Funcionários presos relataram que a diretoria tinha conhecimento dos riscos de erosão da barragem de Brumadinho e de que a situação era "tenebrosa"
O Conselho de Administração da Vale acolheu e aceitou o pedido formal de afastamento da direção encaminhado por Fábio Schvartsman, em que o pelo presidente da Empresa comunica seu “afastamento temporário” da diretoria.
O afastamento foi resultado de determinação de uma força-tarefa integrada pelo MPF Ministério Público Federal, pelo MPF de Minas Gerais e da PF Polícia Federal, considerada a situação insustentável criada com a delação feita por funcionários presos de que a diretoria tinha conhecimento dos riscos de erosão da barragem de Brumadinho.
Ademais, testes de laboratório demonstraram que as barragens de rejeitos não eram confiáveis e que a situação de Brumadinho era “tenebrosa”.
Além de Fábio Schvartsman, o MPF e a PF recomendaram o afastamento de outros diretores: Lúcio Flávio Gallon Tavalli, Gerd Peter Poppinga e Silmar Magalhães Silva.
Gerentes e Técnicos tiveram seu afastamento determinado em razão de seu envolvimento na gestão de riscos e monitoramento das condições de segurança: Alexandre de Paula Campanha, Cesar Augusto Paulino GrandChamp, Joaquim Pedro de Toledo, Marilene Christina Oliveira Lopes e Rodrigo Artur Gomes.
A força-tarefa do MPF e da PF determinou que Fábio Schvartsman não deverá sequer entrar no prédio da Vale; bem como, os funcionários da Vale não poderão compartilhar assuntos de teor profissional com os investigados. Aos outros cinco funcionários foi recomendado apenas o afastamento de suas funções na Empresa.
Diante do afastamento de toda essa equipe, a Vale deverá ser conduzida pelos diretores remanescentes sob o comando do diretor-executivo de metais básicos, Eduardo Bartolomeu.
O presidente da Vale, ora afastado, Fábio Schvartsman, assumiu esse cargo em 2017, após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana MG; seu mandato se estenderia até 2020.
Agências de Risco
A Vale perdeu o grau de investimento dado agência de risco Moody’s e há indicativos de que a Standard & Poor’s poderá fazer o mesmo nos próximos dias.
Como 70% dos negócios com ações da Vale são realizados em bolsas norte-americanas, há o temor de que fundos estrangeiros venham a desfazer-se de suas ações e que, com isso, seu preço caia ainda mais que os 25% que declinaram desde o desastre de Brumadinho.