Ghislaine Maxwell é considerada culpada em julgamento de tráfico sexual
A ex-socialite britânica Ghislaine Maxwell foi considerada culpada de tráfico sexual em seu julgamento no tribunal federal de Manhattan na tarde desta 4ª feira, 29.12.
Maxwell, 60 anos, foi presa em julho de 2020, acusada de envolvimento no abuso sexual do ex-namorado Jeffrey Epstein de adolescentes, alguns com apenas 14 anos.
Maxwell foi condenada em cinco das seis acusações que enfrentou. Além do (1) tráfico sexual, Maxwell foi considerada culpada de (2) conspiração para atrair indivíduos menores de 17 anos a viajar em comércio interestadual com a intenção de se envolver em atividade sexual ilegal, (3) conspiração para transportar indivíduos menores de 17 anos para viajar em comércio interestadual com a intenção de se envolver em atividade sexual ilegal; (4) transporte de indivíduo menor de 17 anos com intenção de praticar atividade sexual ilegal; e (5) conspiração para cometer tráfico sexual de indivíduos menores de 18 anos.
Maxwell foi considerado inocente de uma acusação: sedução de um indivíduo com menos de 17 anos para viajar com intenção de se envolver em atividade sexual ilegal. Os jurados chegaram ao veredicto após 40 horas de deliberações ao longo de seis dias.
Após o veredicto de culpado, Damian Williams, o advogado dos EUA em Manhattan, disse em um comunicado:
"Um júri unânime considerou Ghislaine Maxwell culpada de um dos piores crimes imagináveis: facilitar e participar do abuso sexual de crianças. Crimes que ela cometeu com seu parceiro de longa data e co-conspirador, Jeffrey Epstein."
"O caminho para a justiça tem sido muito longo. Mas, hoje, a justiça foi feita. Quero elogiar a bravura das meninas, agora mulheres adultas, que saíram das sombras e entraram no tribunal",
disse William também.
"Sua coragem e vontade de enfrentar seu agressor tornaram este caso, e o resultado de hoje, possível."
Como o veredicto foi lido, Maxwell parecia permanecer sem expressão e olhou para a frente. Quando a juíza Alison Nathan terminou de ler o veredicto, Maxwell encheu um copo com a água de uma garrafa a sua frente e tomou o líquido.
Nathan então perguntou aos jurados se o veredicto era unânime. Um microfone foi passado de jurado para jurado, que todos concordaram que era. Um dos advogados de Maxwell, Jeffrey Pagliuca, deu um tapinha nas costas de Maxwell.
Depois que Nathan dispensou o júri, outro dos advogados de Maxwell, Bobbi Sternheim, perguntou se o juiz poderia ajudar a arranjar para Maxwell obter uma injeção de reforço para Covid-19.
Quando Maxwell saiu do tribunal, ela olhou rapidamente para seus irmãos, que estavam sentados na primeira fila da galeria. Maxwell poderá enfrentar até 65 anos de prisão quando for sentenciada.
Epstein, um criminoso sexual condenado e suposto bilionário, considerou como comparsas o príncipe Andrew e os ex-presidentes Bill Clinton e Donald Trump, antes de cometer suicídio em uma prisão de Nova York, em 2019, cerca de um mês após sua prisão por tráfico sexual.
O veredicto marca uma conclusão dramática para um julgamento inesperadamente rápido: os procedimentos eram originalmente esperados para levar pelo menos seis semanas. Os promotores chamaram 24 testemunhas em 10 dias, e os advogados de defesa chamaram nove testemunhas em dois dias.
Os promotores disseram que Maxwell "caçava jovens vulneráveis, as manipulava e as servia para serem abusadas sexualmente" por Epstein. Havia quatro acusadores neste caso: Jane, Kate e Carolyn, que não usaram seus nomes completos, e Annie Farmer.
Jane testemunhou que ela tinha 14 anos em 1994, quando Epstein começou a abusar sexualmente dela – e que às vezes Maxwell estava presente durante esse abuso. Às vezes, Maxwell participava do abuso, disse Jane. "Havia mãos por toda parte", jane lembrou de um encontro com Epstein e Maxwell. Os abusos continuaram quando ela tinha 15 e 16 anos.
