Diario do Mercado na 4ª feira, 24.05.2017
Melhor humor do investidor estrangeiro em relação ao Brasil, ajudou a consumar mais uma sessão positiva
Resumo.
A gradual melhora do humor dos investidores estrangeiros com o mercado doméstico manteve sua continuidade nesta quarta-feira. Após a elevação das incertezas em âmbito político na semana anterior, o consenso que vai ganhando corpo junto ao mercado é que haverá uma solução para a questão política, o que embalou os negócios hoje.
Este foi o segundo pregão consecutivo de ganhos, mas, ocorreu alguma realização na hora final.
Ibovespa.
A altas foram difundidas entre a maior parte dos papéis, com destaques para a Petrobras e para o setor de bancos, mas, as ações da Vale sofreram revéses com o preço do minério em baixa de 2,5% no porto de Qingdao, pelo segundo dia seguido. À tarde, a divulgação da ata do Fomc apoiou o avanço em Nova York e repercutiu favoravelmente por aqui.
Neste panorama, o índice brasileiro encerrou aos 63.257 pts (+0,95%), com o volume financeiro preliminar da Bovespa em R$ 9,510 bilhões, sendo R$ 9,142 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O capital estrangeiro líquido à bolsa, com o ingresso de R$ 698 milhões na 2ª feira 22.04, - último dado disponível – passou a somar R$ 1,840 bilhão em maio. Em 2017, o saldo acumula agora ingresso de R$ 5,35 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a dívida pública federal atingiu o estoque de R$ 3,244 trilhões em abril, uma alta de 0,32% ante março, resultante da correção de juros do estoque anterior que computou R$ 23,61 bilhões menos resgates de R$ 13,25 bilhões.
A confiança do consumidor medida pela FGV relativa ao mês de maio tornou a se elevar, e atingiu 84,2 ante 82,2 no mês anterior. Ainda que tenha havido avanço, a confiança do consumidor oscila frente às elevadas incertezas relativas ao ambiente econômico, catalisadas ainda pelo imbróglio político surgido na semana passada.
Nos EUA, a divulgação da ata relativa à última reunião do Fomc corroborou, até certo ponto, o sentimento de perda da continuidade da franca expansão econômica outrora em andamento na maior economia mundial. Ainda que positiva quanto à economia e mercado de trabalho em geral, bem como que a sinalização tenha sido a de uma elevação nas taxas “em breve”, a análise dos dirigentes do Fed ressaltou dois pontos que reacendem dúvidas:
i) indícios de possível reversão da tendência inflacionária, que pode então estar afastando-se da meta do governo em 2% a.a. no PCE (Personal Consumption Expenditure) e
ii) o PIB relativo ao 1T17 ter sido excepcionalmente fraco devido a uma queda no consumo – o que a autoridade monetária ressalta que espera ter sido pontual.
Os questionamentos devem pautar as discussões dos próximos dias, já que a outrora certeza de elevação das Fed Funds por lá em junho agora paira ao redor de 80% graças a tais indícios de perda de embalo econômico nos EUA, especialmente após o início do governo Trump, que pouco entregou de concreto até agora em termos de reformas ou estímulos.
Câmbio e CDS.
Entre altas e baixas na sessão, o dólar encerrou as negociações em ligeira valorização ante o real na esteira da elevação da probabilidade de alta de juros pelo Fomc nos EUA em junho, assim como o pontual incremento da aversão ao risco oriundo das manifestações em Brasília. A moeda findou a R$ 3,2800 (+0,46%).
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos orbitava a casa dos 239 pts, ante 241 pts da véspera.
Juros.
Refletindo a percepção externa melhor sobre as expectativas futuras do País, com possível solução do imbróglio político, os juros futuros (DIs) recuaram ao longo de toda a sua curva de estrutura a termo.
Para a 5ª feira.
A agenda econômica prevê no Brasil o resultado primário do governo central, bem como dados de crédito do Bacen relativos ao mês de abril. No Reino Unido, está agendada a divulgação do PIB 1T17.
Com a fraca agenda, os agentes devem se manter atentos a possíveis desdobramentos no front político.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 24.05.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T Analista Senior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos