O governo dos EUA cancelou o envio de navios de guerra ao mar Negro em meio a tensões com o governo da Rússia
Após planejar a entrada de seus destroyers USS Theodoro Roosevelt e USS Donald Cook no mar Negro, os EUA decidiram cancelar a ação militar.
A decisão foi confirmada pelo governo da Turquia em 15.04.2021, uma vez que a administração do estreito de Bósforo cabe ao governo turco, que é obrigado -- pela convenção de Montreau, de 1936 -- a permitir a passagem de navios de todas as bandeiras pelo estreito, desde que comunicadas previamente.
A decisão norte-americana também aconteceu logo após a Rússia enviar navios de guerra para exercícios no mar Negro, neste momento em que tensões entre a OTAN e Moscou são intensificadas.
Segundo os planos do Pentágono, as embarcações militares dos EUA entrariam no Mar Negro entre os dias 14, e 15.04.2021 e ali permaneceriam até 04 e 05.05.
Simultaneamente, a Ucrânia, estimulada pelo Departamento de Estado norte-americano, iniciou exercício militar de grande escala próximo à Crimeia, região recém perdida pela Ucrânia e, agora, de domínio russo e onde se encontra importante base militar da Rússia.
O cancelamento do envio também ocorreu após o presidente dos EUA Joe Biden telefonar ao presidente Vladimir Putin. Na conversa, Biden expressou sua intenção de construir relação estável com Putin e pediu um encontro entre ambos. Disse, contudo, que os EUA agirão com firmeza na defesa de seus interesses em respostas às supostas invasões cibernéticas e interferência eleitoral russas no seu País.
Para um retrospecto, em 17.03.2021 Joe Biden chamou o presidente Vladimir Putin de "assassino" e afirmou que ele "pagará o preço" por interferir nas eleições norte-americanas. A acusação feita por Joe Biden traz de volta a retórica do partido Democrata dos EUA, utilizada em 2017, no intuito de deflagrar processo de impeachment de Donald Trump.
Naquela ocasião o processo judicial não teve curso, porquanto o procurador Robert Mueller o arquivou por absoluta falta de provas. Neste abril/2021, o processo deixou de ser sigiloso, tornou-se público, e Joe Biden retoma a mesma acusação em fakenews, desta vez voltada contra Vladimir Putin.
Neste momento, contudo, trata-se de retórica belicista contra uma potência nuclear que é, também, extremamente poderosa em meios militares tradicionais de altíssima tecnologia, aque especialistas afirmam serem superiores às dos EUA.
A retórica agressiva é reconhecida a bocca chiusa como um verdadeiro desvario de Biden, que preocupa 27 organizações dos EUA que, em 30.03.2021, enviaram carta a Joe Biden em que lhe pedem cessar a retória bilicista e privilegiar o diálogo construtivo com a Rússia, inclusive para promover o controle do arsenal nuclear e deter a nova corrida armamentista.
A carta dessas organizações não foi publicada, mas a identidade de algumas delas veio a público: Justice Democrats, Blue America, Demand Progress, Our Revolution e Progressive Democrats of America.
Ao desvario de Biden, Putin respondeu com um pronunciamento equilibrado e elegante e "pagou para ver" diante do blefe do presidente americano, no envio de 2 destroiers norte-americanos ao mar Negro: deslocou cerca de 400 MB Tanques, 40 mil soldados na fronteira com a Ucrania, lançadores de misseis por saturação e mísseis de curto e médio alcance. Putin tambem programou exercícios navais e aéreos no mar Negro e fez alerta público sobre o desafios ao controle russo do mar Negro.
Putin pagou para ver e Biden desistiu da tentativa de projeção de poder dos EUA no mar Morto, por meio do envio de dois destroiers, bem como pela realização de exercícios militares pelo governo da Ucrânia, antes estimuladas pelo Departamento de Estado, na região próxima à fronteira com a Criméia.
E Biden aceitou convite de Putin, feito em 17.03.2021, para o diálogo em território neutro, a ser ainda marcado pela diplomacia de ambos as potências.