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Editorial

16 de Fevereiro de 2022 as 03:02:54



EDITORIAL - Na Guerra a Primeira Vítima é a Verdade


EDITORIAL
Na Guerra, a Primeira Vítima é a Verdade
 
A cada dia, em fakenews cínicas, o governo estadunidense alimenta conflito bélico que mantem ativo e esperançoso o complexo industrial-militar densamente representado nas duas casas do Capitólio, o congresso norte-americano.
 
Alimentando fakenews em sua árdua luta para cacifar mais uma guerra que favoreça alta lucratividade ao complexo industrial-militar norte-americano, o governo dos EUA apelou para que seus cidadãos abandonem de imediato a Bielorrússia, alegando receio de invasão russa do território ucraniano, tal como fez na semana passada, com relação aos cidadãos e diplomatas estadunidenses residentes na Ucrânia.
 
Por meio de nota à imprensa, na noite de 14.02.2022, o governo de Washington alertou para suposta tensão crescente e "situação imprevisível" pelo "aumento pouco habitual e preocupante relacionado a atividade militar russa", negados veementemente pelo Kremlin. Um jogo de surdos.
 
Não há novidade em se considerar a atuação do governo estadunidense como voltada criar uma guerra por procuração contra a Rússia, envolvendo a Ucrânia como 'bucha de canhão'. E a histeria de Joe Biden deve-se, não somente a defesa de interesse do complexo industrial-militar imperial, mas também à busca de recompor sua imagem machucada pelas mazelas americanas no Afeganistão, uma delas, o bloqueio bancário de US$ 7 bilhões de propriedade daquele país, cuja população passa fome.
 
Nesse momento, as forças norte-americanas estão vindo de alguns grandes fracassos militares, ao custo de alguns trilhões de dólares ao povo dos EUA: os casos do Afeganistão, da Síria e do Iraque.
 
No caso do Afeganistão, a memória imediata nos leva à ocupação estadunidense -- por 20 longos anos --, e destruição desse país, com base em argumento inverídico de que ali estariam localizados os autores e a organização responsável pelo atentado às Torres Gêmeas, em Nova Iorque: a Al-Qaeda (lê-se Alcaida), abrigada pelo Talibã.
 
A realidade desmente essa versão oficial americana: o atentado foi organizado pelo líder da Al-Qaeda Khalid Sheikh Mohammed na Alemanha. E a invasão do Afeganistão está na realidade associada ao interesse dos EUA na implantação de um gasoduto para suprimento de gás natural à Europa, passando no percurso pela Síria, com o objetivo de derrubar a hegemonia russa no fornecimento de gás natural aos europeus. 
 
O Afeganistão possui reservas estimadas em 140 bilhões de m³ de gás natural, paraíso de recursos energéticos, também possui reservas estimadas em cerca de 400 milhões de toneladas de carvão. Como se não bastasse, além de cobre, ferro e bauxita, o Afeganistão é rico em lítio e terras raras, minerais essenciais que países como os EUA e China disputam para capitanear a transição do planeta para economia limpa de alta tecnologia.
 
No caso da Síria, os serviços de inteligência dos EUA estiveram envolvidos na concepção e deflagração de um movimento destinado a derrubar o governo do presidente Bashar-al-Assad, aliado de Vladimir Putin e garantidor de uma base aérea militar russa na cidade síria de Hmeimein, a beira do Mar Mediterrâneo.
 
Em episódios que passaram a ser conhecidos pela mídia como ‘Primaveras Árabes’, que assolaram países do norte da África e do Oriente Médio, a CIA insuflou esses movimentos sob a retórica de destinarem-se a retirar ditadores do poder e estabelecer eleições livres e regimes democráticos. Acontecidos entre 2010 e 2011, esses movimentos foram mostrando sua face real: a derrubada de governos poucos amistosos aos interesses geopolíticos e econômico-financeiros norte-americanos.
 
No caso sírio, a CIA mobilizou e armou tropas do Estado Islâmico (Isis) e do Exército Curdo, que passaram a combater as tropas leais ao presidente sírio eleito Bashar-al-Assad, ambos os grupos interessados em apropriarem-se de parcelas do território sírio para constituírem seus países.
 
