Diário de Mercado na 6ª feira, 28.09.2018
Ibovespa cai no último pregão, mas avança mais de 3% no mês
Comentário.
Após sucessivas melhorias no clima dos negócios domésticos, na sexta-feira ventos contrários provocaram a devolução de parte do movimento. A bolsa perdeu os 80 mil pontos, reconquistados na véspera, na esteira de uma maior cautela diante dos próximos capítulos no âmbito eleitoral, enquanto os juros recompuseram prêmios ao longo da curva, influenciados pelo dólar, que se fortaleceu no mercado externo e recuperou o patamar dos R$ 4,00.
Na agenda econômica, a relevância limitada do dado do desemprego doméstico, que recuou, não foi capaz de animar o humor dos agentes, que se preparam para enfrentar a esperada volatilidade diante da reta final antes do 1º turno das eleições.
Ibovespa.
A cautela diante dos desdobramentos do quadro eleitoral foi o principal motivador da postura defensiva dos investidores na renda variável, que levaram o Ibovespa a perder o patamar dos 80 mil pontos.
A Petrobras e o setor bancário foram os principais responsáveis pela performance negativa do índice, tendo como contraponto empresas ligadas a exportação, que acompanharam a alta do dólar.
O Ibovespa encerrou aos 79.342 pts (-0,82%), acumulando -0,13% na semana, 3,48% no mês, 3,85% no ano e 7,85% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 10,75 bilhões, sendo cerca de R$ 10,28 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 26 (último dado disponível), houve entrada líquida de R$ 311,932 milhões em capital estrangeiro na bolsa, elevando o saldo positivo acumulado em setembro para R$ 2,046 bilhões. No ano, há evasão líquida de R$ 941,806 milhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a taxa de desemprego recuou a 12,1% no trimestre encerrado em agosto, de acordo com a Pnad Contínua (IBGE), vindo ligeiramente melhor do que as estimativas dos analistas (12,2%). Em um comparativo anual, em igual período em 2017, a taxa era de 12,6%.
A renda média real do trabalhador (que atingiu R$ 2.225,00) ficou 1,3% acima daquela em agosto de 2017, o que pode ser explicado em grande parte pela inflação em patamar mais controlado.
O nível da qualidade do emprego, no entanto, ainda é considerado preocupante, já que dos 1,020 milhão de postos abertos nos últimos 12 meses, 435 mil representam vagas no setor privado sem carteira assinada.
Além das pessoas que vivem no desalento, isto é, desistiram de procurar emprego, que chegaram a 555 mil pessoas adicionais no período, o país conta ainda com 548 mil pessoas adicionais trabalhando menos horas do que gostariam – esta subocupação atingiu 6,711 milhões de pessoas em agosto de 2018, um recorde.
O setor público consolidado (governo central, estados, municípios e estatais, excluindo a Petrobras e a Eletrobrás) apresentou déficit primário de R$ 16,876 bilhões em agosto, marcando o pior resultado para o mês desde 2016, quando o déficit foi de R$ 22,267 bilhões. Em julho, o resultado ficou negativo em R$ 3,401 bilhões, ao passo que em agosto de 2017 o número ficou negativo em R$ 9,529 bilhões.
Vale lembrar que a meta de déficit primário do setor público consolidada para o ano de 2018 é de R$ 161,3 bilhões. Até agosto, o total no ano já acumula R$ 34,700 bilhões, o equivalente a 0,77% do PIB.
Câmbio e CDS.
Depois da formação da PTAX – cotação que rege a liquidação financeira dos contratos futuros de câmbio – o dólar embalou movimento de alta, considerado uma correção das quedas recentes, e também movimento que denota cautela diante de novas pesquisas eleitorais que se aproximam.
A moeda norte-americana teve desempenho misto perante moedas emergentes na sessão, e perante o real, ao término dos negócios, fechou cotada a R$ 4,0395 (1,31%), acumulando -0,02% na semana, -0,85% no mês, 22,09% no ano e 26,96% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos avançou a 263 pts, ante 258 pts na véspera.
Juros.
Os juros futuros encerraram em alta, com destaque para avanço nos vencimentos intermediários e longos. A maior influência veio da conjunção da alta do dólar e da maior cautela com o cenário eleitoral, diante de novas pesquisas no radar na reta final do 1º turno.
Para a semana.
Além dos antecedentes Índices de Gerentes de Compras (PMIs) em diversas regiões como Alemanha, Zona do Euro e Reino Unido na segunda-feira, e Brasil e EUA na terça-feira, destaque para os números da Produção Industrial doméstica na terça, e o IPCA na sexta-feira, dia que também reserva a tradicional bateria de dados do mercado de trabalho norte-americano, com o payroll encabeçando a lista.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 28.09.2018, elaborado por RAFAEL REIS, CNPI-P, e RICARDO VIEITES, CNPI, ambos integrantes do BB Investimentos
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