Boletim FOCUS, de 29.05.2017
2017 e 2018: incertezas levam a pontual alteração de expectativas.
O relatório semanal Focus do Banco Central, que traz a mediana das projeções de mercado, mostrou leve azedamento de uma parte dos agentes em suas estimativas, mas, que não denota ainda ser uma tendência.
Este viés adveio do imbróglio político doméstico e da percepção que isto poderá causar sobre as reformas propostas pelo governo, influenciando tanto 2017, como 2018.
Em verdade, as alterações espelharam uma mudança de patamar, no curto prazo, da aversão ao risco do País, que subiu.
Vale ressaltar que, sem notícias de peso, a única vertente para posicionar os investidores, foi a colocação em perspectiva negativa da classificação soberana do Brasil – que já se encontra dois degraus abaixo da escala de grau de investimento, pela agência internacional de rating, Moody’s, na 6ª feira passada, após estarem fechados os mercados, após a agência S&P ter feito o mesmo no último dia 22 de maio.
No momento, esperam-se sinalizações mais claras em relação as questões políticas no Brasil e nos EUA - que envolvem o presidente Donald Trump.
IPCA deslizando.
A inflação medida pelo IPCA-15, considerado como prévia do IPCA fechado do mês, apurou variação de +0,24% em maio, não distante do +0,21% em abril. Já o acumulado em 12 meses decaiu para +3,77% em abril versus 4,41% em março.
Os dados mensais têm registrado seguidamente taxas baixas e agora apenas seguiu ratificando a tendência de desaceleração inflacionária, mesmo que esteja advindo pelo lado do cenário recessivo.
A percepção é que a inflação acumulada em 12 vezes permanece declinante e ficará inferior a 4,0% em maio e que poderá mostrar deflação em junho, bem como, mesmo com a pequena alta da taxa de câmbio no curto prazo, cederá para 3,0% até agosto próximo.
SELIC sem mudança. A projeções foram mantidas em 8,50%, pela sétima semana para 2017 e pela décima para 2018, com os agentes optando por aguardar a decisão da próxima quarta-feira (31) pelo Copom.
Mesmo com a visão de espaço para um corte mais agressivo pela autoridade monetária devido à inflação declinante e também pelo fato que a política monetária represente agora a única arma do governo para estimular a economia – já que a política fiscal encontra-se travada - entendemos, neste momento, que o Bacen deverá optar por uma dose extra de parcimônia, tendo em vista os atuais imbróglios políticos, no Brasil e nos EUA, cortando 100 pts-base, baixando a taxa Selic dos atuais 11,25% a.a. para 10,25% a.a. Vale ressaltar que antes esperávamos diminuição de 125 pts-base, que ainda não está totalmente descartada, visto que o cenário doméstico para inflação mostra-se firmemente cadente, com a possibilidade de haver até deflação no mês de junho, bem como, uma taxa mais baixa de juros tende a estimular o crescimento. Enfim, opções agora na mão do Banco Central.
PIB melhorou. O PIB esperado cedeu ligeiramente, permanecendo próximo de +0,50% para 2017 e em +2,48% para 2018.
Síntese
O IPCA subiu a 3,95% para 2017 (3,92% antes) e a 4,40% (4,34% antes) para 2018.
A taxa Selic situa-se em 8,50% tanto para 2017, como para 2018.
A taxa de câmbio avançou a R$3,25 (R$3,23 antes) e a R$3,37 (de R$3,36) para 2018.
O PIB cedeu a 0,49% (de 0,50%) para 2017 e a 2,48% (de 2,50%) para 2018.
O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) arrefeceu para 239 pts (26/mai), versus 247 pts da semana anterior (19/mai).
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