Fed dos EUA atinge mercados asiáticos
Os comentários do presidente Powell, sugerindo mais aumentos na taxa básica de juros, desencadearam uma 'nova carnificina' nos mercados japonês, coreano e outros asiáticos
por Andre Salmon
A tempestade levou um fim de semana para cruzar o Pacífico, mas chegou ao continente: na última 2ª feira, 29.08, em que os mercados asiáticos foram atingidos pela mesma tempestade que afligiu os mercados dos EUA na 6ª feira, 26.08
Naquele dia, o presidente do Federal Reserve dos EUA, Jerome Powell, havia deslocado as placas tectônicas em um discurso altamente antecipado aos banqueiros centrais em Jackson Hole, Wyoming, onde sinalizou aos mercados que o Fed continuaria aumentando as taxas de juros.
"Restaurar a estabilidade de preços provavelmente exigirá a manutenção de uma postura política restritiva por algum tempo",
disse Powell na reunião de sexta-feira , com a presença de formuladores de políticas seniores.
“O registro histórico adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política.”
Powell foi criticado por responder tarde demais aos dados de inflação; alguns críticos acreditam que ele agora está se equilibrando demais na direção oposta. Essas críticas levaram a diferenças entre os observadores do mercado sobre como o Fed deveria – ou deveria – se mover.
Os dados de inflação e empregos dos EUA em julho mostraram melhorias, levando a algumas expectativas de que o Fed possa relaxar em agosto. As expectativas dos especialistas eram mais ou menos iguais sobre para que lado ele pularia.
No caso, foram as esperanças do otimista que foram frustradas. Powell “foi para a jugular, transmitindo (um) ataque inflexível à inflação”, disse Vishnu Varathan, chefe de economia e estratégia do Mizuho Bank.
Os investidores temem que, se o crescimento econômico vacilar, as taxas de juros mais altas aumentarão a probabilidade de uma tão temida recessão nos EUA.
Isso, juntamente com uma China em desaceleração e em confinamento e os impactos contínuos da guerra na Ucrânia, teriam consequências globais terríveis. Que há dor por vir é evidente: o próprio Powell admitiu que as medidas do Fed para conter a inflação doméstica, de fato, custariam às famílias e empresas americanas.
A conversa do presidente do Fed levou os dois principais conselhos de Nova York a uma queda de 3% naquela 6ª feira. Os resultados subsequentes após o fim de semana foram amplamente previstos.
Powell era "realmente hawkish", alertou o Business Times gerente de fundos da Straits Investment Holdings em Cingapura, Manish Bhargava, antes da abertura dos mercados na 2ª feira, 29.08. Ele previu “muito vermelho na 2ª feira” na Ásia, à medida que o dinheiro saía dos mercados orientais.
Com o dólar americano atingindo máximas de 20 anos em relação a outras moedas importantes na segunda-feira , tanto as ações quanto as moedas do Japão e da Coreia do Sul, duas potências manufatureiras extremamente sensíveis aos movimentos globais e especialmente dos EUA, foram atingidas após um dia de negociação volátil.
O Nikkei do Japão fechou em queda de 2,66% na 2ª feira , enquanto a placa principal KOSPI de referência da Coreia do Sul caiu 2,18% na 2ª feira, 29.08.
O iene enfraqueceu de 137,7 na abertura dos negócios para 138,75 no fechamento. A fofoca do mercado é que o iene atingirá o nível 140 em setembro. O dólar subiu 10% este ano, enquanto o iene caiu 16%, colocando-o na parte inferior das moedas do G10 e com o Banco do Japão ainda em modo de flexibilização.
O won sul-coreano caiu para 1.350 em relação ao dólar americano, antes de se recuperar (apenas) para 1.349.
Essa foi uma linha vermelha psicológica: foi a primeira vez que o won caiu abaixo do nível 1.340 nas negociações intradiárias desde abril de 2009 .
Em Seul, o vice-ministro das Finanças Bang Ki-sun sugeriu que ele e seus colegas estavam tendo a coceira intervencionista.
"Como o mercado financeiro da Coréia do Sul está profundamente ligado aos movimentos nos EUA e em outros grandes mercados, há necessidade de monitoramento e respostas próximas",
disse ele hoje, segundo a Yonhap News.
Mas Seul esteve em modo de aperto durante todo o ano. Perguntas maiores pairam sobre Pequim e Tóquio, que estão no caminho oposto.
“O Banco do Japão e o Banco Popular da China são os dois únicos grandes bancos centrais que não estão em uma parte de aperto do ciclo”,
observou o FX News hoje.
“Picos de quarenta anos na inflação são o gatilho para taxas mais altas em outros lugares.”
A publicação de dados atualizados de emprego e inflação precederá a próxima reunião de definição de taxas do Fed em setembro.
CONFIRA em ASIA TIMES a íntegra da matéria.
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