Presidente Gustavo Petro e General Laura G. Richardson
Brasil deve temer força militar de Colômbia e EUA na Amazônia?
03.11.2022
O presidente colombiano, Gustavo Petro, quer uma aliança com o Brasil de Lula para proteção da Amazônia. A Colômbia, no entanto, formou uma força militar conjunta com os EUA, em setembro/2021, para atuar na floresta, gerando preocupação entre diplomatas e membros das Forças Armadas do Brasil.
Na 2ª feira, 31.10, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, conversou com o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre o futuro das relações bilaterais. Segundo o mandatário colombiano, os presidentes unirão esforços para a defesa da Amazônia.
"Conversei por telefone com o presidente Lula. Expressei minhas mais sinceras felicitações".
"As relações entre Colômbia e Brasil serão estreitas, porque ambos amamos a Amazônia', Lula me disse. Assim será, presidente",
escreveu Gustavo Petro.
[Apesar da retórica politicamente correta]NRJF, Petro aposta em uma aliança militar com os EUA [sob a alegação]NRJF de reforçar a vigilância na floresta.
[Contudo]NRJF, em setembro/2021, o mandatário colombiano recebeu a chefe do Comando Sul dos EUA, general Laura J. Richardson, em reunião a portas fechadas na capital, Bogotá. Após o encontro, Petro relatou ter proposto aos EUA a formação de uma força militar conjunta para atuar na Amazônia.
"Propus para a general o estabelecimento de uma força militar, que segundo ela já tem um esboço no Brasil, com helicópteros etc, destinada a apagar incêndios na selva amazônica, que é o principal problema de segurança da Humanidade hoje",
disse o presidente da Colômbia, conforme reportou o jornal El País.
[Embora o governo dos EUA possa estar muito interessado na materialização do projeto de Gustavo Petro, a cautela da general Laura Richardson ao tratar a temática, relatando que o Brasil tem equipamentos e programa para a proteção da Amazônia, parece ter sinalizado que o tema deveria ser tratado preliminarmente pela Colômbia com as novas autoridades do Brasil.]NRJF
Em 26 de outubro [o comprometimento do governo dos EUA com a proposta de Petro pareceu confirmado]NRJF por meio da entrega de 12 helicópteros Sikorsky UH-60 Black Hawk à Colômbia, para atuar na Amazônia. Alguns helicópteros já foram entregues, e serão rebatizados por Gustavo Petro de "frota das araras".
"Vamos chamá-los de 'as araras' e vamos pintá-los como araras. 'A frota das araras' é uma espécie de reivindicação humana do habitat das lindas araras que estão se extinguindo",
disse {bucolicamente] Petro durante a cerimônia de entrega dos helicópteros Back Hawks.
Durante a entrega, o embaixador dos EUA na Colômbia, Francisco Palmieri, declarou que essa é a primeira frota do mundo focada na proteção do meio ambiente, reportou o jornal El Colombiano.
O diretor da Polícia Nacional da Colômbia, Henry Sanabria, no entanto, revelou que a frota terá outras funções além da simples preservação ambiental, como evacuação de populações ribeirinhas em caso de necessidade, informou o braço informacional do Comando Militar do Sul dos EUA, o portal Diálogo Américas.
Preocupações no Brasil
A entrada de equipamentos e pessoal militar dos EUA preocupa diplomatas e analistas de defesa no Brasil. Em outubro passado, o embaixador aposentado Rubens Barbosa publicou um artigo no jornal Estado de São Paulo, denunciando a iniciativa colombiana como nociva aos interesses brasileiros.
"A iniciativa colombiana de chamar a OTAN e os EUA para ter presença na Amazônia deve ser vista com cautela, mas, do ponto de vista do Brasil, se confirmada, é de extrema gravidade por suas possíveis implicações estratégicas, ambientais, políticas e de defesa",
acredita Barbosa.
Segundo ele, a atitude colombiana pode tocar em dois temas sensíveis para as Forças Armadas e para o Itamaraty, a saber, "a internacionalização da Amazônia e a criação de bases militares de países de fora da região em países vizinhos".
O embaixador ainda lembra que o contexto atual gera apreensão, uma vez que há intenção "dos EUA de retomar sua influência no Hemisfério Ocidental, ante a presença crescente da China e da Rússia na América do Sul, em uma espécie de ressurreição da Doutrina Monroe".
A "liderança natural" do Brasil poderá ser um contrapeso necessário para a atuação dos EUA na Amazônia sob o guarda-chuva colombiano.
Nesta 2ª feira, 31.11, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, conversou com o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a futura cooperação bilateral. Antes disso, a Colômbia inaugurou, em setembro2021, Força Militar conjunta com os EUA para atuação na Amazônia.
Confira em SPUTNIK BRASIL a íntegra da matéria original
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NOTA DA REDAÇÃO JF
Há uma outra forma de ver a jogada de Gustavo Petro. O fato concreto é que o governo norte-americano está entregando 12 helicópteros Sicorsky UH-60 Black Hawk às forças armadas da Colômbia. Trata-se de helicoptero multifuncional. Pode servir ao transporte de pessoal, de cargas, ao resgate de soldados e pessoas etc. Mas, armado, também tem sido muito utilizado em conflitos, inclusive com misseis guiados. Tão impressionantes são esses helicópteros que já foram vendidos 5.000 deles a diversos países e 03 desses helicopteros foram utilizados pelas forças especiais dos EUA na operação de assassinato Hosama Bim Laden, no Paquistão.
Importante saber que o governo norte-americano tradicionalmente trata com grande cautela a distribuição armas entre os países latino-americanos. A razão alegada é a busca de evitar corrida armamentista.
Antes da Segunda Grande Guerra, por exemplo, o governo Vargas. no Brasil, solicitava ao governo norte-americano a venda de cruzadores e não era atendido, sob alegação não provocar uma corrida armamentista entre Argentina e Brasil
No caso da visita da general Laura G. Richardson à Colômbia e a entrega de 12 helicopteros Scicorsky UH-60 Black Hawk top de linha, destinados a compor uma certa "Frota das Araras" (1º) a retórica bucólica do presidente Gustavo Petro, acima relatada, além da (2º) reunião ter ocorrido a portas fechadas e (3º) ser de conhecimento generalizado da comunidade internacional que a Nação Brasileira não aspira abrir mão da soberania sobre a Amazônia, ao contrário, todos esses fatores parecem indicar a camuflagem de objetivos militares na compra dos helicópteros norte-americanos no estado da arte -- com a apresentação de supostas finalidades preservacionistas e ambientais -- para pouparem-se, EUA e Colômbia, de reclamações da Venezuela de planos norte-americanos de invasão do território venezuelano para derrubada do governo Maduro e apossamento das cobiçadas reservas de petróleo venezuelanas, as maiores de todo o planeta.