por Amanda Holpuch in New York
As 10 dinastias mais ricas, como as por trás de Walmart e Mars, aumentaram
seu patrimônio líquido em US$ 136 bilhões durante a pandemia,
Bilionários auto-fabricados, incluindo Jeff Bezos e Elon Musk, fizeram grandes lucros durante a pandemia Covid-19, mas um novo relatório mostra que não há dinheiro da família batendo quando se trata de ficar – e ficar – muito, muito rico.
Dez das famílias mais ricas dos EUA, incluindo a família Walmart e as dinastias por trás de indústrias, incluindo doces e cosméticos, também viram seus ativos balões sobre a pandemia, com um aumento compartilhado em seu patrimônio líquido combinado de mais de US $ 136 bilhões em 14 meses, de acordo com um relatório do IPS Institute for Policy Studies publicado na 4ª feira, 16.06.
O relatório, Silver Spoon Oligarchs ('oligarcas da colher de prata'), detalha como essas famílias não só aumentaram sua riqueza em bilhões em 2020, como também trabalharam para garantir que o sistema apoie esse crescimento exponencial ao longo de décadas.
Chuck Collins, co-autor do relatório e diretor do IPS, disse:
"Se o sistema está funcionando como deveria, não devemos ver a riqueza acelerando ao longo de gerações, ela deve estar se dispersando."
Em 1983, a família Walton, cujo patriarca Sam Walton fundou o Walmart,valia US$ 2,15 bilhões (ou US$ 5,6 bilhões em 2020). Até o final de 2020, os descendentes de Walton tinham um patrimônio líquido combinado de mais de US$ 247 bilhões, um aumento ajustado pela inflação de 4.320%.
A família por trás de algumas das barras de chocolate favoritas dos EUA, a família Mars, também desfrutou de um doce retorno de suas fortunas, aumentando sua riqueza familiar em 28% ou US$ 21 bilhões de março de 2020 a maio de 2021.
A dinastia Mars começou em 1911, quando Franklin e Ethel Mars abriram uma fábrica de doces que cresceu para produzir best-sellers como Via Láctea e Snickers nas décadas de 1920 e 1930. Hoje, é dirigido por seus descendentes.
Em 2020, sua riqueza familiar foi de US$ 94 bilhões, de acordo com a lista de dinastias bilionárias da revista Forbes, que foi um recurso fundamental para o relatório.
O IPS comparou informações da lista de 2020 a uma lista semelhante publicada pela Forbes em 1983 e ajustou essas informações para refletir o que seria em dólares atuais.
Entre 1983 e 2020, a riqueza familiar de Marte aumentou 3.517%, passando de US$ 2,6 bilhões para US$ 94 bilhões. Eles foram uma das 27 famílias que apareceram nas listas da Forbes em 1983 e em 2020, e juntas essas famílias de ativos combinados cresceram 1.007% em 37 anos.
Mesmo entre os super ricos a desigualdade de renda é um problema. Os muito ricos fizeram ainda melhor do que suas coortes menos ricas. As cinco famílias dinásticas mais ricas dos EUA viram sua riqueza aumentar em uma mediana de 2.484% de 1983 a 2020.
Os números de uma família americana média são uma mancha em comparação. De 1989 a 2019, ano mais recente em que os dados estão disponíveis, a riqueza média de uma família típica aumentou 93% corrigida pela inflação, segundo o relatório.
Collins, diretor do Programa IPS sobre desigualdade e o Bem Comum, disse que essas famílias não estavam apenas ganhando mais dinheiro, mas também estavam melhorando em colocá-lo fora do alcance da tributação.
Hábitos Dinásticos
O relatório descreve seis "hábitos de dinastias altamente entrincheiradas", que incluem limitar doações de caridade e evitar a tributação através de ferramentas como os fundos da dinastia, que protegem os ultra-ricos de serem tributados sobre transferências de dinheiro por um longo período de tempo.
Outro hábito é combater o aumento de impostos para os ricos. A empresa da família Mars, Mars Inc, gastou mais de US$ 20 milhões nos últimos 10 anos em lobby, incluindo US$ 720.000 em 2020 em "questões relacionadas à reforma tributária de propriedades e presentes", de acordo com o relatório.
O relatório esboçou várias propostas já em estudo para conter essa acumulação de riqueza, incluindo a Lei de Pagamento dos Bilionários, uma proposta introduzida por vários senadores (norte-americanos) para instituir um imposto único sobre a riqueza pandêmica de 60% sobre os ganhos dos bilionários em 2020. Há também um impulso renovado para aumentar o financiamento para a notoriamente subfinanciada Receita Federal, bem como outros esforços para aumentar impostos sobre herança e sobre a propriedade.
Mas, mesmo com as propostas, mais deve ser feito, disse Collins, para acabar com brechas fiscais, paraísos fiscais offshore e certos tipos de fundos que permitem às famílias esconder sua riqueza.
"Há uma indústria de defesa de riqueza muito poderosa que tem um interesse investido em manter esse sistema de dinastia crescendo",
disse Collins.
Na semana passada, uma investigação da ProPublica revelou que os 25 americanos mais ricos pagaram uma "taxa de imposto real" de apenas 3,4% entre 2014 e 2018, apesar de seu patrimônio líquido coletivo ter aumentado em mais de US$ 400 bilhões no mesmo período.
"Uma das razões pelas quais devemos nos preocupar com a liberação da ProPublica, a quantidade de evasão fiscal, é que talvez uma fatia acabe na filantropia, mas a maior parte será passada para baixo da linha geracional",
disse Collin.
"Então, de certa forma, eles estão criando a próxima geração de dinastias de riqueza herdadas."
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