Boletim Focus, do Banco Central - 05.06.2017
2017: IPCA retornou e 2018: PIB baixou – Selic inalterada em ambos.
O relatório semanal Focus do Banco Central, que traz a mediana das projeções de mercado, teve como destaque a não modificação das expectativas dos agentes em relação a taxa Selic para 2017 e para 2018, apesar da decisão do Copom na 4ª feira passada, dia 31 de maio.
Já o IPCA, que havia subido apenas na última semana por questões de elevação da aversão ao risco, após ter decaído por onze semanas consecutivas, tornou a baixar.
O PIB para este ano não foi afetado, mas, mostrou recuo para o 2018, provavelmente pela postura do Banco Central sobre a taxa Selic, com cortes menores e o alongamento do ciclo de afrouxamento monetário.
Vale lembrar que a queda da taxa básica de juros tende a demorar de seis a nove meses para surtir efeito, quanto mais em um cenário ainda recessivo.
No Brasil, os agentes aguardam o desfecho em relação ao destino da chapa Dilma-Temer pelo TSE Tribunal Superior Eleitoral, cujo julgamento está agendado para ter início dia 6 e terminar no dia 8 de junho, mas, caso ocorra algum pedido de vista do processo, a decisão poderá ser postergada, bem como, poderá caber recurso a própria corte e ainda ao STF Supremo Tribunal Federal.
Também, um possível surgimento de novas delações premiadas trazem insegurança ao mercado. Enfim, todos os olhos se mantém focados no imbróglio político e seus desdobramentos.
Externamente, subsiste a questão do presidente Trump na demissão do diretor do FBI. Havia ficado latente com a viagem internacional do Chefe de Estado, mas, já está de volta à pauta dos investidores.
IPCA mantém tendência de baixa.
A inflação ao consumidor, mensurada pelo IPCA, manteve sua tendência de baixa, depois da incerteza advinda da questão política que levou o indicador a uma ligeira subida na semana anterior, por conta da elevação da aversão ao risco, tendo a questão política como “pano de fundo”.
Como o Banco Central prosseguirá com o ciclo de afrouxamento monetário, mesmo que em menor magnitude no curto prazo e os IGPs (inflação ao atacado) mostraram firmes deflações, o IPCA deverá manter uma trajetória tranquila até o final do ano e fechar abaixo do centro da meta estipulada, de 4,5%.
Para maio, cujo dado será divulgado no próximo dia 9, a inflação deverá ser maior do que a de abril, mas, inferior a maio do ano passado. Assim, o acumulado em 12 meses ficará abaixo de 4,0% agora, com o dado de junho podendo até mostrar deflação, mesmo com a mudança de patamar para cima do câmbio, bem como, a tendência é ir se aproximando de 3,0% até agosto próximo, podendo até ficar inferior a este nível
SELIC sem mudança.
A projeções foram mantidas em 8,50%, pela oitava semana para 2017 e pela décima primeira para 2018, mesmo com a postura adotada pelo Banco Central.
No último dia 31 de maio, o Copom cortou a taxa Selic em 100 pontos-base, para 10,25% a.a. O comunicado do comitê citou “em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião” e inclui a questão das reformas como o cerne da questão de futuras reduções.
Síntese
a) O IPCA cedeu a 3,90% para 2017 (3,95% antes) e permaneceu em 4,40% para 2018.
b) A taxa Selic está estacionada em 8,50% tanto para 2017, como para 2018.
c) A taxa de câmbio subiu a R$ 3,30 (R$ 3,25 antes) para 2017 e a R$ 3,40 para 2018.
d) O PIB subiu a 0,50% (de 0,49% antes) para 2017 e a 2,40% (de 2,48% antes) para 2018.
e) O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) arrefeceu para 237 pts (2/jun), versus 239 pts da semana anterior (26/mai).
Confira no anexo a integra do estudo sobre o BOLETIM FOCUS, de 05.06.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI, ambos do BB Investimentos