VALE - Resultados no 3º trimestre/2018
Um Novo Benchmark
Consistente com o que esperávamos, a Vale trouxe resultados forte para o 3T18, com o EBITDA aumentando 9,7% t/t e ficando em US$ 4.374 mm (2,1% acima das estimativas do BB-BI), impulsionado pelo segmento de minerais ferrosos, principalmente.
Os produtos premium representaram 79% do portfólio de vendas, e a estratégia de diferenciação de seus produtos visando a melhor capturar seus valores intrínsecos tem transformado a Vale em um novo benchmark do setor.
O negócio de carvão veio abaixo de nossas estimativas, ao passo que Metais Básicos ficou em linha. A empresa também apresentou uma dívida líquida de US$ 10.7 bi, quase chegando ao guidance de US$ 10 bi para 2018. Além disso, ressaltamos a possibilidade de dividendos ainda maiores que o observado no 1S18, considerando que no 3T, um mínimo de US$ 1,142 bi já deverá ser distribuído.
No nosso relatório de Prévias, mencionamos que os resultados deveriam ter forte impacto de maiores preços realizados minério de ferro, juntamente com melhores preços de pelotas. De fato, a contribuição de qualidade e prêmios médios pagos ao MF da Vale chegou a US$ 8,6/t no período, contra US$ 7,1/t no 2T18 e US$ 5,6/t no 3T17.
Já para o níquel, o prêmio pago ficou em torno de 6,2%maior que os preços da LME. Há oportunidades interessantes neste seguimento para replicar a estratégia de MF de descomoditização dos produtos de níquel, permitidas as condições de mercado no futuro.
Em relação à futura alocação da forte geração de caixa esperada, a companhia enfatizou os seguintes pontos:
(i) dividendos extraordinários ou recompra de ações,
(ii) oportunidades orgânicas de crescimento, como a recente aprovação do projeto Salobo III,
(iii) aquisições bolt-on (alto valor sinérgico) e,
(iv) otimização de outros passivos.
Por estas razões, mantemos nosso preço-alvo 2018 para VALE US de US$ 21,00/ação e VALE3 em R$ 73,50/ação, mantendo nossa recomendação Outperform.
Os principais riscos relacionados à companhia ficam em
(i) queda brusca nos preços de MF, e nos prêmios pagos por qualidade,
(ii) os altos níveis de estoques nos portos Chineses e,
(iii) falha da companhia em implementar sua estratégia no segmento de metais básicos,
considerando que esta depende de maior demanda nos mercados premiums e maior disposição dos clientes em pagar maiores prêmios por produtos premium.
Minerais Ferrosos: prêmios recordes.
As vendas de produtos premium no trimestre responderam por 79% de todo o portfólio, ante 77% no 2T18. Os preços realizados CFR/FOB ficaram em US$ 67,0/t no período, enquanto o Platts IO 62% ficou em média em US$ 66,7/t. Consequentemente, as receitas no segmento somaram US$ 7.439 mm, 20% maior t/t e 9,1% acima a/a (-1,9% que as nossas estimativas).
O Custo Caixa C1 veio abaixo dos US$ 13,0/t prometidos pela companhia, chegando a US$ 12,4/t (também melhor que nossas expectativas de US$ 12,8/t), em razão de
(i) maior produção,
(ii) ramp up de S11D,
(iii) maior diluição de custos e
(iv) câmbio.
Estes benefícios mais que compensaram o aumento considerável do frete e bunker no período. O EBITDA somou US$ 3.960 mm, alta de 12% t/t e 2,1% acima das nossas estimativas.
Metais Básicos: paradas de manutenção impactam resultados.
Este segmento foi afetado pela parada de manutenção em Sudbury e menores preços no mercado spot para níquel, cobre e cobalto no trimestre, apesar de parcialmente compensado pelos prêmios sobre os produtos de níquel da Vale.
Lembramos que o segmento de metais básicos está passando por um processo de reestruturação a fim de otimizar suas operações, estabilizar a estrutura de custos e revisar os planos de minas. As receitas somaram US$ 1.586 mm, 17% abaixo do trimestre anterior e 2,7% acima dos números que esperávamos. O EBITDA veio em US$ 528 mm (4,5% abaixo do BB-BI).
Carvão: preços menores de mercado e maiores custos afetam margens.
As receitas somaram US$ 425 mm no 3T18, 22% acima do trimestre anterior devido a maiores volumes vendidos, principalmente. Entretanto, as iniciativas implementadas na operação deverão trazer resultados mais expressivos apenar a partir do 2S19. Assim, o EBITDA do segmento somou US$ 16 mm, 65% abaixo t/t e 65% menor a/a.
Endividamento.
No período, a dívida bruta ficou em US$ 16.810 mm, 6,1% menor que jun/18. A dívida líquida caiu 7,1% t/t, ficando em R$ 10.704 mm, quase chegando ao guidance da Vale para 2018 de R$ 10 bi. Para os próximos períodos, a empresa deverá manter o nível de US$ 10 bi, de acordo com o informado no call do 3T18.
Confira no anexo a íntegra do estudo preparado por GABRIELA E. CORTEZ, analista senior do BB Investimentos