Nova variante do virus detectada no Reino Unido é 74% mais contagiosa e, em menos de um mês, já responde por 60% de novas contaminações da Covid19
Novo estudo da London School de Higiene e Medicina Tropical, divulgado na 5ª feira, 24.12, revela que a B.1.1.7m a nova variante do coronavirus, detectada no Reino Unido, é muito mais contagiosa que as cepas anteriores.
Nick Davies, biólogo da London School, afirma que, dados preliminares analisados no estudo revelam que a variante do Sars-Cov-2 -- suspeita de estar na origem do forte aumento do número de casos de contaminação no sudeste da Inglaterra nas últimas semanas -- pode ser até 74% mais transmissível que as formas do vírus até agora em circulação, resume um dos autores, .
Essa estimativa não foi ainda publicada em revista científica ou analisada por especialistas independentes, mas é consistente com a informação revelada por pesquisadores do grupo NERVTAG, que aconselha o governo do Reino Unido sobre vírus respiratórios emergentes, em entrevista coletiva concedida na última 2ª feira.
Vinte e duas mutações no genoma
Detectada pela primeira vez em setembro na Grã-Bretanha, essa variante também conhecida como VOC 202012/01 tem 22 mutações em seu genoma. Uma em particular, denominado N501Y, está localizada na proteína Spike do coronavírus, um ponto importante em sua superfície que permite que ela se fixe nas células humanas para penetrá-las, desempenhando, portanto, um papel fundamental na infecção viral.
Um quarto [25%] das novas infecções detectadas no Reino Unido em novembro estavam associadas a esta variante, um número que subiu para mais de 60% no início de dezembro.
“Se a tendência atual continuar, a nova variante poderá representar 90% dos casos até meados de janeiro”,
segundo Nick Davies.
Os pesquisadores do LSHTM ainda não têm evidências de que os indivíduos que contraem a nova variante corram maior risco de hospitalização ou de morte, a hipótese ainda precisa ser estudada.
O provável "aumento acentuado" no número de casos causado por essa mutação pode ter consequências importantes no desfecho da epidemia, acreditam os especialistas.
“O recente aumento no número de infecções” em várias regiões “pode continuar e se espalhar para todas as partes do Reino Unido, se não houver uma ação imediata”, alertam.
Nesta semana, diferentes cientistas pediram que o governo britânico decrete lockdown nacional para evitar a propagação da pandemia.