No domingo Giorgia Meloni foi empossada no cargo de primeira ministra da Itália e apresenta seu plano de governo nesta 3ª feira.
3ª feira, 25 de outubro
A nova primeira-ministra italiana Giorgia Meloni apresenta seu discurso de política geral ao Parlamento nesta 3ª feira, 25 de outubro, um mês após a histórica vitória de seu partido pós-fascista Fratelli d'Italia nas eleições legislativas.
Provavelmente focado na crise energética e na inflação que afeta famílias e empresas, o discurso de Giorgia Meloni, a primeira mulher chefe de governo da história italiana, que tomou posse no último domingo, 23.10.2022, será seguido pela solicitação de um voto de confiança à e na Câmara dos Deputados, na noite desta 3ª feira, 25.10, e outro voto, no Senado, na 4ª feira, 25.10. Ganhará os dois votos de confiança, pois sua coalizão com a Liga Anti-Migrantes de Matteo Salvini e o partido conservador Forza Italia, de Silvio Berlusconi, tem maioria absoluta em ambas as câmaras.
Paradoxalmente, enquanto seu partido havia se firmado em uma oposição frontal ao governo de Mario Draghi, seu programa deverá alinhar-se no campo econômico com o do ex-chefe do BCE Banco Central Europeu. E de fato ela confiou a pasta da Economia a um ex-ministro de Mario Draghi, Giancarlo Giorgetti, representante da ala moderada da Liga. Ela também escolheu Roberto Cingolani como conselheiro na sede do governo, que foi ministro de Transição Ecológica de Draghi, que acompanhou questões energéticas tanto em Roma quanto em Bruxelas."
Na política econômica, há apoio popular geral na Itália para o que Draghi estava fazendo",
disse à AFP Gilles Moëc, economista-chefe da AXA.
Essas nomeações visam tranquilizar os mercados, bem como Bruxelas e parceiros europeus na terceira maior economia da zona do euro, cujo crescimento depende dos quase 200 bilhões de euros em subvenções e empréstimos concedidos pela União Europeia como parte de seu fundo de recuperação pós-pandemia.
Esses recursos dependem de uma série de reformas, que vão da justiça à digitalização da administração pública, a serem implementadas até 2026. A coalizão de Meloni prometeu rever o plano, mas ainda não disse como, e como alguns dos fundos já foram desembolsados, Bruxelas dificilmente permitirá grandes mudanças.
"Qualquer estratégia de tensão com a Comissão Europeia realmente tentaria o diabo em um ambiente financeiro muito pouco promissível",
disse Gilles Moëc.
Dívida Pública de 150% do PIB
Essa queda é de fato essencial para um país cuja dívida atinge 150% do PIB, a maior relação na zona do euro depois da Grécia, e que deve entrar em recessão em 2023, de acordo com previsões do FMI.
Os muitos desafios enfrentados por seu governo são, portanto, essencialmente econômicos, começando pela inflação e pela dívida pública. A inflação aumentou para 8,9% ao ano em setembro, impulsionada pelo aumento dos preços dos alimentos (+11,4%) e dos preços da energia (+44,5%), penalizando famílias e empresas.
A Itália tem sido particularmente duramente atingida pela crise energética devido à sua dependência das importações russas de gás.
Entre os outros temas que podem ser abordados em seu discurso está a abolição da "renda da cidadania", renda mínima para os mais pobres que foi introduzida em 2019 por instigação do Movimento 5 Estrelas (ex-anti-sistema).
Por outro lado, Giorgia Meloni, uma ultraconservadors cujo lema é "Deus, pátria, família", prometeu não tocar na lei que autoriza o aborto.
Confira em LE FIGARO a íntegra da matéria original, em francês.