Home   |   Expediente   |   Publicidade   |   Cadastre-se   |   Fale Conosco             

Economia e Finanças

03 de Abril de 2013 as 02:04:45



AVENIDA PAULISTA-II - FIESP: Do Malogro ao Ataque


por Wilson R Correa

 
A FIESP manifestou preocupação, nesta 3ª feira, 02.04, com o resultado do desempenho da indústria nacional em fevereiro, divulgado pelo IBGE. Houve a maior queda de produção dos últimos quatro anos.
 
“Iniciamos o ano prevendo crescimento da indústria em 2,5%, e do PIB [Produto Interno Bruto] em 3%. Com estes primeiros dados, sabemos que o desempenho industrial será menor. Se não houver mudanças na política econômica, vamos enfrentar grandes dificuldades em 2013”,
declarou Paulo Skaf, presidente da FIESP.
 
Assim, ao invés de explicar o porquê da inoperância do setor industrial brasileiro, presidente da FIESP apenas reproduziu informações dadas pelo IBGE sobre a queda de 2,5% da produção industrial em fevereiro. Tirou o peso dos ombros e jogou a culpa no Estado.
 
Mais Desonerações Fiscais
 
Sem explicitar publicamente quais seriam tais problemas e sem elencar a demanda do setor industrial brasileiro ao governo federal, a FIESP espera a desistência do Ministério da Fazenda de eliminar as desonerações fiscais que vigoraram até dezembro/2012 e que entraram em um regime de queda paulatina até o zeramento.
 
Em 30.03, o Ministério da Fazenda prorrogou. até 31.12.2013, as alícotas reduzidas  de IPI para automóveis e caminhões. O pleito da FIESP é o de que essa medida seja estendida a outros setores da indústria.  
 
Os indicadores políticos apontam no sentido da concessão ser feita, pois a expectativa do Secretário do Tesouro Nacional é de que haja crescimento da receita do governo em 2013. Arno Augustin, em entrevista à Agência Brasil, datada de 29.01, as estimativas de desonerações fiscais previstas para 2013 já totalizam R$85 bilhões. 
 
Na mesma ocasião a Secretaria da Receita Federal havia estimado em R$ 93,2 bilhões as desonerações fiscais, números gigantescos que, por si só, explicam o modo não explícito utilizado pelo presidente da FIESP para reivindicar ainda maiores benefícios em desonerações fiscais.

Desvalorização cambial e crédito à exportação
 
A despeito da crise de pessimismo dos últimos três meses, as tais expectativas negativas, estão dadas as condições para a retomada do desenvolvimento. 
 
Na frente cambial, a cotação do Real sofreu grande desvalorização, o que recuperou um pouco da competitividade perdida em 2012, com a grande valorização do Real frente ao Dólar americano. 
 
O empresariado brasileiro dispõe de linhas especiais de crédito à exportação a juros favorecidos, as barreiras burocráticas foram extintas para viabilizar a rápida operacionalização de exportações e continuam a existir benefícios fiscais à exportação. Atualmente o crédito empresarial existe e está disponível às empresas, seja para capital de giro, seja para capital de investimento.
 
Desoneração da Folha e Unificação do ICMS
 
Na frente tributária,  não é pouco a desoneração da folha de pagamento de cerca de 40 setores da indústria. É inegavel que este é um elemento importante para determinar ganhos de competitividade. 
 
Não é pouco também a equiparação ICMS entre os estados, em 4%, por iniciativa do Governo Federal. Enviado ao Congresso Nacional o dispositivo legal, fruto de intensa negociação pelo Ministério da Fazenda com as Secretarias de Fazenda Estaduais, em 28.12.2012, a bola está com o Legislativo.  Essas discussões vêm desde o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República.
 
Derrota da FEBRABAN
 
Também não é pouco a queda dos juros obtida pelo Governo Federal em embate com a FEBRABAN, em 2012.  E também a nova regulamentação para o sistema portuário, criada pelo Governo Federal.
 
Nada disso é pouco, ao contrário, estão sendo eliminados entraves de há muitas décadas. Muito de petulância e pouco de racionalidade nas críticas. 
 
Eufemismo para Desemprego
 
Na realidade, neste momento a responsabilidade cabe ao empresariado, a quem cabe realizar seu dever de casa em prol da retomada do crescimento.
 
A incorporação de tecnologias mais avançadas é o caminho na direção da almejada melhoria da produtividade que proporciona ganhos de competitividade. O caminho é voltar a investir para que os ganhos tecnológicos possam otimizar a mão de obra e melhorar a produtividade e a competitividade. O crédito mais barato foi condição criada pelo governo para viabilizar esse avanço.
 
É inaceitável reclamar da baixa produtividade da mão de obra brasileira, a nova frente de luta do empresariado, sustentada pelos economistas dos grandes bancos e das empresas de consultoria, inclusive internacionais. Trata-se de eufemístico empregado para reivindicar a redução de salários e benefícios trabalhistas, como mecanismo único para obtenção de maior rentabilidade empresarial.
 
A 82,5% de utilização da capacidade instalada da indústria, com espaços mercadológicos sendo ocupados por importações propiciadas pela elevação da renda das famílias, o empresariado industrial não aumenta a produção deliberadamente, fundado em expectativas negativas por ele mesmo criadas.
 
Esse mecanismo tem sido empregado pelo empresariado norteamericano desde 2.007 e vem sendo defendido para emprego no Brasil. Lá, os ganhos de produtividade tornaram-se exponenciais, a partir de 2007, com a eclosão da crise, e o mecanismo utilizado foi a expansão da taxa de desemprego, que atingiu 12%, em números oficiais, e 18%, considerado o subemprego, no período de 2007 a 2009.
 
Em razão dessas mesmas expectativas, o empresariado brasileiro abandona a possibilidade de aumento de ganhos por escalas maiores de produção. Deixa de investir em padrões produtivos e gerenciais mais modernos, que poderiam elevar sua produtividade e competitividade, para fazer coro com os segmentos econômicos que preferem o rebaixamento salarial via pressão de algum nível de desemprego, de resultaria maior rentabilidade operacional sem elevação da atividade econômica.
 
E isso é inaceitável no design macroeconônico de um sistema em que a valorização do mercado interno é elemento determinante do sucesso do processo em curso de resgate da dívida social brasileira.
 
Manutenção das Medidas Macroprudenciais do Banco Central
 
Por isso, a importância das medidas macroprodenciais do Banco Central para conter o processo inflacionário: a retomada dos juros SELIC ascendentes conteria o mecanismo atual que impele o reticente empresariado industrial a investir na  modernização da indústria e na busca de melhorias de competitividade por avanços tecnológicos, ao invés de por redução de salários. 
 
O empresariado industrial hoje está em uma "sinuca de bico": ou ele investe para obter ganhos de produtividade e competitividade ou, se não o fizer, ele estrepa o País, desmoraliza-se e enfraquece como força política.
 
E o que ele faz? Escamoteia a responsabilidade, alega que o Estado é intrujão, que interfere indevidamente na esfera privada e "não faz a lição de casa". Assim, adia investimentos por meio da manipulação das expectativas econômicas: "não vamos investir pois as expectativas não são muito boas", seria o discurso. Assim, chantegeam o Estado para obter ainda mais benefícios na repartição dos recursos fiscais e da renda nacional. Não há novidades, essa história absolutamente não é nova.
 
A Real Base de Sustentação do Franchisng Brasileiro
 
Desnecessário mencionar aqui o quanto a política econômica brasileira de valorização do mercado interno é responsável diretamente pela grande expansão do franchising brasileiro.
 
Isso pode ser afirmado não somente porquanto tal política conduza a classe média brasileira a acreditar na possibilidade de negócio próprio e a nele investir as economias de uma vida, mas, principalmente, por política econômica ter tornado viável o surgimento e a ampliação de um grande mercado consumidor que oferece sustento a toda essa máquina, que é o franchising brasileiro.
 


Fonte: Wilson R Correa





Indique a um amigo     Imprimir     Comentar notícia

>> Últimos comentários

NOTÍCIAS DA FRANQUEADORA E EMPRESAS DO SEGMENTO


  Outras notícias.
SABESP - Vereadores de SP aprovam 1ª votação da Privatização 17/04/2024
SABESP - Vereadores de SP aprovam 1ª votação da Privatização
 
DÓLAR cai para R$ 5,24 em 17.04; IBOVESPA  cai a 124.171 pontos 17/04/2024
DÓLAR cai para R$ 5,24 em 17.04; IBOVESPA cai a 124.171 pontos
 
ISENÇÃO DE IR para quem ganha até 2 Salários Mínimos, Senado aprova o PL 17/04/2024
ISENÇÃO DE IR para quem ganha até 2 Salários Mínimos, Senado aprova o PL
 
PROJETO DA LDO 2025 mantém Meta de Déficit Zero para 2025 15/04/2024
PROJETO DA LDO 2025 mantém Meta de Déficit Zero para 2025
 
PROJETO DA LDO prevê Crescimento do PIB de 2,8% para 2025 15/04/2024
PROJETO DA LDO prevê Crescimento do PIB de 2,8% para 2025
 
PROJETO DA LDO propõe SALÁRIO MÍNIMO R$ 1.502 em 2025 ... 6,39% de aumento 15/04/2024
PROJETO DA LDO propõe SALÁRIO MÍNIMO R$ 1.502 em 2025 ... 6,39% de aumento
 
LDO - Projeto da LDO mantém Meta de Déficit Zero para 2025 15/04/2024
LDO - Projeto da LDO mantém Meta de Déficit Zero para 2025
 
DÓLAR sobe 1,24% a R$5,185 e IBOVESPA recua pela 4ª vez consecutiva 15/04/2024
DÓLAR sobe 1,24% a R$5,185 e IBOVESPA recua pela 4ª vez consecutiva
 
DÓLAR sobe a R$ 5,12 em 12.04; e IBOVESPA cai 1,14% com inflação nos EUA 12/04/2024
DÓLAR sobe a R$ 5,12 em 12.04; e IBOVESPA cai 1,14% com inflação nos EUA
 
BC teve Prejuízo de R$ 114,2 Bilhões em 2023 ... mesmo assim ... 12/04/2024
BC teve Prejuízo de R$ 114,2 Bilhões em 2023 ... mesmo assim ...
 
Escolha do Editor
Curtas & Palpites