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Editorial

08 de Julho de 2020 as 23:07:17



EDITORIAL - Sem Mudanças à Frente, Prossegue a Decadência Americana


Joe Biden e Trump, candidatos à mesmice
 
"... We lied, we cheated, we stole ..."
["...Nós mentimos, enganamos, roubamos ..."]
MIKE POMPEU
Secretário do Departamento de Estado,
em palesta na Texas A&M University,
em 15.04.2019
 
Joe Biden, o candidato oficial a presidência dos EUA pelo partido Democrata, criticou na semana passada o governo chinês por adotar uma lei de segurança nacional em Hong Kong (HK). Por essa razão, Biden ameaçou impor sanções econômicas contra a China, caso seja eleito no pleito de 03 de novembro deste ano. Em um comunicado à Agência Reuters, Biden afirmou que essa lei é um duro golpe contra a liberdade em HK. 
 
Trata-se da mesma retórica utilizada por Donald Trump, cujo governo transformou Hong Kong em área de confronto direto entre EUA e China: a embaixada dos EUA na China e a CIA ali oferecem apoio financeiro, logístico, material e informacional aos movimentos anárquicos de rua, de depredação de patrimônio público e privado e de busca de desestabilização governamental, que ocorrem em HK há cerca de um ano, conforme amplamente divulga a mídia especializada "não alinhada". 
 
Verbas do Departamento de Estado norte-americano financiam a ação de milicianos black bloc que já depredaram dezenas de estações de metrô e de agências bancárias, estabelecimentos comerciais de pequeno, médio e grande porte e órgãos públicos e têm levado à paralizações da atividade comercial e econômica, da movimentação das pessoas e do cotidiano. 
 
Em HK, o movimento de insurreição conta com a liderança do magnata chinês, Jimmy Lai, fundador do jornal liberal Apple Daily.  Lai é um frequentador da Casa Branca, onde já foi recebido pelo vice-presidente Mike Pence, a quem solicitou a continuidade -- e a teve garantida -- de provimento de verbas norte-americanas para o movimento político de insurreição contra o governo chinês.
 
O governo continental não interveio e os serviços de segurança de HK têm dado conta do movimento, o qual sinaliza que seus organizadores buscam a agudização dos conflitos de rua para que aconteça a intervenção violenta em HK pelo Exército Popular de Libertação da China, que seria enviado pelo Partido Comunista chinês, o massacre dos manifestantes, a indignação e a revolta da população e a hegemonia de uma perspectiva anti-China em HK, além de repercução internacional negativa e fortalecimento da posição de HK como cabeça-de-ponte ocidental contra o avanço econômico e político da China. 
 
Contudo, para decepção dos organizadores das depredações, o governo chinês enfrentou a crise com o pensamento estratégico de uma cultura quadrimilenar: manteve a segurança pública sob responsabilidade do governo de HK, acionou seus serviços de inteligência e preparou uma legislação específica.
 
Decorrido um ano nesse tratamento cauteloso, ele tem agora o conhecimento de identidades, responsabilidades e conexões, inclusive internacionais, de organizadores e de participantes da insurgência. E aprovou em Assembleia a Lei de Segurança Nacional de HK, que pune com severidade movimentos insurgentes, separatistas e de traição à pátria.
 
Importante lembrar que o motim promovido por Jimmy Lay, o chinês quinta-coluna e insuflado pela CIA, não é apoiado pela ampla maioria do povo de HK, pois o movimento insurgente já afugenta capitais financeiros e investimentos em HK, que se deslocam a outras praças financeiras chinesas os quais, aparentemente, ainda não estão sob foco norte-americano, como Xangai, cujo centro financeiro é concorrente de há muito de HK.
 
Os indícios apontam para frustração do esforço do governo estadunidense e da CIA para promover em HK algo assemelhado ao que foi insuflado na Turquia de Erdogan e na Síria de Bashar al-Assad, a partir de 2010, onde governos não cairam, ao contrario do que ocorreu na Líbia de Muammar Kaddafi, em outros países do norte da África e no Oriente Médio e no Brasil, onde obtiveram melhores resultados iniciativas desestabilizadoras do regime político, igualmente apoiadas ou conduzidas pelo FBI, CIA e outros órgãos do estado norte-americano. 
 
A declaração de Biden evidencia que a política externa agressiva dos EUA não será alterada, caso o partido Democrata ganhe as eleições presidenciais de novembro próximo. Demonstra, também, que o "estado profundo" (deep state) norte-americano manterá operante a estratégia de dominação seja qual for o governante e o partido político no poder: a permanente beligerância, as intrigas e os confrontos com escaramuças militares, no limite da detonação de guerras entre potências nucleares, irresponsavelmente. Afinal, a substituição da potência hegemônica não se faz sem guerra.
 
Sim, a nota publicada por Biden traz pistas da harmonia entre as propostas democrata e republicana na gestão imperial da política externa dos EUA. Em ambas, a ingerência em assuntos internos dos demais países; em ambas, as "primaveras árabes" destinadas a substituir governos inamistosos por outros americanófilos; em ambas, os bloqueios comerciais contra países pretensamente "insubordinados" e sanções "disciplinadoras"; em ambas, a busca de apropriação de recursos naturais de países do terceiro mundo por empresas norte-americanas; em ambas, a retórica cínica de defesa de liberdade e da democracia a ocultar agenda de dominação econômica e política.
 
Estes são elementos demostrativos, todos eles, não somente da decadência econômica e politica do império do capital, mas de sua decadência moral e civilizatória. De nada adiantou a camuflagem da canalhice e mentiras do governo Bush Jr a respeito de armas de destruição em massa no Iraque. Pouco valeu a retórica do retorno aos "valores dos fundadores da nação norte-americana", proclamado por Barack Obama, o agraciado por antecipação com o Nobel da Paz, a que seu governo não fez jus. Afinal, ele próprio manteve a belicista Hillary Clynton como secretária de Estado, cujo primeiro ato em sua gestão foi viajar para a Índia, integrante dos BRICS, com o objetivo de trazê-la para perto dos EUA por meio do reconhecimento da Índia como potência nuclear legítima, e de voltar a suprí-la com armamentos norte-americanas no estado-da-arte, de modo a dissolver alianças indianas com Rússia e China, sob a tática de 'dividir para governar'.
 
No governo de Donald Trump, republicano, o atual secretário de Estado, Mike Pompeu, segue aquele mesmo caminho democrata. E, tal como Dick Cheney, no governo Bush Jr, sem charme algum, repetindo ameças de uso de poder militar devastador, semelhante ao que fez Hillary Clynton no governo Obama, do partido Democrata.
 
Assim, no que realmente é essencial, não se avistam mudanças pela frente a partir das eleições americanas de novembro próximo. O Império continuará em sua decadência econômica, moral e civilizatória.


Fonte: REDAÇÃO JF





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