreto especificando que a Ucrânia só negociaria com um presidente russo que vier a suceder Vladimir Putin.
Fluxo de recursos e de materiais bélicos dos aliados
Até agora, os EUA deram à Ucrânia US$ 18,9 bilhões (£ 16,6 bilhões) em ajuda e estão prontos para dar mais, dizendo que apoiarão a Ucrânia pelo tempo que for necessário. No entanto, aliados na Europa, África e América Latina declararam ao Washington Post que estão preocupados com a tensão que a guerra está colocando nos preços de energia e alimentos, bem como nas cadeias de suprimentos.
"A fadiga da Ucrânia é uma coisa real para alguns de nossos parceiros",
disse um funcionário dos EUA. Autoridades dos EUA pediram que Kyiv sinalize sua abertura para negociar, não para empurrar a Ucrânia para a mesa de negociações de imediato, mas para manter o apoio de aliados preocupados, de acordo com o Post.
Para as autoridades ucranianas, o pedido dos EUA significaria renegar vários meses de retórica sobre a necessidade de uma derrota militar decisiva contra a Rússia, a fim de garantir a segurança da Ucrânia a longo prazo – uma mensagem que ressoa fortemente com a população ucraniana que teme que a Rússia só tente novamente capturar o país no futuro.
As atrocidades, mortes e destruição causadas pela invasão russa tornaram as negociações impalatáveis para muitos ucranianos, particularmente porque o clima na Ucrânia é flutuante, após uma série de sucessos no campo de batalha no nordeste de Kharkiv e no sul das regiões de Kherson.
Pressões de Washington
Apesar da forte retórica, perder o apoio aliado pode ter repercussões para a Ucrânia, particularmente em termos de sanções. O diplomata veterano Alexander Vershbow disse ao Post que "se as condições se tornarem mais propícias para as negociações, não acho que a administração [dos EUA] será passiva".
Autoridades russas disseram que Kyiv está se preparando para tentar uma segunda ofensiva para retomar mais da região ocupada de Kherson. Recapturá-la teria imenso valor simbólico e logístico para a Ucrânia, pois a Rússia quer que a área garanta um abastecimento de água para a Crimeia, bem como uma ponte terrestre para a Rússia. Em uma declaração no Telegram, a administração de Kherson controlada pela Rússia disse que o fornecimento de eletricidade e água caiu depois que um "ataque terrorista" danificou três linhas de energia na parte ocupada da região.
O oficial russo de Kherson, Kirill Stemousov, disse na 5ª feira que as forças russas provavelmente se retirariam para a margem leste da cidade, depois que as autoridades ocupantes retiraram a bandeira russa do prédio da administração regional e supostamente se mudaram para um escritório na margem leste.
Os eventos, que se seguiram a uma evacuação em massa de Kherson ocupada, provocaram rumores de que os russos poderiam estar se retirando.
No entanto, as forças russas têm reforçado suas posições e a porta-voz do comando sul da Ucrânia, Natalia Humeniuk, descreveu como um ardil para atrair a Ucrânia para a batalha. Relatórios recentes daBBCde campo de batalha do lado ucraniano da linha de frente de Kherson, indicam que as forças de Kyiv ainda podem não ter o equipamento necessário.
No primeiro mês da guerra, a Ucrânia e a Rússia realizaram conversações nas quais a Ucrânia prometeu que permaneceria neutra em troca do retorno de seus territórios.
Mas a Rússia pediu que a Ucrânia reconhecesse seus territórios anexados e a "desmilitarização" e a "desnazificação" da Ucrânia – termos que a Ucrânia e seus aliados ocidentais não levem a sério.
Reiterando sua posição na 6ª feira, 04.11, Zelenskiy descreveu a disposição da Rússia de deixar tantos homens russos morrerem na guerra como "teimosia insana", que ele disse indicar que sua suposta prontidão para negociar era "falsa".
Os EUA disseram que, por enquanto, concordam com a posição da Ucrânia. Um funcionário dos EUA falando à Reuters sobre o relatório disse:
"O Kremlin continua a escalar esta guerra. O Kremlin demonstrou sua relutância em se envolver seriamente nas negociações desde antes mesmo de lançar sua invasão em larga escala à Ucrânia."
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