Diário de Mercado - 10 de agosto 2018
Crise econômica na Turquia se agrava e reflete nos ativos brasileiros
Comentário.
A sexta-feira reservou um tombo expressivo no mercado de renda variável brasileiro, derivado principalmente de expectativa de contágio do agravamento da crise econômica na Turquia sobre ativos de países emergentes. O clima no país euro-asiático, que já vinha sensível devido à recente escalada inflacionária, azedou de vez por conta do anúncio da duplicação de tarifas sobre aço e alumínio por parte dos EUA, e com isso o stress passou a ser generalizado, com a lira turca recuando 15% ante o dólar na sessão.
No Brasil, os reflexos do incremento ao risco foram significativos, e ainda contaram com a interpretação do primeiro debate presidencial, ocorrido na noite anterior, que foi considerado morno, sem o destaque contundente de nenhum candidato sobre outro capaz de fazer a balança pender para quaisquer definições.
Com isso, os investidores operaram de maneira defensiva, observando o turbilhão vindo da Turquia, desfazendo posições no mercado de renda variável, e imprimindo alta do dólar perante o real, bem como prêmio adicional nos juros.
Ibovespa.
A derrocada da bolsa aconteceu em praticamente todos os setores, mas os destaques da queda ficaram por conta do financeiro e de siderurgia, além da Petrobras.
Na ponta oposta, favorecidos pelo link com o dólar, o setor de papel e celulose foi praticamente o único a sustentar ganhos ou estabilidade.
O Ibovespa fechou aos 76.514 pts (-2,86%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 12,30 bilhões, sendo R$ 11,83 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 8 (último dado disponível), houve ingresso líquido de R$ 340,856 milhões em capital estrangeiro na bolsa, elevando o saldo de agosto para R$ 587,607 milhões. Em 2018, o saldo ainda é negativo em R$ 5,575 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, as vendas no varejo no conceito restrito relativas ao mês de junho recuaram 0,3% na passagem ante maio na série ajustada sazonalmente, vindo aquém das projeções de mercado (+0,1%). Já no conceito amplo, que inclui as categorias de materiais de construção, veículos e autopeças, o número foi melhor do que o esperado: 2,5% ante 2,1% do consenso das projeções. Na variação ante junho de 2017 as variações foram de 1,5% e 3,7% nos conceitos restrito e amplo respectivamente.
Ainda no Brasil, a primeira prévia da inflação medida pelo IGP-M de agosto ficou em 0,70% na passagem ante igual apanhado do mês anterior. O número mostrou aceleração não apenas diante de julho (0,41%) mas também excedeu a mediana das projeções (0,22%). Na decomposição do indicador, O IPA-M (atacado) subiu 1,03% (+0,34% na primeira prévia de julho), o IPC-M (varejo), recuou 0,07% (+0,39% em julho), enquanto o INCC-M, (construção civil) teve aumento de 0,41% (ante 0,91% na primeira prévia de julho).
Câmbio e CDS.
O receio de contágio da crise econômica turca a outras economias emergentes fez com que o dólar avançasse significativamente ante moedas destas praças. No Brasil o cenário que não contou com nenhuma notícia positiva capaz de amenizar o clima, a moeda encerrou cotada a R$ 3,8575 (1,50%).
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos avançou a 237 pts, ante 226 pts da véspera.
Juros.
A escalada da tensão com a situação econômica na Turquia além de pressionar o câmbio puxou forte alta nos juros futuros. Houve expressivo avanço ao longo de toda a estrutura a termo da curva, em especial nos vértices mais longos.
Para a próxima semana.
No Brasil, volume do setor de serviços (IBGE), dados de inflação como IGP-10 e IPC-S (FGV), e o grande destaque, a atividade econômica pelo IBC-BR (Bacen). No exterior, vendas no varejo e produção industrial na China, PIB na Alemanha e Zona do Euro, Inflação ao consumidor na França, Alemanha e Zona do Euro, e nos EUA vendas no varejo, produção industrial, e confiança pela Universidade de Michigan.
Confira no anexo a íntegra do Relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 10.08.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e RAFAEL REIS, CNPI-P. ambos da equipe do BB Investimentos
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