Diário do Mercado na 3ª feira, 23.10.2018
Tensão no exterior eleva aversão ao risco e derruba mercados
Comentário.
O dia foi de escalada inicial da aversão ao risco global, que arrefeceu ao longo do dia, por conta de um conjunto de fatores. Nesta 3ª feira, pulularam vários focos de preocupações – questão orçamentária na Itália, que desafia a união europeia; crescimento na China – que ainda não detalhou como e quando serão os possíveis estímulos anunciados recentemente; comportamento da política monetária do Fed, com percepção dos agentes de maior crescimento norte-americano e ainda uma certa apreensão geopolítica envolvendo a Arábia Saudita, por conta do episódio da morte de um jornalista opositor ao regime árabe.
Neste panorama, as bolsas de valores pelo mundo sofreram fortes reveses de início e mostraram reação ao longo da tarde, mas que não impediram as baixas finais.
O Ibovespa foi impactado por este movimento global, porém, o mercado acionário doméstico terminou com perda bem menor do que seus pares internacionais, apoiado em um otimismo dos agentes em relação ao futuro da economia brasileira.
O dólar comercial oscilou basicamente em alta e terminou acima dos R$ 3,70 – patamar que se tornou um “divisor de águas”. Já no mercado de juros futuros, os vértices mais curtos recuaram com a inflação pelo IPCA-15 vindo abaixo do consenso, mas os vértices mais longos subiram com o quadro cenário externo adverso.
Ibovespa.
O principal índice doméstico mergulhou em terreno negativo pela manhã, marcando 84.032 pts (1,83%) na mínima intradiária, influenciado pelo amargo exterior. A recuperação veio paulatinamente durante a sessão, não obstante, o Ibovespa fechou com recuo de 0,35%. Petrobras e Vale lideraram as perdas, ao passo que B3 e Santander encerraram com firmes ganhos.
O Ibovespa fechou aos 85.300 pts (-0,35%), acumulando alta 7,37% no mês, 11,65% no ano e 13,11% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 10,0 bilhões, sendo cerca de R$ 9,8 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 19 (último dado disponível), houve saída líquida de capital estrangeiro em R$ 615,030 milhões da bolsa, acumulando agora saldo negativo em outubro de R$ 1,690 bilhão. Em 2018, o saldo de capital estrangeiro é negativo em R$ 1,396 bilhão.
Agenda Econômica.
O IPCA-15 de fim de setembro e meados de outubro acelerou de 0,09% na leitura anterior para 0,58% – abaixo da mediana Bloomberg (+0,64%). Com o resultado, a inflação acumulada em 2018 atingiu os 3,83%, já em 12 meses, o índice ficou em 4,53%, ante 4,28% na leitura finda em setembro. A taxa em outubro de 2017 havia variado 0,34%.
Os grupos Alimentação e Bebidas e Transportes foram os principais responsáveis pela alta com avanços de 0,44% (de -0,41%) – impacto de 0,11 p.p – e de 1,65% (de 0,21%) – 0,30 p.p. no IPCA-15 de outubro, respectivamente.
O subitem gasolina apresentou o maior impacto individual no índice geral, 0,21 p.p., ficando mais caro, em média, 4,57% nas regiões de abrangência do índice.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) registrou firme apreciação pela manhã, acompanhando a elevação da aversão ao risco no exterior, chegando a valer R$ 3,7220 na máxima intradiária. A alta arrefeceu durante a sessão e o dólar encerrou com avanço modesto. No exterior, a divisa norte-americana se fortaleceu perante a maioria das principais moedas.
O dólar findou cotado a R$ 3,7010 (+0,38%), acumulando queda de 8,62% no mês, já no ano, a divisa acumula ganhos de 11,64% e de 14,51% em 12 meses. O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos recuou a 211 pts, ante 212 na véspera.
Juros.
Diante de uma aceleração ligeiramente mais amena do IPCA-15, abaixo do consenso, as taxas dos juros futuros de curto prazo encerraram com ligeiros ajustes de baixa. Já os contratos de longo prazo acompanharam o avanço do dólar e agregaram prêmios, embora marginais.
Para a semana.
No Brasil, destaque para os dados de crédito do SFN na 6ª feira, 26.10. Ademais, serão também publicados no decorrer da semana o resultado primário do governo central e a arrecadação, ambos referentes à setembro.
No exterior, ganham relevo os PMIs Manufatura de França, Alemanha, zona do euro e EUA, todos na 4ª feira, 24.10. Já na 5ª, 25.10, no BCE, haverá nova decisão sobre as taxas de juros e fechando a semana, na 6ª feira, 26.10, a divulgação do PIB norte-americano estará no foco dos investidores.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 23.10.2018, elaborado por HAMILTON ALVES, CNPI-T, e RICARDO VIEITES, CNPI, ambos integrantes do BB Investimentos