Reversão de tendência, com queda geral de preços
A semana assistiu a uma intensa ruptura com os padrões de comportamento anteriores, interrompendo os sucessivos recuos das curvas de juros e passando a configurar uma forte retomada de yields, como reflexo de uma maior demanda por prêmios de risco.
Neste contexto, destaca-se o CDS Brasil de 5 anos, que perdeu o quadro baixista de forma efetiva, subindo de patamar (dos 213 para 250 pontos) e retornando ao campo de alta.
Como reflexo, as curvas de juros avançaram em proporções inusitadas e, em especial, a estrutura do DI futuro passou a embutir um expressivo prêmio, pontuado pela elevada inclinação positiva – ou seja, uma configuração em que os yields de vencimentos longos são precificados em níveis expressivamente maiores que os mais curtos, repercutindo um aumento da exigência de retornos para um período longo de tempo.
Adicionalmente, a curva DI deixou de embutir uma expectativa de corte na taxa Selic em 1,25 p.p., para a próxima decisão do Copom, e passou a refletir apenas 0,75.
Dessa forma, as debêntures monitoradas assimilaram um intenso movimento vendedor, registrando uma média conjunta de variação de preço em -1,8%, representada por 38 ativos em queda e apenas 1 em valorização (CCRD18).
Entretanto, se consideradas apenas as 38 séries em campo negativo, a sua variação conjunta totalizou expressivos -2,4%.
A análise gráfica acompanhou o movimento e aponta reversão de tendência em todos os 12 títulos, com 9 séries em padrão indefinido e 3 em baixa (ANHB16, ECOV22 e RDNT14).
Panorama.
Ao longo dos últimos 4 anos, o volume financeiro negociado no mercado secundário de debêntures vem apresentando discreto declínio em médias mensais, mas com grande volatilidade, alternando meses com picos superiores a R$ 6,3 bilhões e vales abaixo de R$ 2 bilhões.
Neste período, a quantidade de séries negociadas registrou uma média mensal de 195 papéis, entre o máximo de 245 e o mínimo de 145.
Desde os primeiros meses de 2016, os volumes voltaram ao patamar inferior à média móvel de 12 meses, até atingir um novo pico em jun/2016, quando a liquidez se mostrou maior, tanto em número de negócios quanto em volume financeiro. Contudo, cabe registrar que apenas 6 operações de RUMO11 responderam por 28% do volume total naquele mês.
Da mesma forma, a série histórica também apresentou outras distorções em 2016: em out/2016, 8 operações de NCFP12 abrangeram 79,9% do volume do mês; em nov/2016, 2 operações de CCCP11 responderam por 19,73%; e, em dez/2016, a série BEEF13 compreendeu 23% do total, com apenas 2 transações. Em 2017, apenas o mês de abril superou a média móvel de 12 meses.
Os dois picos registrados em out/2013 e set/2014 constituíram movimentos mensais atípicos e pontuais, não se tratando de sazonalidade, apesar da similaridade de datas. Em set/2014, houve forte negociação de títulos da Embratel (EBTE12, com 49,56% do volume do mês, e EBTE14, com 26,32%), ao passo que em out/2013, o mercado registrou aumento pontual no volume financeiro entre diversos títulos, como os de Rio Iac o Participações S.A., Votorantim Cimentos S.A. e Ultrapar Participações S.A., entre outros.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do Mercado Secundário de Debêntures, em 24.05.2017, elaborado por RENATO ODO, CNPI-P, e JOSÉ ROBERTO DOS ANJOS, CNPI-P, ambos do BB Investimentos