Kate testemunhou que conheceu Maxwell em Paris por volta de 1994, aos 17 anos. Maxwell estendeu um convite para um chá para sua casa em Londres pouco depois de se conhecerem, e apresentou Kate a Epstein em uma reunião subsequente.
Kate testemunhou que Maxwell a levou lá para cima, onde Epstein estava usando um roupão. Maxwell fechou a porta, deixando-os sozinhos; Epstein iniciou contato sexual. Kate viu Epstein algumas vezes por ano nos anos seguintes.
Carolyn disse que ela acabou na órbita de Maxwell e Epstein por volta do início dos anos 2000, quando ela tinha 14 anos, em sua mansão em Palm Beach.
Carolyn disse que foi à casa de Epstein "mais de 100 vezes" de 14 a 18 anos, e testemunhou sobre um encontro físico com Maxwell enquanto montava uma mesa de massagem.
"Eu estava ficando totalmente nua, e ela entrou e tocou meus peitos e meus quadris e minhas nádegas e disse ... que eu tinha um grande corpo para o Sr. Epstein e seus amigos. Ela só disse que eu tinha um bom tipo de corpo",
disse Carolyn.
Annie Farmer, a única acusadora a testemunhar com seu nome completo em vez de um pseudônimo ou primeiro nome, testemunhou que Maxwell lhe deu uma massagem nua quando ela tinha apenas 16 anos no rancho de Epstein no Novo México.
Farmer conheceu Epstein no final de 1995, quando ela viajou para visitar sua irmã, Maria, em Nova York. Maria trabalhou como pintora de belas artes para Epstein.
Na primavera de 1996, sua mãe informou a adolescente que ela estaria viajando para o rancho de Epstein, acreditando que era um retiro educacional para estudantes do ensino médio.
Annie não queria ir - Epstein tinha tocado sua mão quando eles foram ao cinemaem Nova York - mas se sentiu melhor sabendo que uma mulher, Maxwell, estaria lá.
Após uma excursão na cidade, Maxwell disse que ensinaria Annie a fazer massagem nos pés de Epstein. Então, Maxwell disse que queria que Annie tivesse a "experiência" de uma massagem profissional.
"Ela disse para tirar a roupa e ficar [debaixo] do lençol na mesa de massagem, e eu fiz", disse Annie, dizendo que uma mesa foi montada no quarto onde ela estava hospedada. "Ela puxou o lençol para baixo e expôs meus seios, e começou a esfregar no meu peito e no meu peito superior."
O veredicto significa que os jurados concordaram que Maxwell havia conspirado para atrair, e transportar, garotas para atividade sexual ilícita – e que ela havia conspirado para traficar sexo. Eles concordaram que Maxwell transportou Jane para atividade sexual ilegal. A contagem de tráfico sexual está especificamente relacionada com Carolyn.
Maxwell manteve sua inocência. Bobbi Sternheim, a principal defesa de Maxwell, disse fora do tribunal:
"Acreditamos firmemente na inocência de Ghislaine, obviamente. Estamos muito desapontados com o veredicto. Já começamos a trabalhar no recurso e estamos confiantes de que ela será vindicada. Todos sejam saudáveis, tenham um feliz ano novo."
O irmão de Maxwell, Kevin Maxwell, disse que a família acredita que ela será vindicada em recurso. "Acreditamos firmemente na inocência de nossa irmã", disse ele em uma declaração por escrito.
Reações transmitidas após o veredicto. Annie Farmer, que testemunhou no julgamento, disse:
"Estou tão aliviada e grata que o júri reconheceu o padrão de comportamento predatório em que Maxwell se envolveu por anos e a considerou culpada desses crimes ... Espero que este veredicto traga consolo a todos que precisam e demonstre que ninguém está acima da lei. Mesmo aqueles com grande poder e privilégio serão responsabilizados quando abusarem sexualmente e explorarem os jovens."
Virginia Giuffre, uma das acusadores mais proeminentes de Maxwell e Epstein, disse:
"Minha alma ansiava por justiça há anos e hoje o júri me deu exatamente isso. Lembrarei deste dia sempre. Tendo vivido com os horrores do abuso de Maxwell, meu coração vai para muitas outras meninas e jovens mulheres que sofreram em suas mãos e cujas vidas ela destruiu."
A data da sentença ainda não foi definida.
CONFIRA em THE GUARDIAN a íntegra da matéria em inglês. CLIQUE AQUI.
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