Diário de Mercado na 6ª feira, 01.06.2018
Ibovespa inicia junho em alta, apesar de queda da Petrobras
01/06/2018
Resumo.
A notícia do dia em âmbito doméstico foi o pedido de renúncia do presidente da Petrobras Pedro Parente. O fato, que parecia mais iminente no auge do movimento grevista dos caminhoneiros se concretizou com certo atraso, e caiu como uma bomba no mercado financeiro, severamente punindo as ações da companhia na B3. Estas chegaram a cair 21% no momento mais íngreme, marcando a maior oscilação das ações da companhia em 24 anos.
À disseminação do retrocesso na política de preços da companhia somou-se a especulação com a compensação fiscal do governo sobre o alívio de impostos sobre o Diesel, já apelidado de “bolsa-caminhoneiro”. Dos R$ 13,5 bilhões de renúncia fiscal estimados pelo governo com a medida, parte da fatura virá da reoneração da folha de pagamento de alguns setores, e outra parte deverá vir do setor exportador, além de gastos sociais variados.
Tudo isso contribuiu para mais uma sessão de elevação do risco percebido pelos agentes, com abertura da curva de juros futuros, mais uma alta do dólar e disparada do CDS de 5 anos.
Ibovespa.
A forte queda nas ações da Petrobras por conta da renúncia de seu presidente foi amenizada pela boa performance de outros setores, como o financeiro e de mineração e siderurgia, o que impediu o Ibovespa de operar em queda. Mas a maior alta veio justamente da companhia mais cotada para receber o agora ex-Petrobras Pedro Parente em sua presidência: a BRF.
O índice encerrou aos 77.239 pts (0,63%), variando -2,10% na semana, 1,10% no ano e 23,17% em 12 meses. O volume preliminar da Bovespa foi de R$ 14,84 bilhões, sendo R$ 14,41 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 2ª feira, 28.05, último dado disponível, houve retirada líquida de capital estrangeiro em R$ 967,78 milhões da bolsa, nona sessão negativa consecutiva. O saldo negativo de maio se intensificou para R$ 7,423 bilhões e o saldo no ano segue deficitário em R$ 3,001 bilhões.
Agenda Econômica.
Nos EUA, o dado mais relevante da semana - payroll – surpreendeu os analistas ao indicar em maio a criação de 223 mil postos na economia, número acima do previsto, em 190 mil. Além disso, não apenas houve revisão dos meses anteriores em 15 mil vagas adicionais, como a taxa de desemprego caiu a 3,8%, ante 3,9% projetado.
A pujança do indicador foi moderada, mas consistente, indicando ainda que o ganho médio dos trabalhadores avançou 0,3% na passagem do mês, e 2,7% no horizonte anual, superando as estimativas, que pairavam respectivamente em 0,2% e 2,6%.
Em nossa visão, o apanhado de dados reforça a possibilidade de um 4º aumento de juros por lá em 2018, na medida que a economia em pleno emprego dá sinais de resiliência, e acumula evidências de maior probabilidade de escalada da inflação em direção à meta do governo em um futuro próximo.
Câmbio e CDS.
A renúncia do CEO da Petrobras também exerceu influência bastante negativa no câmbio, e o dólar voltou a escalar, ao maior nível desde março de 2016. A divisa fechou cotada a R$ 3,7645 (0,60%), e acumula alta de 2,50% na semana, 13,78% no ano e 15,96% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos disparou aos 235 pts, ante 217 pts na véspera, marcando a sétima sessão consecutiva de alta.
Juros.
A percepção de piora no quadro doméstico, com o impacto dos movimentos grevistas na atividade, e por consequência na arrecadação acabou por imprimir nova sessão de inclinação dos vértices ao longo da curva futura de juros, sendo que a seção longa operou em estabilidade, enquanto a curta se retraiu, com ação do tesouro para intensificação da liquidez no mercado.
Para a próxima semana.
Destaque no Brasil para o IPCA de maio e produção industrial de abril. Nos EUA destaque para indicadores de confiança e atividade, como o PMI e ISM de serviços. Na Europa, PIB do 1T, e, na China, balança comercial.
Confira no anexo a íntegra do relatório sde análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 01.06.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos do BB Investimentos
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