UCRÂNIA - Situação em 26.08.2022 - Highlights e Crônica
Uwe Parpart
Asia Times
> O Instituto Kiel para a Economia Mundial IfW (Institut für Weltwirtschaft), o mais influente think tank econômico da Alemanha, dirige um Rastreador de Apoio à Ucrânia. O IfW informa que "a ajuda recém-comprometida para a Ucrânia caiu para quase zero em julho".
> Comentando o anúncio de que o gasoduto Nord Stream 1 seria fechado por três dias de manutenção, o chefe do Bundesbank (banco central alemão), Joachim Nagel, disse que a inflação alemã pode ultrapassar 10% neste outono.
> O preço do gás natural atingiu uma alta recorde de US$ 310, mais de 17 vezes superior a média de 2003-2020 de US$ 18. Putin agora recolhe a mesma quantia de dinheiro por apenas 1/17 avos (=5,88%) do volume físico de gás vendido em 2020. A conta corrente russa, diz a Bloomberg, é forte o suficiente para Moscou desligar a Europa de seu gás por um ano.
> O comandante-em-chefe das forças armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, afirmou que "quase 9.000" soldados ucranianos morreram na guerra até agora. No início de junho, Oleksii Arestovych, do Gabinete do Presidente da Ucrânia, disse que o Exército ucraniano havia sofrido 10.000 mortos em ação (KIA).
> O think tank norte-americano ISW (Institute for the Study of War) e o MI6 britânico continuam a prever "culminação" e "exaustão" da ofensiva russa em Donbas. A evidência? Progresso lento [da ação militar].
> Observável nos relatórios do Estado-Maior da Ucrânia, é evidente o lento mas constante avanço das tropas terrestres russas, alternando-se com enormes barragens de artilharia, que superam as forças ucranianas por pelo menos cinco tiros para cada tiro ao longo da linha de frente de 1200 quilômetros.
> A Newsweek informa uma estimativa do coronel aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Mark Cancian, de que o fornecimento, à Ucrânia, de mísseis HIMARS pelos EUA, será esgotado nos próximos 03 a 04 meses. Cancian é conselheiro sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
> O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reiterou em 24.08.2022 (Dia da Independência da Ucrânia), que a próxima ofensiva libertará Donbas e a Crimeia da dominação russa. Este último anúncio não continha uma data de conclusão.
Centro e Leste
Da linha de frente, de 1.200 quilômetros de comprimento, que chega de Kharkov, a nordeste, até a região de Kherson, no sudoeste, os compromissos mais ativos nos últimos meses foram de Izium e Sloviansk até Bakhmut; e mais ao sul perto de Avdivka, a oeste da cidade de Donetsk.
Mais recentemente, a atividade dianteira russa aumentou ao longo de uma linha de Marinka ao sul de Donetsk através de Vuhledar até o rio Dnepr ao sul da cidade de Zaporizhia.
Na área a sudeste de Izium, em direção a Sloviansk, e mais ao leste, perto de Siversk, as forças terrestres russas estão diariamente sondando dezenas de aldeias, apenas para recuar novamente e atingir a área com fogo pesado de artilharia.
Mais ao sul, as forças russas estão pressionando Soledar e as bordas de Bakhmut. Ao redor de Donetsk, as forças russas estão lentamente saindo de Pisky e indo para noroeste, para Pervomaiske, ao longo da rodovia M-04.
Mais ao sudoeste, há atividade ao longo da linha de contato de Vuhledar para Velyka Novosilka. Os padrões são idênticos: sondagens com pequenos grupos de soldados, seguidas de fogo em massa de artilharia.
Sul
Na região sul de Kherson, a ser libertada até setembro, segundo o presidente Zelensky, ainda não há evidências de uma ofensiva ucraniana.
As forças russas realizaram sondagems na direção de Mykolaiv, seguidas de fogo de artilharia. Os ataques aéreo e de artilharia continuaram contra posições ucranianas na ponte do rio Inhulets (cerca de 72 quilômetros a nordeste de Kherson).
Por sua vez, as forças ucranianas continuam a realizar ataques de artilharia de longo alcance (principalmente HIMARS) contra linhas de comunicação russas e novamente atacaram a Ponte Kakhovka através do rio Dnepr.
Avaliação
A base para o argumento de culminação incansavelmente avançada pelo Ministério da Defesa britânico, MI6 e o think tank norte-americano ISW está principalmente no lento movimento dos russos após seus sucessos em tomar Sievierodonetsk e Lysychansk.
Por que Siversk, Sloviansk, Kramatorsk e Bakhmut ainda não caíram? E as posições fortificadas ucranianas em Avdivka?
Um oficial de inteligência militar americano aponta para precedentes históricos para tal estranha hesitação por parte das forças russas nos últimos dois meses.
Ele cita a observação de BH Liddell Hart a respeito do comportamento intrigante dos russos na Segunda Guerra Mundial, após a vitória crítica em Kursk: O avanço das forças russas foi muito lento e nunca foi capaz de explorar decisivamente buracos óbvios na linha alemã. Mas, os sucessos russos continuaram chegando e a liderança do Exército Vermelho nunca arriscou ou incorreu em grande perda ou movimento grande de flanqueamento como havia acontecido no início da Operação Barbarossa da Alemanha.
É uma observação válida e importante. A corrida inicial russa em Kiev foi claramente baseada em informações defeituosas inspirando avanços desleixados do tipo Blitzkrieg sem um backup logístico aprofundado.
Era o oposto da doutrina das "operações profundas", que havia sido desenvolvida pelo marechal russo Mikhail Tukhachevsky, antes da Segunda Guerra Mundial e antes de seu expurgo político por Joseph Stalin em 1937. Embora Tukhachevsky não tenha sobrevivido, sua doutrina sobreviveu: após as derrotas iniciais em 1941, Stalin deu crédito a essa doutrina e permitiu que seus generais a executassem.
Em um modo ofensivo, "operações profundas" exigem ações de ataque sobre uma frente muito ampla – sustentada pelo princípio da simultaneidade alcançada pela criação da maior área de contato possível, a fim de forçar o inimigo a renunciar à profundidade tática. O modo russo, depois de Kursk, era sondar e atacar em uma frente ampla com força de armas combinadas.
As sondas seriam exploratórias, mas difíceis o suficiente para serem defendidas e estabelecer uma taxa de atrito favorável e – em um dado momento – para alcançar a superioridade local. Este seria o momento e o lugar para implantar o "exército de choque", até agora mantido na reserva, mas, depois inserido na brecha, se seguiria um avanço operacional.
O Exército Vermelho, depois que Kursk, já dispunha tanto de mão-de-obra quanto de superioridade de poder de fogo; mas ainda faltava mobilidade para combater manobras inimigas rápidas de flanqueamento tático. Proceder lentamente e metodicamente foi a resposta tática apropriada.
Parece e soa familiar. É importante ressaltar que, ao contrário do Exército Vermelho em 1943, atualmente as forças russas também desfrutam da superioridade aérea total virtual. Nestas circunstâncias, uma significativa massa de forças pelos ucranianos para uma ofensiva inovadora seria uma missão tola.
Esbarraria na mesma devastadora armadilha de operações profundas que os generais alemães Erich von Manstein e Guenther von Kluge.
Artigos sobre Franchising e Mercados, Economia, Finanças e Gestão
Artículos en espanhol
Articles en français
Articles in English
Colunistas
Artes, Cultura e Variedades
Feiras e Eventos
Responsabilidade Sócio-Ambiental
Economia e Finanças
Política
Internacional
Meio Ambiente
Empresas Fornecedoras
