Diário do Mercado na 4ª feira, 31.05.2017
Mercado realiza antes de definição do Copom, que optou pela manutenção do ritmo de afrouxamento monetário
Resumo.
Anteriormente à definição de juros pelo Copom, os mercados acionários operaram estressados, refletindo primordialmente a elevação de incertezas externas, além da volatilidade das commodities. Na contramão, denotando um ajuste interno de última hora, os juros e o câmbio tiveram uma sessão favorável.
Após o fechamento dos mercados, o Copom cortou a taxa Selic em 100 pontos-base, reduzindo-a para 10,25% a.a.. Vale lembrar que este consenso foi revisto apenas recentemente e reduzido de 125 pts-base. O comunicado do comitê citou
“em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião”.
Vale ressaltar que o IPCA (inflação ao consumidor oficial) já deverá situar-se abaixo de 4,0% em maio e tende a circundar os 3,0% até agosto próximo, que é o piso do intervalo estipulado, cujo centro é 4,5% e o teto é 6,0% para 2017.
Assim, mesmo que em menor magnitude, o ciclo de afrouxamento monetário deverá prosseguir. A decisão subsequente está agendada tão somente para o dia 26 julho próximo.
Ibovespa.
Dados mais fracos da economia norte-americana, além de recuo no petróleo elevaram externamente a aversão ao risco, influenciando o mercado doméstico, que realizou firme neste pregão.
Apesar da queda generalizada, foram a Petrobras e a Vale quem capitanearam as principais perdas ponderadas do índice, respectivamente na esteira de recuo de mais de 3% no barril do petróleo no mercado internacional, bem como de queda de 2,5% do minério de ferro na China.
Com isso, o benchmark doméstico fechou aos 62.711 pts (-1,96%), com o preliminar vigoroso giro financeiro da Bovespa em R$ 11,679 bilhões, sendo R$ 11,300 bilhões no mercado à vista.
Capitais Exterrnos na Bolsa
O capital estrangeiro à bolsa mostrou ingresso líquido de R$ 89,325 milhões em 29 de maio - último dado disponível - passando a acumular entrada de R$ 2,708 bilhões no mês. Em 2017, o saldo positivo líquido é de R$ 6,22 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a taxa de desemprego trimestral, mensurado pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) contínua ficou em 13,6% até abril, versus 13,7% no dado apurado até março, estando o consenso em 13,8%.
Apesar do aparente alento, no entanto, verificou-se que o aumento da população ocupada ocorreu em atividades sem carteira assinada, que denota um avanço na informalidade e na atividade de menor renda, enquanto os postos formais continuaram se retraindo. Já a confiança do consumidor (CNI – Confederação nacional da Indústria) recuou a 100,6 em maio, ante 103,4 em abril.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) acompanhou ante o real o mesmo comportamento visto versus a maioria das divisas globais e desvalorizou-se moderadamente, no contrassenso à elevação da aversão ao risco vista no mercado de renda variável.
A moeda fechou cotada a R$ 3,2310 (-0,86%).
Risco País
O CDS brasileiro de 5 anos oscilava em 238 pts, ante 237 pts da véspera.
Juros.
Houve queda consistente na curva futura dos juros na sessão, em especial nas zonas curta e intermediária, denotando uma aposta de última hora em um corte agressivo de juros pelo Copom, influenciada ainda pela queda do dólar.
Enfim, nossa visão de que o corte de 100 pontos – que também era predominante no mercado e que veio a se confirmar - contava com um viés de maior amplitude devido à desaceleração inflacionária amplamente disseminada e à ainda fraquejante atividade econômica doméstica em geral.
Para a 5ª feira.
A primeira sessão de junho pesa na agenda econômica com a divulgação do PIB 1T17 do Brasil, além da utilização da capacidade industrial em abril pela CNI e a balança comercial mensal de maio.
Externamente, nos EUA, o ADP traz a variação do setor de empregos norte-americano e abre alas para o destaque da semana, o payroll (criação de vagas na economia), que será divulgado na 6ª feira. Também sairão a prévia final da produtividade de produtos não-agrícolas, o custo da mão de obra – ambos relativos ao 1T17, e o índice de gerente de compras (PMI) de maio, que reforçarão a agenda.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 01.06.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, RAFAEL REIS, CNPI-P Analista, ambos do BB Investimentos