Documentário na SKY TV revela que o financista pedófilo usou socialite para ter acesso a seus amigos famosos e ricos anos a partir dos anos 1980
por Vanessa Thorpe
A associação de Ghislaine Maxwell com Jeffrey Epstein começou anos antes do que se sabia anteriormente, de acordo com um documentário que investigou a socialite que se tornou uma suposta alcoviteira para o financista pedófilo.
A nova informação desafia a suposição comum de que Jeffrey Epstein entrou em uma espécie de vácuo em sua vida após a morte de seu pai, o magnata do jornal Robert Maxwell, encontrado no mar perto das Ilhas Canárias em 1991.
Pesquisadores que trabalharam no documentário conversaram com mais de 200 fontes, por vários anos, para construir uma imagem mais clara do frequentador da alta sociedade, Jeffrey Epstein. E ficou clarou que seus amigos famosos e ricos, incluindo o príncipe Andrew, estavam sendo usados, a partir dos anos 1980, para construir a influente rede de Epstein.
"Pudemos usar documentos judiciais cheios de nomes redigidos. Há sempre uma razão para isso, e isso certamente nos mostrou essa realidade.",
declarou ao Observer Emma Cooper, produtora executiva de Ghislaine Maxwell: Epstein's Shadow (A Sombra de Epstein).
"Entrevistas com tantas [pessoas] permitiram que nossa equipe fizesse uma quantidade incrível de referências cruzadas de testemunhos, e então começamos a suspeitar que ela conhecia Epstein há mais tempo, no final dos anos 1980, quando ele estava fazendo negócios em Londres. Eventualmente, chegamos ao ponto em que poderíamos afirmar esse fato, embora ainda não saibamos exatamente quando eles se conheceram ou quando seu relacionamento começou."
Ghislaine Maxwell, 59 anos, está agora presa em Nova York, enfrentando acusações de co-participação no tráfico sexual de jovens mulheres e meninas menores de idade. Seus supostos crimes teriam sido cometidos com Epstein, seu parceiro de longa data e um criminoso sexual serial, encontrado morto em sua cela em 2019, no aguardo de julgamento. O julgamento de Ghislaine Maxwell provavelmente acontecerá no outono.
O documentário na Sky
O documentário em três partes será exibido na Sky a partir de 28 de junho e concentra-se na carreira de Maxwell como o filho mais novo de um magnata corrupto da mídia. Ele rastreia a herdeira a partir de seu tempo de estudante na Universidade de Oxford até ter se tornado o centro de uma rede social de alto perfil em Nova York e Palm Beach, Flórida, onde Epstein foi visitado por um fluxo constante de jovens mulheres.
Ex-funcionários alegam que Ghislaine Maxwell sairia em uma limusine à noite, procurando o que ela descreveu como "nubiles" para levá-las à mansão de Epstein em Manhattan, alegadamente para fazer testes para trabalhos fotográficos. Isso daria cobertura às tentativas posteriores dela de se distanciar de Epstein, ao criar uma instituição de caridade ambiental e iniciar novo relacionamento discreto com um empresário da área de tecnologia.
Uma sequência reveladora do documentário mostra Ghislaine Maxwell falando a um grande público sobre sua agora extinta organização, a TerraMar. Uma festeira socialmente confiante, ela surge como uma palestrante estranhamente nervosa.
Entre outros elementos surpreendentes da série estão cenas da festa privada de aniversário de 65 anos de seu pai e depoimentos de seus ex-colegas, incluindo o jornalista Peter Jay.
"Pela primeira vez, muitas das pessoas que a conheciam na universidade de Oxford sentiram que poderiam se abrir",
disse Cooper.
"Parecia o momento certo para perguntar quem essa mulher realmente é. Não encontramos muitas evidências de outras relações sérias com homens. Embora ela estivesse ativa "em cena", não sabemos de parceiros proeminentes com quem ela saiu em público até Epstein."
Reminiscências contadas vêm de dois dos antigos associados de Maxwell, a escritora Anna Pasternak, que a conhecia como uma graduanda, e a aristocrata britânica Lady Victoria Hervey. Muitos outros não estavam preparados enfrentar a câmera.
"Aqueles que optaram por falar fora do registro tinham razões diferentes, mas muitas vezes queriam esperar até depois do julgamento. Mas tivemos testemunhas todos corroborando as memórias um do outro",
disse Cooper.
"Uma das coisas que eles confirmaram é o quão difícil foi conhecer Ghislaine. Ela sempre foi um enigma, até para as pessoas que a conheciam bem, como ela coloca uma persona para cada diferente situação."
Cooper acrescentou que, como uma das poucas pessoas da Grã-Bretanha trabalhando no documentário, ela tinha a noção mais clara da importância do passado de Maxwell.
"Os britânicos têm seguido esta família por um longo tempo, e havia um sentimento de que Ghislaine deve ter transferido seu relacionamento com seu pai para outro homem que era bastante semelhante em muitos aspectos."
Agora parece que isso não é bem verdade. Pesquisadores do documentário acreditam que, muito antes da morte de Robert Maxwell, Epstein estava ocupado construindo seus contatos de alto perfil, esses nomes em seu famoso "pequeno livro negro", dos próprios amigos e conhecidos de Ghislaine.
Confira em THE GUARDIAN a íntegra dessa matéria em inglês (acesse AQUI)
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