Milhares de manifestantes saíram às ruas na tarde deste sábado,
para exigir impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
"Fora Bolsonaro" foi a expressão corrente.
Embora a manifestação estivesse programada para ocorrer a partir das 14h, na área do Museu da República, ponto inicial de encontro às 17h houve manifestantes ainda chegando. Eram estudantes, trabalhadores, funcionários públicos, sindicalistas. idosos, jovens, crianças, ciclistas, bebês em carinhos, cães e seus donos e até idoso com bengala, em um mar de cartazes com dizeres, tais como:
"Fora Bolsonaro", "Fora Genocida",
"Fora Bolsonaro e Mourão",
"Vacina no Braço, Comida no Prato",
"Impeachment Já",
"Não à Reforma Administrativa",
"Não às Privatizações",
"Lula Livre, Brasil Livre",
"Liberté, Egalitê, Jair, vá se fude",
"Por Vacina e Auxílio Emergencial de 1 Salário Mínimo",
"Fora todos os Golpistas",
"Lula Presidente",
"Fora Bozo",
"Mais de 596 mil mortos, Fora Bolsonaro",
"Não à privatização dos Correios e Eletrobras" e muitos outros.
Com os carros de som transmitindo discursos, cantorias e palavras de ordem das lideranças do PT Partido dos Trabalhadores, do PCO Partido da Causa Operária, Movimento dos Sem Teto, Movimento LGBT e outros, a multidão de manifestantes foi se deslocando em lenta caminhada, a partir do Museu da República, pelo lado da avenida em frente à Catedral de Brasilia, em direção aos prédios da Câmara dos Deputados e do Senado. Antes de alcançar os dois prédios, os carros de som e o público fizeram o contorno e iniciaram o retorno pelo outro lado da grande avenida da Esplanada dos Ministérios.
Os discursos e as cantorias animaram a multidão até a altura do Museu da República, onde começou a se dispersar, a partir das despedidas dos comandantes dos carros de som.
A manifestação transcorreu em plena paz, muita dança espontânea e confraternização, em calorosos abraços entre amigos que se reencontravam. A Policia Militar, desde o momento inicial, impediu que compusessem a marcha as pessoas que portavam bandeiras com longas hastes, pedindo-lhes que as quebrassem à altura do estritamente necessário para portá-las e deixassem com a PM a parte da haste retirada. A exceção foi o velhinho com a bengala, que não lhe foi retirada pela PM.
Em certo momento do percurso, gritos e correria de um quero-quero, uma pequena ave que bota ovos no chão, no meio da grama. O quero-quero correu daqui pr´ali, estrilou em postura de ataque para proteger seus três pequenos ovos, dos pés distraídos dos manifestantes. Um grupo deles formou de imediato um círculo de cerca de 8m de diâmetro, em torno do ninho, e a pequena ave pôde enfim sossegar.
Uma única ocorrência consternou alguns manifestantes: foi a movimentação de uma ambulância com a sirene e as luzes ligadas, transitando no meio da pista na contramão do percurso, em sentido oposto ao dos manifestantes e dos carros de som, por alguns poucos minutos. Alguns manifestantes reagiram dizendo: "Pr'a que isso ? Nem deve ter alguem precisando de atendimento médico dentro da ambulância. Está tudo tranquilo. Eita sô". Alguem mais compreensivo e apaziguador respondeu que a ambulância poderia estar dali saindo para realizar a retirada de algum acidentado em um outro local para algum hospital.
A manifestação terminou sem incidentes por volta as 18h30, com centenas se dirigindo tranquilamente às proximidades do Teatro Nacional de Brasilia, onde permaneciam estacionados automóveis e ônibus de excursões que os haviam trazido de diversas regiões do DF e de outras localidades.