Rishi Sunak, oficialmente nomeado Primeiro-Ministro nesta 3ª feira
Por Arnaud de la Grange
Neto de imigrantes de origem indiana, Rishi Sunak sucede Liz Truss e faz história ao se tornar o primeiro não-branco a liderar o governo do Reino Unido. Ele pediu unidade na frente dos parlamentares do Partido Conservador.
Mesmo antes de tomar seu primeiro ato como chefe de governo, Rishi Sunak já marcou a história britânica. Aos 42 anos, tornou-se o primeiro-ministro mais jovem que o país já conheceu. Acima de tudo, como todas as notas da imprensa, ele se tornará o primeiro apresentador "não branco" de Downing Street.
O caminho para o poder foi aberto na noite de domingo, 23.10, quando Boris Johnson (BoJo) jogou a toalha na corrida relâmpago pela liderança do Partido Conservador. O ex-primeiro-ministro garantiu retirar-se por causa da unidade do partido, mas declarou que tinha 102 votos em apoio para competir, ainda que apenas cerca de cinquenta apoiadores declararam publicamente. Ex-apoiadores de BoJo virado a casa para Sunak.
Com Johnson fora da corrida, sobrou Penny Mordaunt. Até o último momento, ela aguentou. Antes de retirar alguns minutos antes do encerramento das inscrições, no início da tarde desta 2ª feira, 24.10. Ela tinha obtido apenas 90 patrocínios e acabou por pedir unidade do partido Conservador em torno de Rish Sunak.
Como único candidato, Sunak foi automaticamente "coroado", e os 170.000 membros do partido não precisaram ser consultados. Assim, nesta 3ª feira, o rei Carlos III pedirá, pela primeira vez, a um líder do partido para formar um governo.
'Profundos desafios econômicos'
O homem que se tornará primeiro-ministro - o quinto em seis anos, desde o referendo do Brexit - disse algumas palavras na sede do Partido Conservador em Londres. Rishi Sunak prometeu servir com "integridade e humildade", uma crítica ao método de Johnson. E disse que estava honrado em poder "dar algo em retorno a um país ao qual ele deve tanto".
No entanto, ele não escondeu as dificuldades do caminho, apontando para "profundos desafios econômicos" e prometendo "estabilidade". O outro grande desafio será apaziguar um Partido Conservador minado por ambições pessoais e ideologicamente fraturado, sem ser capaz de se recuperar das rachaduras do Brexit. "É a unidade ou morte", disse ele aos parlamentares, dizendo que o partido estava enfrentando uma verdadeira "crise existencial" após doze anos no poder.
Oposição interna insidiosa
O risco para Sunak é enfrentar rapidamente a insidiosa oposição interna. Os legalistas de Johnson não o perdoam por derrubar o primeiro-ministro lançando a valsa das renúncias em julho de 2021. E esta estranha eleição interna de um candidato será uma fraqueza das primeiras dificuldades, Sunak arriscando ser desafiado sua legitimidade.
Este já é o argumento da oposição trabalhista, que exige eleições antecipadas. De acordo com os deputados tory, Sunak descartou essa opção na segunda-feira, uma postura lógica à medida que a diferença ampliada nas pesquisas pelos trabalhistas (cerca de 30 pontos) sugere uma derrota esmagadora para os conservadores.
Encorajador, no entanto, para Sunak, ele agora é "mais popular entre os membros do Partido Conservador do que durante a campanha de verão", de acordo com John Curtice, professor de ciência política na Universidade de Strathclyde.
'Consertando a economia'
Considerado ortodoxo no campo fiscal, Sunak prometeu 2ª feira "consertar a economia". O ex-chanceler havia sido criticado por ter feito os maiores aumentos de impostos em décadas, a fim de colocar ordem nas finanças públicas, prejudicadas pela pandemia. Ele sempre terá essa tarefa no coração e, portanto, deve manter o novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, na mesma linha que ele.
Os mercados reagiram positivamente à vitória desse perfil tranquilizador. Mas sua missão será dura, já que o país luta contra uma grave crise de custo de vida com inflação que ultrapassou a marca de 10%.
A base do partido também está esperando por ele na questão da imigração. Londres até agora tem lutado para reduzir o número de migrantes que cruzam ilegalmente o Canal da Mancha, mais de 37.500 neste ano, um número recorde. Sunak apoiou o plano do governo de enviar de volta solicitantes de asilo que chegaram ilegalmente ao Ruanda, um plano que foi bloqueado por meses por desafios legais. Por outro lado, poderia ser mais flexível nos vistos de trabalho, enquanto o Reino Unido enfrenta uma escassez de mão-de-obra.
Apesar de sua desistência nesta competição, Boris Johnson permanece em emboscada e espera um dia ser chamado de salvador. No domingo, ele disse que estava "bem posicionado" para liderar seu time à vitória em dois anos.
União Europeia e imigração
Além dessas prioridades econômicas, Sunak terá de avançar nas relações com a União Europeia - incluindo a questão espinhosa do protocolo da Irlanda do Norte - um assunto sobre o qual ele é creditado como mais realista e flexível do que seus antecessores. No entanto, ele expressou seu apoio a um projeto de lei que permite reverter unilateralmente algumas medidas fundamentais do acordo do Brexit e denunciado por Bruxelas.
Recomendamos que confira em LE FIGARO a íntegra da matéria, em francês.
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