Imagem icônica de protesto pré-revolucionário da população chilena, em outubro de 2019
Chile em plebiscito neste domingo para decidir se adota nova Constituição
A população chilena vai às urnas neste domingo, 04.09, para votar o plebiscito que decide se o país irá ou não adotar a nova Constituição, em substituição àquela criada pela ditadura de Augusto Pinochet, em vigor desde os anos 80.
O texto da nova Constituição proposta levou um ano para ser elaborado, e é fruto das manifestações que varreram o Chile desde 14.10.2019, quando a população protestou por mais saúde, educação e o fim da privatização das águas que impedia que o pleno acesso ao recurso.
Em resposta aos protestos, o então presidente do Chile Sebastián Piñera, decretou estado de emergência e, insensível e inoportuno, autorizou carabineiros a repressão violenta contra o povo chileno nas ruas de que resultaram 19 mortes, em números oficiais, dezenos de pessoas cegas pelos tiros de borracha em seus olhos, alem de centenas de prisões. Estúpido, não parou por aí: fez um pronunciamento atiçou ainda mais a população às ruas.
"Estamos em guerra contra um inimigo poderoso e implacável, que não respeita nada ou ninguém e que está disposto a usar a violência sem limites, mesmo quando isso significa a perda de vidas humanas, com o único objetivo de causar o máximo de dano possível",
afirmou Piñera, uma mas maiores senão a maior fortuna do país.
As manifestações continuaram e com um público que beirou 1,5 milhão de chilenos nas ruas de Santiago. E, os protestos que tiveram início na capital, estenderam-se a outras cidades.
Buscando acalmar os manifestantes, Piñera demitiu 08 de seus 24 ministros e convocou um plebiscito para a população decidir sobre a elaboração de uma nova constituição. O plebiscito foi realizado em outubro de 2020, e votaram em favor da elaboração de uma nova Constituição oito entre cada dez chilenos habilitados legalmente a votar.
A nova Constituição proposta foi aprovada em julho últmo por Gabriel Boric, o novo presidente chileno. Entre as principais mudanças propostas pelo texto está a ampliação do papel do Estado na maior provisão de serviços como saúde e educação.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo instituto chileno Cadem, não há consenso da população em relação à nova Constituição proposta, o que abre margem para a rejeição do texto.
Em um levantamento feito pelo instituto, 37% dos entrevistados afirmaram aprovar a nova Constituição, enquanto 46% reprovaram o texto e 17% não responderam ou não souberam opinar.
O resultado da votação está previsto para ser divulgado algumas horas após o pleito, que encerra às 18h (22h em Brasília).