Diário do Mercado na 2ª feira, 30.05.2017
Bolsa recuperou parte das perdas de véspera, mas giro foi baixo com investidores mirando a decisão do Copom
Resumo.
No dia anterior à definição da taxa básica de juros pelo Copom, o mercado operou predominantemente cauteloso nos âmbitos de bolsa e dólar, mas, com avanço nos juros futuros (DIs), ajustando apostas finais ante mais uma etapa do ciclo de afrouxamento monetário, onde predomina a expectativa de um corte de 100 pts-base na taxa Selic.
Ademais, esta resolução do Banco Central coincide com o término de maio e traz algum “efeito final de mês”, ajudando a evitar quedas mais abruptas.
Vale ressaltar que assim como na segunda-feira, o giro financeiro esteve aquém do desejável – ou seja, esses dois pregões não revelam nenhuma tendência predominante se sobressaindo.
Ibovespa.
Mesmo com o retorno em viés pessimista dos mercados norte-americanos à ativa após o feriado de Memorial Day na segunda-feira, o Ibovespa operou descolado por conta de já ter caído do pregão anterior e pela proximidade da decisão do Copom sobre juros.
Favorecido pelo setor financeiro e pela Vale, mas, contrabalançado pelas perdas da Petrobras, o índice doméstico fechou aos 63.962 pts (+0,32%), com o morno volume financeiro preliminar da Bovespa em R$ 5,498 bilhões, sendo R$ 5,325 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa - O capital estrangeiro para bolsa mostrou ingresso líquido de R$ 151 milhões em 26 de maio - último dado disponível - passando a acumular R$ 2,69 bilhões no mês. Em 2017, o saldo positivo líquido atingiu R$ 6,130 bilhões.
Agenda Econômica.
Brasil - No Brasil, o IGP-M (inflação ao atacado) medido pela FGV mostrou um recuo de 0,93% em maio – a maior retração para estes meses desde 1997. Apesar da deflação ter sido menor ante o verificado em abril (-1,10%), o dado veio mais baixo do que as projeções, cujo consenso apontava para -0,84%.
Na decomposição do indicador verificou-se que o IPA-M (atacado, peso 60%) variou -1,56%, ante -1,77% em abril; ao passo que o IPC-M (varejo, peso 30%) oscilou +0,29% ante +0,33% em abril; e INCC-M (construção civil, peso 10%) subiu a +0,13% de -0,08% em abril. O indicador passou a acumular agora +1,57% em 12 meses e -1,29% em 2017.
EUA - Nos EUA, a inflação medida pelo Núcleo do PCE (personal consumption expenditure) oscilou +0,2% em abril versus março, mas, cedeu a +1,5% (+1,6% em março) no comparativo anual, marcando o seu nível mais contido desde dezembro de 2015.
O dado é o mais influente nas definições de juros conduzidas pelo FOMC, e seu comportamento recente vem mostrando uma perda de tração desde a ascensão de Trump à presidência, ensejando um gradualismo ainda mais suave no ciclo de aperto monetário em andamento na maior economia mundial, já que ao contrário do pretendido, vem se afastando da meta que o Fed estipulou, de +2,0%.
Câmbio e CDS no Brasil.
O dólar comercial (interbancário) acompanhou ante o Real o mesmo comportamento visto versus demais divisas emergentes e desvalorizou-se ligeiramente, alheio ao incremento percebido pelo mercado de incertezas políticas domésticas. A moeda americana fechou cotada a R$ 3,2590 (-0,24%).
Risco Brasil - O CDS brasileiro de 5 anos oscilava em 237 pts, ante 238 pts da véspera.
Juros. A visão positiva do cenário desinflacionário em andamento, corroborado mais uma vez pelo IGP-M aquém do esperado agora foi sobrepujado pelo incremento nas incertezas no front político na sessão, pressionando os juros, que se elevaram ao longo de toda a curva.
Para a quarta-feira.
A taxa de desemprego e a definição da taxa Selic no Brasil trazem dobradinha de peso à agenda de eventos do dia, e devem constituir os principais direcionadores dos negócios em âmbito interno.
Ainda que o panorama desinflacionário tenha se acentuado com o IGP-M aquém do esperado nesta terça-feira, as apostas em direção a um corte de 125 pontos-base não se firmou, tendo o mercado majorado as apostas em direção a um corte de 100 pontos-base – também nosso viés – tendo em vista as recente dúvidas em relação ao panorama político.
Confira no anexo a íntegra da análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 30.05.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos