Definição: corte de 100 ptos-base na taxa Selic, para 8,25%
O Copom anunciou, no início da noite de hoje, um corte de 100 pontos-base na taxa Selic, reduzindo a meta para 8,25% a.a., em decisão unânime, sem viés. Esta é a oitava redução consecutiva, que teve início na resolução de 19 de outubro de 2016.
A decisão, que veio em linha tanto com a nossa estimativa, como com a parcela majoritária do mercado, evidenciou um avanço nas condições macroeconômicas desde a última reunião, em 26 de julho.
O comunicado que acompanhou a deliberação foi mais transparente quanto ao ritmo futuro do ciclo de afrouxamento monetário. Em um primeiro momento, sua análise permitiu entender que a dinâmica inflacionária passou a influenciar de modo mais considerável, inclusive porque dúvidas quanto a algumas reformas já foram dirimidas, especialmente com a aprovação daquelas no âmbito creditício, bem como recentes dados econômicos já sinalizaram que o País está em gradual recuperação de crescimento. Nós consideramos uma variação do PIB em +0,7% para 2017.
Perspectivas.
A parcela mais relevante do comunicado, em nossa visão, relacionou-se à dinâmica futura dos juros. Especificamente os trechos que ressaltaram o caráter gradualista a ser adotado (vide destaques abaixo), assim como a adoção de um ritmo mais moderado na próxima reunião reforçam nossa visão de cortes de 75 pontos-base e 50 pontos-base nos dois próximos e últimos encontros deste ano, levando a Selic a fechar o ano em 7,00% em 2017.
Já para 2018, percebesse uma inflexão na curva de juros, solidificando o consenso do mercado de uma ligeira elevação na taxa Selic em algum período no ano vindouro. Também, dependendo das condições econômicas, a taxa básica de juros poderá ainda transitar abaixo de 7,00% no princípio de 2018.
A sutileza da adição da expressão “bastante” à mesma sentença adotada no comunicado anterior, na frase “O comportamento da inflação permanece bastante favorável…”, também corroborou nossa percepção de uma desaceleração nos preços mais vigorosa do que anteriormente esperada pelo Banco Central.
Dado que mesmo com a bandeira vermelha na energia elétrica no mês de agosto o IPCA foi de apenas 0,19%, graças à desaceleração dos preços dos alimentos, entendemos que em setembro, com a redução da tarifa com a implementação da bandeira amarela, a inflação deve permanecer baixa.
Sendo assim, esperamos, neste momento, que o IPCA fechado de 2017 situe-se na casa dos 2,7%.
Os destaques do comunicado incluem:
- “Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária. Além disso, nessas mesmas condições, o Comitê antevê encerramento gradual do ciclo”;
- ”O Comitê entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”.
- “O comportamento da inflação permanece bastante favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”.
Confira no anexo a integra do relatório elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, analista senior, e Rafael Freda Reis, CNPI-P, analista, ambos da equipe do BB Investimento
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