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Internacional

12 de Agosto de 2021 as 01:08:16



BOMBAS NUCLEARES DE ISRAEL - EUA precisam começar a dizer a verdade


EUA precisa começar a dizer a verdade sobre as bombas nucleares de Israel
 
Peter Beinart
para o New York Times
 
Políticos americanos frequentemente advertem que se o Irã obter arma nuclear, provocará uma corrida nuclear em todo o Oriente Médio. Permitir que Teerã obtenha a bomba poderia "desencadear uma perigosa corrida armamentista na região"previu em março de 2020 o senador Robert Menendez, atual presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado.
 
Em uma entrevista em dezembro, o presidente eleito Joe Biden advertiu que se o Irã se tornar nuclear, a Arábia Saudita, a Turquia e o Egito também poderiam tornar-se, "e a última coisa que precisamos nessa parte do mundo é um acúmulo de capacidade nuclear".
 
Tais afirmações são tão costumeiras que é fácil ignorar seu artifício. Ao alertar que o Irã poderia tornar o Oriente Médio nuclear, políticos americanos consideram que neste momento a região está livre de armas nucleares. Mas, na verdade não está. Israel já tem armas nucleares. Você nunca saberia isso dos líderes americanos, que passaram o último meio século fingindo ignorância. Esse engano enfraquece o suposto compromisso dos EUA com a não proliferação nuclear; e distorce o debate americano sobre o Irã. É hora da administração Biden dizer a verdade.
 
As autoridades americanas começaram a esconder a verdade sobre armas nucleares israelenses depois que líderes israelenses esconderam a verdade delas. No início da década de 1960, escreve Avner Cohen em seu livro "The Worst Kept Secret", o primeiro-ministro David Ben-Gurion disse repetidamente ao presidente John F. Kennedy que o reator que Israel estava construindo no deserto da cidade de Dimona "era apenas para fins pacíficos".
 
Quando os EUA enviaram inspetores ao local, os israelenses inventaram um ardil bem elaborado, que incluía a construção de paredes falsas para esconder os elevadores que levavam a uma usina de reprocessamento subterrâneo. No final da década de 60 essa informação foi divulgada e a CIA concluiu que Israel já possuía ogivas nucleares.
 
Então Richard Nixon e a Primeira-Ministra Golda Meir criaram um acordo. Nem Israel nem os EUA reconheceriam que Israel tinha armas nucleares; e Washington não pressionaria Israel a submetê-las à supervisão internacional. Há 50 anos, os presidentes americanos cumpriram esse acordo. Estudiosos acreditam que quando Israel fez o teste de uma arma nuclear no Oceano Índico em 1979, a administração Carter encobriu o teste. Em 2009, quando um jornalista perguntou a Barack Obama se ele sabia de "qualquer país no Oriente Médio que tenha armas nucleares", Obama respondeu: "Não quero especular".
 
Fingir ignorância sobre armas nucleares israelenses zomba dos esforços dos EUA pela não-proliferação. Obama prometeu perseguir um mundo livre de armas nucleares. No entanto, para evitar a discussão pública sobre o arsenal de Israel, seu governo ajudou a bloquear uma conferência das Nações Unidas sobre uma zona livre de nucleares no Oriente Médio.
 
O governo Biden continua a impor sanções punitivas ao Irã na busca  de forçar seu governo a aceitar inspeções mais rigorosas do que as exigidas pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear. Enquanto isso, Israel, que nunca assinou o TNP, não permite nenhuma inspeção.
 
Essa hipocrisia leva muitos ao redor do mundo a sorrir quando diplomatas americanos afirmam estar defendendo a "ordem baseada em regras". Também capacita os iranianos a afirmarem que Teerã tem o direito de igualar seu rival regional.
 
Finalmente, o silêncio enganoso do governo americano impede debate mais honesto sobre perigos que uma arma nuclear iraniana representaria. Políticos americanos às vezes dizem que uma bomba iraniana representaria uma ameaça "existencial" a Israel. Essa é uma afirmação duvidosa, dado que Israel possui um impedimento nuclear que pode acionar no ar, na terra e no mar. Mas, muitos americanos acham a alegação plausível porque, de acordo com pesquisas recentes conduzidas por Shibley Telhami, da Universidade de Maryland, apenas 50% sabem que Israel tem armas nucleares. Uma porcentagem maior acha que Teerã está com a bomba.
 
Mesmo que uma bomba iraniana não ameaçasse existencialmente Israel, os EUA ainda deveriam trabalhar para evitar diplomaticamente todas as bombas. Com as negociações com Teerã em risco de colapso, o governo Biden deve comprometer-se a levantar as sanções que estão incapacitando a economia do Irã, em troca de limites verificáveis sobre a capacidade nuclear iraniana.
 
Mas se esses esforços falharem -- e o governo Biden enfrentar pressão para travar uma guerra em vez de permitir que o Irã ganhe a capacidade de construir uma arma nuclear -- é crucial que os americanos tenham informação sobre o risco que um Irã nuclear representa ao aliado mais próximo da América no Oriente Médio. Isso é mais difícil quando o governo americano nunca admite publicamente que Israel tem os meios para deter um ataque nuclear.
 
O governo Biden não vai forçar Israel a desistir de suas armas nucleares. Mas isso não significa que deve minar a credibilidade global da América e enganar seu povo negando a realidade. Talvez uma discussão americana mais honesta sobre o arsenal nuclear de Israel dê nova vida ao sonho distante de um Oriente Médio sem armas nucleares. Mesmo que isso não aconteça, será revigorante ouvir os líderes americanos dizerem a verdade, depois de meio século mentindo por omissão.
 
Confira AQUI, no NYT, a íntegra deste artigo em inglês
 
Veja também:
 
► BOMBA ATÔMICA DE ISRAEL - Bibi agradece a Obama por bloquear pressão
    pela proibição de armas nucleares no Oriente Médio


Fonte: THE NEW YORK TIMES, Peter Beinart. Tradução: Redação JF. Imagem de Arquivo.





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