Sem bancos públicos, não há desenvolvimento, diz economista em encontro em BH
Sem os bancos públicos, dadas as condições do Brasil, não será possível atingir o desenvolvimento. A afirmativa é do doutor pelo Instituto de Economia da UNICAMP Universidade Estadual de Campinas, Antônio Correia de Lacerda.
Lacerda recebeu o Personalidade Econômica do Ano de 2016 durante o 22º Congresso Brasileiro de Economia, que termina nesta 6ª feira, 08.09, em Belo Horizonte. Também a economista e professora Maria da Conceição Tavares foi homenageada no evento.
Maria da Conceição Tavares e
Antonio Correia de Lacerda
Para o economista, o papel dos bancos públicos é crucial para que um país possa se desenvolver e dar suporte ao crescimento de seu setor industrial.
"Não podemos ficar ao sabor das circunstâncias. Precisamos de uma política industrial que envolva política comercial e política de ciência, tecnologia e inovação",
disse Lacerda.
Os bancos públicos atuam no fomento da indústria nacional, no desenvolvimento regional e no apoio a atividades nas quais grupos privados manifestam pouco interesse ou cuja rentabilidade ainda não é suficiente para que se desenvolvam. Para tanto, são feitos financiamentos e empréstimos, tanto de curto como de longo prazo, em condições mais favoráveis do que as oferecidas pelo mercado.
Preocupação
Lacerda manifestou preocupação com a substituição da TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo pela TLP Taxa de Longo Prazo nas operações de crédito feitas pelo BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A Medida Provisória 777/2017, que instituiu a nova taxa, foi aprovada na 3ª feira, 05.09, pelo Senado e segue agora para sanção presidencial.
"O J [letra jota] faz toda diferença. Uma [taxa] é política pública, definida pelo Conselho Monetário Nacional e, portanto, oferece juros compatíveis com a rentabilidade esperada dos projetos. E a outra é a taxa de mercado que, dadas as condições brasileiras, vai inviabilizar a única fonte de financiamento de longo prazo",
afirmou Lacerda.
A TLP é composta pela variação do IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e pela taxa de juros prefixada das Notas do Tesouro Nacional (NTN-B) vigente no momento da contratação do financiamento. Por outro lado, a TJLP é fixada pelo Conselho Monetário Nacional após avaliar alguns índices econômicos.
O governo alega que a TLP barateia o crédito e facilita o controle da inflação e que o BNDES poderá ter recursos com o menor custo de captação do mercado, permanecendo com um grau importante de incentivo.
De acordo com o Ministério da Fazenda, o ajuste fiscal e as demais reformas econômicas levarão à queda de todas as taxas de juros da economia. Dessa forma, a diminuição do subsídio ao crédito não significará o aumento da taxa de juros real paga pelos clientes do BNDES. A pasta avalia também que não há evidências empíricas de que o forte aumento do crédito subsidiado tenha alavancado o investimento.
O 22º Congresso Brasileiro de Economia teve início na 4ª, 06.09, e termina nesta 6ª feira, 08.09, com a participação de mais de 1,5 mil pessoas, incluindo diversos renomados economistas brasileiros e também convidados internacionais. Trata-se de um dos maiores eventos de economia do país.
O tema desta edição é “Desenvolvimento Econômico, Justiça Social e Democracia: Bases para um Brasil Contemporâneo”.