No caso do povo Curdo, nação sem solo pátrio, distribuída em territórios da Turquia e do Iraque, seu interesse nessa guerra fora obter partes dos territórios da Sírio, do Iraque e da Turquia para constituir seu país; enquanto no caso do Isis, o interesse é por parte dos territórios da Síria e do Iraque.
 
Na Síria, a movimentação dos EUA contra o presidente Bashar-al-Assad e sua substituição por um governo filo-americano destinavam-se, na realidade, a alcançar dois objetivos: o primeiro, a utilização do território sírio para passagem do gasoduto para a Europa, inclusive incorporando gás natural também a ser extraído do território sírio. O segundo, a desativação da base aérea militar russa no Mediterrâneo, instalada em território sírio.
 
Quando presidente dos EUA, Barac Obama determinou a retirada das tropas americanas da Síria. Quando o fez, as forças russas entraram em combate direto para apoiar as forças de Bashar-al-Assad; e, literalmente, dizimaram, de cidade em cidade, os terroristas do Estado Islâmico (Isis), que continuavam contando com apoio da inteligência e de materiais bélicos norte-americanos e da Arábia Saudita.
 
Inviabilizaram a instalação do gasoduto planejado pelos EUA esses dois fracassos norte-americanos: na Síria, onde o presidente Bashar-al-Assad permanece no cargo e com o controle de cerca de 97% do território do país; e no Afeganistão, onde o Talibã literalmente expulsou as tropas americanas e retornou ao poder.
 
Além disso, o governo russo também saiu fortalecido por evidenciar prontidão e eficácia militar de suas tropas e de sua força aérea; e, principalmente, por ter logrado manter sua base militar na Síria com acesso ao Mediterrâneo, além de ter assegurado o fornecimento de gás natural russo à Europa.
 
Como se não bastassem aos EUA tais fracassos, o caso do Iraque não foi diferente. Após décadas de ocupação militar -- lastreada na mentira da existência e guarda de armas químicas por Saddam Hussein --, de destruição da infra-estrutura do país, de semi-destruição de sua organização social e política, e de apossamento dos poços de petróleo iraquianos por empresas americanas e britânicas, a terceira maior reserva mundial de petróleo do planeta, as tropas americanas estão, nesse momento, sendo enxotadas pelo governo iraquiano, atacadas por milicias e enxovalhadas pela população, tornando-se ali insustentável sua permanência.
 
Em janeiro de 2020, o parlamento do Iraque aprovou resolução que exige que todas as forças dos EUA deixem o país, mas, neste fevereiro de 2022 ainda restam cerca de 2.500 soldados americanos no Iraque, com funções de "aconselhar, ajudar e capacitar" forças de segurança iraquianas, cuja presença é reconhecida não por poucos políticos iraquianos como fator de desestabilização do país e que tem incentivado a ação de grupos guerrilheiros, como o Daesh e algumas milícias, dentre elas as FMP Forças de Mobilização Popular.
 
A situação das tropas norte-americanas na região é irregular e, até, vergonhosa. Pois, Trump determinou o retorno de tropas americanas aos EUA; e Biden as fez retornar à Síria, sob a justificativa de proteger, contra ataques do ISIS, os poços de petróleo na região mais produtiva da Síria. Ali elas roubam cerca de 150.000 barris diários de petróleo sírio e também caminhões com cereais, e, em uma rota sob seu controle, transportam-nos até o Iraque, onde vendem a atravessadores no mercado negro.
 
Não são poucos os analistas internacionais que avaliam que se reduziram em muito os espaços no planeta para essa modalidade de "rapinagem de recursos naturais e energéticos de outros países" pelos EUA. Esse quadro de decadência moral, ética e econômica norte-americana, além de deslealdade com parceiros imperiais, configura perspectivas de rentabilidade futura pouco favoráveis ao complexo industrial-militar norte-americano.
 
