Campos Neto e Paulo Guedes, co-responsáveis pelo estrago na economia brasileira nos últimos anos
EDITORIAL - E Campos Neto defende juros altos na Câmara.
Despreparo, Falta de Senso da Realidade ou Camuflagem ?
Pronunciamento de Roberto Campos Neto enaltece a primazia do BC em subir os juros básicos da economia, antes de outros países ... como se não estivessem derrubando vendas e expectativas de lucros das empresas que operam no varejo, com efeito devastador, no curto prazo e médio prazo, em toda cadeia produtiva ... E, pior ! ... sob o diagnóstico oportunisticamente equivocado de o País estar enfrentando inflação de demanda, um absurdo teórico que somente seria aceitável sair da cabeça de um técnico em contabilidade, não de um economista ... mas, que favorece a banqueirada escroque que comanda a economia do País ...
Roberto Campos Neto, presidente do BC, compareceu a audiência pública promovida pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, nesta 3ª feira, 31.05. Em seu pronunciamento, mencionou a previsão do BC de crescimento do PIB em 1,0% em 2022; e também as previsões de instituições financeiras que, segundo ele, situam-se entre 1,5% a 2%. Campos Neto citou como indicativo da recuperação da economia a reação nos setores de serviços, e de comércio e em parte da indústria.
Essas informações trazidas por Campos Neto e sua perspectiva otimista não são compartilhadas por economistas que operam no mercado financeiro na análise dos resultados trimestrais publicados por empresas que têm papéis negociados na bolsa B3 de São Paulo. Confira AQUI.
Campos Neto alegou que a pandemia de covid-19 resultou em aumento na demanda por bens, tendência que se manteve mesmo após o arrefecimento da pandemia. Maior demanda por energia, com manutenção de baixo investimento no setor, isso teria ajudado na manutenção da inflação global.
A primariedade dessa alegação está em que, na realidade, o projeto de privatização da Petrobras e seu objetivo governamental de favorecimento de seus acionistas, têm empurrado para cima, desde o governo Temer, em 2017, os preços dos combustíveis, algo que, de forma devastadora, opera a expansão inflacionária e a inviabilização da atividade econômica no País.
Acrescente-se a isso a quebra das cadeias produtivas promovida pela Pandemia, desde seu início; e, desde favereiro último, pelo conflito entre Ucrânia e Rússia e a ação norte-americana de bloqueio das vendas de gás e petróleo pela Rússia, ação que impulsionou preços desses combustíveis no mercado internacional.
Qualquer primeiro-anista de cursos de economia saberá que essas anomalias políticas jamais serão revertidas, mitigadas ou neutralizadas pela política de juros altos que o BC criminosamente pratica contra os empregos da população e o desenvolviemnto econômico do País.
O panorama internacional é bastante complicado, é verdade. Há uma guerra em curso entre dois países europeus, alimentada pelos EUA que persegue declaradamente sua estratégia de instigar a Rússia e impedir que Zelensky negocie um cessar fogo. O enfraquecimento e a destruição que a Rússia promove das forças armadas ucranianas está a estimular a Polônia a ocupar o oeste da Ucrânia, região de grande fertilidade do solo, cujo território já foi polonês. O governo da Bielorussia (Belarus) está alerta quanto a isso e já coloca suas forças em prontidão para impedir que a Polônia tome o oeste da Ucrânia, possivelmente para a própria Bielorussia fazê-lo primeiro.
Enquanto isso, Suécia, Finlândia e Dinamarca fazem consultas e decidem internamente sua entrada na Otan, ao tempo que o governo russo promete "operações militares especiais" para impedir que isso aconteça, semelhantes à que promove na Ucrânia.
Nesses dias, diante da iminência de guerra generalizada, a China volta a se abastecer intensamente de petróleo e o preço do Brent fechou em US$116,08/barril, neste 31.05, registrando expansão de 9,04% em maio. Há forte expectativa de que possa alcançar US$150 em poucas semanas; e, US$ 300 antes do ano.
E, é claro, mantido o sistema atual de reajuste do preço dos combustíveis tocado pela Petrobras, o preço do diesel e da gasolina irá certamente às alturas.
A tensão se acentua na Europa, a partir (1) da imposição norte-americana de boicote ao gás russo; (2) da disposição de Biden de até bombardear os gasodutos NordStream I e II; (3) do efeito devastador que isso traria notadamente à economia alemã, mas também à francesa; (4) da escassez internacional de alimentos proclamada por António Guterrez, secretário-geral da ONU (Confira AQUI).
Ao manipular a OTAN contra a Rússia, Biden promoveu a guerra por procuração que assistimos, desorganizou economicamente a Europa e poderá expandir o conflito ora ainda localizado. Alem disso, o desespero de Biden em sua luta para não emplacar uma nova derrota fatal nas próximas eleições, à medida que o relatório russo e o pedido chinês de explicações apresentados ao Conselho de Segurança da ONU, a respeito dos 30 laboratórios de bio-armas mantidos pelo Pentágono na Ucrânia, passaram a ser objeto de investigação pelo sub-secretário da ONU para assuntos de armas proibidas, para desespero também do secretário de Defesa, chefe do Pentágono, o general aposentado Lloyd Austin. (Confira AQUI)
Diante desse quadro internacional extremamente aflitivo, que comporta inclusive risco sistêmico, os bancos centrais em todo o planeta, articulados pelo BIS Banco de Compensações Internacionais, servem-se da ascenção dos juros básicos para proporcionar receitas adicionais ao sistema bancário, a partir do giro da dívida publica dos países; e, com isso, garantir-lhes rentabilidade e solidez aos bancos frente á gravidade do período.
Assim, sob a retórica de combate à inflação, destinada a tornar mais palatável o sacrifício imposto à sociedade e ao setor produtivo, os bancos centrais -- que em muitos países são organizações privadas, como o é o próprio BIS -- valem-se dos recursos públicos disponíveis, no caso brasileiro, no próprio BC independente e no Tesouro Nacional, para dar suporte aos bancos. Isso mesmo, a medida de elevação de juros básicos da economia, a Selic, não tem efeito algum sobre a inflação, que permanecerá sendo impulsionada pela política de reajuste de preços dos combustíveis autorizada pelo inerte Palácio do Planalto.
Favores aos bancos ? Não terá sido a primeira vez: à chegada da covid-19, o mesmo Campos Neto liberou R$ 1,5 bilhão aos bancos.
Quosque tandem abutere patientia nosta ?