Professor rural de esquerda Pedro Castillo empossado presidente do Peru
Castillo promete governar "para o povo e com o povo",
mas enfrentará o Congresso profundamente dividido
Um professor de escola rural que nunca ocupou cargos públicos foi empossado como novo presidente do Peru prometendo governar "com o povo e com o povo" em uma cerimônia repleta de simbolismo histórico sobre o bicentenário de independência do Peru da Espanha.
Usando seu típico chapéu de palha de abas largas, Pedro Castillo prometeu fazer mudanças radicais no país em seu discurso inaugural, prestou homenagem aos indígenas e professores peruanos e prometeu combater a corrupção, controlar monopólios e aumentar os gastos públicos em educação e saúde.
A importação simbólica da ocasião não foi perdida em Castillo, filho de camponeses rurais que nunca aprenderam a ler ou escrever.
"Este país é fundado no suor dos meus antepassados. A história desse Peru silenciado também é a minha história",
disse ele.
Mas o líder sindical de 51 anos enfrentará enormes desafios enquanto o Peru luta contra o surto mais mortal do Mundo Covid-19 e ele disputa as tensões dentro de seu partido de esquerda Perú Libre e enfrenta fraco apoio do Congresso em uma nação dividida.
Duzentos anos desde que o Peru deixou de ser uma colônia espanhola, Castillo disse que foi a colonização da Espanha que criou o "sistema de castas" que semeou diferenças entre os peruanos, sob a assistência do rei espanhol Felipe VI na plateia.
"Os três séculos durante os quais este território pertencia à coroa espanhola permitiram que explorassem os minerais que sustentaram o desenvolvimento da Europa, em grande parte com o trabalho de muitos de nossos avós",
disse ele.
Em um gesto altamente simbólico, ele disse que não governaria a partir do palácio presidencial da capital, conhecido como a "Casa de Pizarro" após o líder da conquista espanhola do Peru, Francisco Pizarro, que fundou Lima em 1535.
"Vamos entregar esse palácio ao Ministério das Culturas para que ele possa ser usado como uma vitrine da nossa história, desde suas origens até hoje",
disse.
Ele disse que sua prioridade como presidente seria combater a pandemia Covid-19, que matou mais de 196.000 peruanos e deixou uma em cada 100 crianças órfãs, de acordo com um estudo da Lancet.
O professor de 25 anos de experiência declarou estado de emergência na educação pública e prometeu aumentar seu orçamento. Ele prometeu criar um ministério de ciência e tecnologia e renomear o Ministério da Cultura como o Ministério das Culturas para refletir os muitos povos indígenas do Peru.
Apesar de sua promessa de fazer mudanças radicais, ainda há incerteza persistente sobre a composição de seu governo. Castillo adiou para 6ª feira a nomeação de seu gabinete, que estava prevista para ser anunciada na 4ª feira. Espera-se que ele anuncie seu primeiro-ministro na quinta-feira em uma viagem à região andina de Ayacucho.
Confira AQUI a matéria original em inglês no THE GUARDIAN
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