Cenário Internacional
pelo Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos do Bradesco
Desempenho positivo do setor industrial dos países desenvolvidos impulsionou mais uma vez a alta do índice PMI Global em fevereiro
A expectativa de retomada disseminada da atividade econômica global tem ganhado força, principalmente nas economias desenvolvidas, como os EUA, China e Área do Euro.
De fato, os últimos dados divulgados fortalecem a percepção de crescimento sustentado do PIB mundial no curto prazo. Nesse contexto, o índice de atividade da indústria global (PMI Global) subiu de 53,1 para 53,7 pontos na passagem de janeiro para fevereiro.
O resultado sugere uma aceleração do ritmo da atividade industrial no período (lembrando que os valores acima de de 50 pontos indicam crescimento da atividade industrial).
Mais uma vez, a elevação do indicador foi impulsionada pelo desempenho positivo dos países desenvolvidos. Vale destacar a LTA DE 1,7 ponto na margem do índice ISM da indústria de transformação dos EUA, atingindo seu maior nível desde agosto de 2014.
No mesmo sentido, os indicadores de Japão e Área do Euro registraram expansão de 0,6 e 0,2 ponto na mesma métrica, respectivamente. Os países emergentes registraram ligeiro crescimento do indicador agregado da indústria no período, diante da elevação dos índices da China e Índia, ambas de 0,3 ponto
Especificamente em relação ao indicador chinês, o resultado foi puxado pelo maior crescimento da produção e de novos pedidos. Em contrapartida, contribuíram de forma negativa os índices de Indonésia e México, que registraram quedas de 1,1 ponto e 0,2 ponto, nessa ordem.
Em suma, o resultado agregado sugere ligeira aceleração da atividade econômica mundial fevereiro. Mantido o ritmo de expansão para o restante do primeiro trimestre de 2017, o PIB mundial deverá crescer próximo de 4.0% em termos dessazonalizados e anualizados nos primeiros três meses do ano.
EUA – Livro Bege não trouxe novos elementos acerca da atividade econômica e na inflação norteamericana
O livro Bege, divulgado na última 4ª feira pelo FED, não trouxe novos elementos acerca do ritmo de crescimento da economia norte-americana e de elevação dos salários e da inflação.
Em relação ao documento anterior, os estados reportaram que a atividade econômica cresceu em ritmo moderado entre janeiro e fevereiro, com o consumo subindo modestamente.
A confiança continua mostrando otimismo sobe o curto prazo, ainda que em menor intensidade que no período anterior.
Já o mercado de trabalho permaneceu apertado no início deste ano, com o emprego crescendo moderadamente na maioria dos distritos pesquisados. Os salários também subiram em velocidade modesta, com poucos estados reportando aceleração dos mesmos.
Com isso as pressões de preços não se alteraram de maneiro relevante, com a maior parte dos distritos reportando ligeira alta de preços.
Diante disso, mantemos nossa expectativa de continuidade de normalização da política monetária dos EUA, com a primeira alta da taxa de juros devendo ocorrer em maio.
Área do Euro – Maior pressão dos preços de alimentação e energia impulsionou a aceleração da inflação ao consumidor em fevereiro
O índice de preços ao consumidor da Área do Euro acelerou de uma variação interanual de 1,8% para outra de 2,0% na passagem de janeiro para fevereiro, de acordo com os dados preliminares divulgados pela Eurostat. O
movimento foi explicado pelas maiores pressões dos preços de alimentação, que subiram 2,5% no mês passado, também na comparação interanual, ante elevação de 1,8% observada anteriormente.
No mesmo sentido, os preços de energia oscilaram de uma expansão de 8,1% para outra de 9,2%, refletindo o avanço dos preços de commodities em relação ao mesmo período do ano passado.
Já o núcleo, que exclui os preços de alimentação e energia, manteve o mesmo ritmo de alta dos dois meses anteriores, ao subir 0,9%.
Além disso, o índice de preços ao produtor de janeiro registrou alta interanual de 3,5%, também acelerando em relação ao mês anterior (1,6%). O resultado foi puxado pela expansão de 9,7% dos preços de energia (ante elevação de 8,2%) e de bens intermediários, que passaram de um crescimento de 0,8% para outro de 2,1%.
Esperamos continuidade da aceleração da inflação na Área do Euro, diante das altas interanuais dos preços de commodities energéticas no mercado internacional. Acreditamos que o crescimento econômico impulsionará de forma bastante gradual o núcleo da inflação ao consumidor.
Tendências de Mercado
O dólar ganha valor ante as principais moedas, com a expectativa de elevação mais rápida dos juros norte americanos após a divulgação de dados fortes de atividade, em linha com os discursos de membros do FED.
O mercado aponta como provável uma alta já na reunião de março, enquanto nossa expectativa é de que essa elevação ocorra em maio.