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Economia e Finanças

Quinta-Feira, Dia 30 de Setembro de 2021 as 13:09:38



LEHMAN BROTHERS - Marco de Crise Global, quebra do grande banco completou 13 anos


A Crise do Subprime teve início oficial na falência do banco
Lehman Brothers, em 15.09.2008
 
O marco da crise financeira internacional deste século, a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, completou 13 anos em 15.09. Conhecida também como Crise do Subprime, em referência aos créditos de alto risco vinculados a imóveis, que foram concedidos em larga escala e de forma irracional por décadas, esse processo resultou na formação de uma bolha financeira que explodiu no quarto maior banco de investimentos norte-americano, que tinha 158 anos.
 
O colapso dos mercados mundiais naquele dia e pelas semanas seguintes foi tão grave que obrigou o FED Federal Reserve, o banco central dos EUA, e o BCE Banco Central Europeu, a injetar centenas de bilhões de dólares e euros no sistema financeiro.
 
A crise alastrou-se mundo afora e causou impactos sem precedentes em países como Grécia, Espanha, Irlanda, Islândia e Portugal. Em todo o planeta, mais de 400 milhões de pessoas ficaram desempregadas na pior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial, só comparável à quebra da Bolsa de Nova York, em 1929.
 
Os sinais dos problemas iniciaram-se em 2007, mas a crise dos subprime teve como início oficial a falência do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, quando a insolvência dos créditos imobiliários não pôde mais ser disfarçada e o FED não ajudou a instituição financeira.
 
Na época, as agências de classificação avaliavam com nota máxima (baixo risco) grande parte dos títulos de contratos de hipoteca dos tomadores subprime, desconsiderando a renda e a estabilidade dos mutuários.
 
As condições de geração da crise partiram de uma questão localizada, no sistema de hipoteca imobiliária dos EUA, segundo o economista Reinaldo Gonçalves, professor titular da UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro. No entanto, a globalização financeira elevou as consequências para uma escala planetária.
 
“Esses títulos ‘podres’ do subprime foram umas coisas mais inusitadas em 200 anos de história do sistema econômico moderno. Como a economia americana é o epicentro do sistema monetário e financeiro do planeta, os impactos foram extremos”,
 
explica o professor, em entrevista à Agência Brasil, concedida em 2018.
 
Professor de macroeconomia e economia internacional da UFF Universidade Federal Fluminense, André Nassif diz que a crise do subprime é inerente ao próprio capitalismo. Segundo ele, em épocas de crescimento, como nos anos 1990 e 2000, o mercado exagerou no otimismo e ignorou riscos.
 
“Dois anos antes do estouro da bolha, em 2006, o economista Nouriel Roubini [especialista em prever crises financeiras] havia detectado o excessivo endividamento das famílias norte-americanas e alertado para o estouro da bolha imobiliária, mas foi ignorado justamente porque a economia mundial vinha de um ciclo de 14 anos de expansão”,
 
recorda em entrevista à Agência Brasil, também concedida em 2018.
 
Injeções de dinheiro
 
Gonçalves lembra que, em 2009, por causa da intervenção estatal do governo norte-americano para salvar o sistema financeiro, o déficit público da maior economia do mundo subiu a 12% do PIB Produto Interno Público.
 
A dívida pública dos EUA saltou de 55% para 100% do PIB em pouco tempo. Os gastos públicos diretos, em programas de infraestrutura, de geração de empregos e de salvamento de grandes empresas, como a montadora General Motors, somaram cerca de US$ 750 bilhões.
 
Apesar do elevado volume em valores absolutos, Nassif, da UFF, classifica de tímido o aumento de gastos públicos.
 
“Para o tamanho do PIB dos EUA, esse volume [em torno de US$ 750 bilhões] não representou muito”,
 
analisa. Ele relembra que a principal contribuição para debelar a crise, no entanto, foram os quantitative easings, injeções de dinheiro pelo Banco Central dos EUA, que superaram US$ 10 trilhões. A medida foi repetida pelos bancos centrais Europeu, do Reino Unido e do Japão.
 
Segundo Nassif, embora os livros tradicionais de economia não recomendem o afrouxamento monetário em momentos de baixo crescimento e baixa inflação, a experiência dos EUA só deu certo porque o dólar, como a principal moeda internacional, melhorou a competitividade da economia norte-americana.
 
“Por causa da importância do dólar, as injeções de dólares vazaram para o sistema financeiro global, desvalorizando a moeda em todo o mundo e aumentando as exportações norte-americanas”,
 
explica.
 
Regulação
 
Paralelamente, o governo norte-americano reintroduziu a regulação do sistema financeiro, que tinha sido derrubada a partir dos anos 1980. Em 2010, o governo Barack Obama conseguiu a aprovação da Lei Dodd-Frank, que impôs obrigações às grandes instituições financeiras, como alocação de reservas para grandes crises e testes financeiros de resistência.
 
O ex-presidente, Donald Trump, tentou flexibilizar pontos da legislação sob o argumento de destravar o mercado de crédito no país, que ficou mais restrito desde então.
 
Segundo Nassif, a manutenção de travas que obriguem as instituições financeiras a adotarem medidas de prudência é essencial para que a especulação financeira não volte a produzir bolhas como a do subprime.
 
“Crises de estouro de bolhas especulativas ocorreram diversas vezes ao longo da história. Somente a regulação financeira é capaz de impedir a valorização de ativos descolada da realidade”,
 
ressalta.
 
Perspectivas
 
Com 4,2% de crescimento em ritmo anualizado em julho (quando o resultado de um mês é projetado para os 12 meses anteriores) e com desemprego atual em 3,9%, a economia dos EUA está plenamente recuperada da pior crise desde a Grande Depressão de 1929.
 
Nassif diz que a redução de impostos para empresas que entrou em vigor no ano passado turbinou a economia norte-americana. Ele, no entanto, acredita que o efeito durará pouco.
 
“Esse tipo de política, de desonerar grandes empresas para estimular a economia, é semelhante à praticada no Brasil no início desta década. Gera resultados no curto prazo, mas resulta em inflação e baixo crescimento no médio e no longo prazo porque estimula a demanda, enquanto os empresários entesouram [não gastam na produção] o que deixam de pagar de impostos”,
 
explica o professor da UFF.


Fonte: AGENCIA BRASIL.





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