Os EUA negociam seu retorno ao Plano de Ação Conjunto Global, popularizado como Acordo Nuclear do Irã. assinado em 2015 por EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Alemanha, Irã e União Europeia -- e abandonado por Trump em 2018 --, para nele incluir, entre outras coisas, o desmantelamento da contrução de misseis e lançadores de misseis iranianos de longo e de médio alcance.
Mas, o irã nega-se a aceitar a alteração dos termos do Acordo original:
"Saiu do Acordo e quer voltar ? O Acordo é o mesmo, senão não tem acordo."
Em 2018, por iniciativa própria, os EUA abandonaram o Acordo nuclear do Irã, sob o governo de Donald Trump. A medida acabou sendo criticada tanto dentro quanto fora dos EUA e ocasionou várias ações do país persa que violavam os termos do acordo, como o enriquecimento de urânio acima do teto de 3,67%.
Denominado Plano de Ação Conjunto Global, o Acordo foi alcançado em 2015, com a participação dos EUA, Rússia, China, Reino Unido, França, Alemanha, Irã e União Europeia, para garantir que o Irãnão desenvolveria armas nucleares.
Contudo, segundo o professor de Relações Internacionais da ESPM de São Paulo, Gunther Rudzit, a saída dos EUA, foi uma iniciativa exclusiva do presidente Donald Trump.
“Essa retirada se deve a uma decisão única e exclusivamente do presidente Donald Trump. Porque, antes dele retirar os EUA do Acordo, tanto o Departamento de Estado, quanto, principalmente, o Departamento de Defesa, portanto, os diplomatas e os militares americanos, eles foram contra essa retirada, alegando que isso prejudicaria mais os interesses americanos do que traria benefícios”,
afirma Gunther Rudzit.
Agora, já na Sexta Rodada de Conversações ocorrendo na Europa, para retorno tanto dos EUA, quanto do Irã, os objetivos do presidente Biden seriam dois.
“O presidente Biden tem interesse em voltar ao Acordo, principalmente, por duas motivos: (1º) evitar uma corrida nuclear na região; e (2º) mais importante, evitar que Israel aça um ataque ao Irã, uma guerra ali na região. Ou, mesmo, uma corrida nuclear AL na região seria muito ruim para a estabilidade econômica não só na região, como no mundo como um todo.”
Da mesma forma, a Rússia não estaria interessada em ver o Irã detentor de armas nucleares. O evento poderia acarretar uma corrida nuclear próxima do território russo.
“Não é do interesse de ninguém ter essa corrida nuclear na região; não interessa à Russia porque isso criaria instabilidade em sua fronteira sul; e, principalmente, na Ásia Central, que a Rússia enxerga como sua área de influência. E isso levaria a um fortalecimento do Irã, Portanto, um aumento da influencia iraniana na Ásia Central, o que não interessa a Moscou. Assim, como à própria China, que ainda depende muito do petróleo do Irã, assim como da Arábia Saudita; e que portanto não quer ver uma escalada repentina do preço do Petróleo. Então, é do interesse de todos , até mesmo do próprio Irã, quer ver retirados todas as sanções estabelecdas pelos EUA, no momento que os efeitos da pandemia são ainda sentidos no mundo inteiro e também no Irã. O que chama mais atenção nas rodadas de sanções econômicas e militares colocadas pelos EUA contra o Irã, que foram aprovadas no Conselho de Segurança (da ONU), portanto com o aval da Rússia. Porque eu digo isso? Porque chama justamente atenção esse parceiro mais próximo desconfiar também das atitudes do Irã. Digo isso porque há muitas pessoas que acham que tudo isso é uma invenção americana. Ora, se foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, com a anuência de Rússia e China, os maiores parceiros iranianos, portanto, há essa preocupação justamente da Rússia, de não querer ver uma corrida nuclear em sua fronteira sul.”
Detalhando a saída dos EUA do Acordo, o Irã anunciou, seguidas vezes, medidas que violavam, entre elas o enriquecimento de urânio a 60%, taxa muito superior ao limite de 3,67% estabelecido pelo Acordo.
Todavia, o professor acredita que o Irã busque enriquecer urânio como parte de sua política de pressão, porque sabe o risco que poderá enfrentar caso tenha condições de produzir armas nucleares.
“O Irã sabe que se chegar ao limite que vier a desenvolver uma arma nuclear, poderá ser atacado; se não o for pelo governo americano, pelo governo israelense, que nos últimos meses vem aumentando o treinamento de sua fora aérea e novos equipamentos, na verdade, bombas que seriam capazes de destruir instalações subterrâneas. Então, é um jogo bastante perigoso, mas que eu vejo como dentro da negociação.“
Internamente, as sanções impostas ao Irã em função de sua política nuclear têm sido sentidas pelo lado econômico, gerando muita insatisfação de parte da população com o governo teocrático. Diante disso, o Irã buscaria em Acordo que trouxesse o fim total as sanções para atender as necessidades econômicas de sua população.
“Não vai ser tão fácil o Irã aceitar um acordo qualquer. Há sim a preocupação dos clérigos, dos religiosos que têm a palavra final no Irã. Todos esses acordos e negociações não ocorrem sem o consentimento do aiatolá Kamenei. O grande medo de Kamenei e de seus líderes religiosos, da cúpula religiosa do Irã, que é uma teocracia, que você tenha uma revolta muito grande dos jovens contra o regime iraniano, contra a estrutura do governo iraniano. E não podermos esquecer que esse é um país majoritariamente de jovens. E foram jovens que se rebelaram contra o Xá Rehza Pahlev, o que deu início à revolução iraniana. Então, há esse grande receio de que se a situação econômica não melhorar, principalmente o desemprego entre os jovens, que beira os 50%, isso possa levar à contestação do próprio regime político.
Fonte: SPUTNIK BRASIL. Matéria degravada pela REDAÇÃO JF.
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