Desse modo, assumem importância vital para a geopolítica e para a economia norte americana a corrida armamentista em curso no planeta e os embates que a propulsionam, envolvendo a modernização e o reaparelhamento das forças armadas dos países do Extremo Oriente e da Australásia, da Europa Ocidental e Oriental e da América Latina.
 
Articulada a Casa Branca e o Capitólio com o complexo industrial-militar talvez o mais importante segmento da economia e da política americana, desse panorama resultam sanções econômicas, retaliações comerciais e perseguições aos países, às empresas e às pessoas que deixam de preferir caças e sistemas de defesa aérea, armamentos, mísseis, veículos de combate e main battle tanks e produtos norte-americanos, em prol de materiais bélicos e equipamentos franceses, russos, turcos, chineses etc.
 
Esse panorama conta também com outro importante fator: os EUA tornaram-se, desde o governo Obama, o maior produtor mundial de petróleo e de gás natural, mais do que a Arábia Saudita e também a Rússia. E pretendem tornar-se os maiores exportadores mundiais de gás natural. Embora não contem atualmente com infraestrutura e navios de transporte suficientes para tal, seu objetivo claro é substituir a Rússia no fornecimento de gás natural aos países europeus, nem que para isso todo um país seja destruído, a Ucrânia, e o mundo viva sob ameaça de de uma ampla guerra e de um desastre nuclear. 
 
Assim, a incursão da OTAN, esta marionete americana, sobre a Ucrânia, não se trata, em absoluto, de defesa da democracia entre nações, mas de preservar a hegemonia norte-americana. A Ucrânia está sendo empurrada para uma guerra que irá destruí-la, como foram destruídos o Iraque, a Síria, o Líbano e outros países usados como peões no jogo da busca de perenidade da decadente hegemonia americana.
 
Importante mencionar, que a venda de petróleo e gás natural pela Rússia foi determinante, nos últimos 30 anos, para a recuperação da economia russa e de seu poderio bélico fantástico e ultra-moderno.
 
A Ucrânia é peça importante do quebra-cabeça geopolítico. A ânsia norte-americana e a histeria de Joe Biden por uma guerra entre Rússia e Ucrânia está no fato de que tal guerra viabilizaria politicamente a inutilização do gasoduto russo recém concluído NordStream II e, até, o cancelamento do gasoduto NordStream I, com que a Rússia supre parcela expressiva da demanda de gás européia, atualmente responsável pelo fornecimento de 40% do gás natural consumido na Europa. 
 
Além disso, permitiria, contra os interesses russos e também de países europeus, notadamente a Alemanha e a França, a expulsão da Rússia do sistema de pagamentos Swift, talvez a mais importante das sanções econômicas norte-americanas, pois poderia inviabilizar negócios internacionais da Rússia e seu acesso a bens essenciais e a tecnologias, isolá-la e deter seu avanço na vanguarda tecnológica militar, área que já posicionou os EUA uma década atrás da Rússia.
 
Mais que simples embate em prol da democracia entre nações -- algo totalmente falso --, conflito militar ou guerra comercial simples, o que assistimos hoje na Europa Oriental é um jogo destinado a garantir aos EUA o suprimento de gás natural aos países europeus, a expulsão da Rússia desse mercado e do sistema financeiro internacional, a redução à míngua dos recursos financeiros que têm lastreado o poderio militar russo e a resiliência econômica, os esgares, as convulsões e os espasmos de um império decadente, economicamente falido e com uma dívida pública que já supera  US$ 30 trilhões, impagável, prestes a perder os benefícios da senhoriagem proporcionados pelo dólar, como moeda internacionalmente conversível – que lhe tem garantido a rolagem dessa dívida --, perdedor de sua capacidade industrial à China, tecnologicamente inferior em tecnologias militares de vanguarda, todos esses elementos imprescindíveis a sua permanência como potência hegemônica, em um mundo que já adentrou a multipolaridade.
 
 
CONFIRA TAMBÉM:
 
a)  CRISE UCRANIANA , Mais um Fracasso de Joe Biden [Clique AQUI]
 
b)  FAKENEWS de BIDEN a serviço do Giro da Dívida Americana [Clique AQUI]
 


Fonte: DA REDAÇÃO JF





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