EDITORIAL
EUA: Diante de tamanha decadência moral, a quem restará apagar a luz ?
O Departamento de Estado do governo norte-americano reintegrou Cuba, na 2ª feira, 11.01, à lista de países patrocinadores do terrorismo. A administração de Donald Trump já havia sinalizado essa medida.
Com breve intervalo na administração Obama, Cuba embarca novamente na lista de países considerados pelos EUA como patrocinadores do terrorismo. Em 2015, a medida diplomática de Obama visava melhorar os laços, inclusive econômicos, entre EUA e Cuba.
Em twitter, Mike Pompeu escreveu mais uma das inúmeras asneiras que tem maquinado sua mente torpe:
"O apoio contínuo de Cuba ao terrorismo no hemisfério ocidental deve ser interrompido. Hoje [11.01] os EUA estão devolvendo Cuba à lista de patrocinadores do terrorismo para responsabilizar o regime de Castro por seu comportamento maligno."
Mentiroso confesso e cínico, Mike Pompeu procura com esse press release distrair a atenção sobre seu chefe, Donald Trump, pela mídia e pelos congressistas, em momento em que o Capitólio tem contra o presidente mais um merecido processo de impeachment.
A iniciativa dos EUA posiciona Cuba na companhia do Irã, Coreia do Norte, Síria e Sudão, países considerados "patrocinadores do terrorismo".
Com relação ao Irã, Mike Pompeu acusou o país nesta 3ª feira, 12.01, de ter ligações com e abrigar a Al-Qaeda, como que para justificar o assassinato criminoso do general Soleimani, em janeiro/2020, considerado ilegal, como que buscando precaver-se de eventuais mas pouco prováveis problemas judiciais no futuro. Afinal, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Jamad Zarif declarou, ainda em janeiro/2020, que Teerã lançaria "medidas legais" em nível internacional para responsabilizar os EUA. E, em poucos dias, longe do poder, Pompeu ficará mais vulnerável.
Mike Pompeu, secretário de Estado, ex-diretor da CIA, é um mentiroso confesso. Em 15.04.2019, em palestra na universidade Texas A&M University, declarou "We Lied, We Cheated, We Stole" (tradução: "Nós Mentimos, Nós Enganamos, Nós Roubamos" ...), sob os risos e aplausos puxados por sua claque e entourage de uma plateia atônita.
Isso é fantástico ! Significa ter ele, consciente da impunidade, confessado ser um mentiroso, um trapaceiro, um escroque. Nessa confissão, Mike Pompeu não usa o plural majestático, "nós", referindo-se a somente si próprio. Não, ele é um homem de estado: trata-se da confissão do que seria a política de estado norte-americana. Pompeu atribuiu esses predicados negativos ao governo dos EUA em sua política externa, uma vez que ele chefia o órgão do estado norte-americano correspondente ao ministério das Relações Exteriores brasileiro, o Departamento de Estado dos EUA.
Com isso, bandido confesso, Mike Pompeu perdeu toda e qualquer credibilidade. E, a despeito dessas declarações, Pompeu foi mantido no cargo desde então, abril/2019. Não foi dispensado pelo presidente Donald Trump. Isso significa que o presidente Trump compactua com Pompeu e que a política externa norte-americana não merece confiança alguma.
Mas, não para aí. Diante disso, a omissão do parlamento dos EUA, ao não submeter ambos, Pompeu e Trump, a um processo de impeachment por essa razão, é demonstrativo do comprometimento do Senado e da Casa dos Representantes com a ausência de honestidade e lisura do governo dos EUA em sua política externa.
O império mostra sua face. Mike Pompeu não é apenas Mike Pompeu, secretário de Estado, é o governo Donald Trump; é a Casa dos Representantes (câmara dos deputados), presidida por Nancy Pelosi, e é o Senado, presidido por Mike Pence, ambos omissos na devassidão e comprometidos com a opressão a outros povos.
Diante de tamanha decadência moral, a quem restará apagar a luz ?
Ou será ainda possível a um novo governo reverter tanta miséria moral ?
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