Surpresa nas importações garante superávit maior em fevereiro
02.03.2017
As importações foram a principal surpresa em relação à nossa projeção, tendo desacelerado na última semana do mês.
O superávit comercial em fevereiro alcançou US$ 4,6 bilhões, bem acima das nossas expectativas (US$ 3,4 bi) e do consenso de mercado (US$ 3,3 bi).
As exportações somaram US$ 15,5 bi, um avanço de 1,9% frente ao mês anterior (com ajuste sazonal). Já as importações desaceleraram na última semana do mês e somaram US$ 10,9 bi, um recuo de 1,7% frente ao mês anterior. Em relação a fevereiro de 2016, as exportações avançaram 22,4% e as importações, 11,8%.
Acumulado em doze meses, o resultado comercial avançou para US$ 51 bi de superávit. A média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada também avançou, para US$ 69 bi. Assim como em janeiro, o resultado do último mês foi superior aos observados em média nos meses de fevereiro.
As exportações avançaram 22,4% na comparação anual controlando pelo número de dias úteis. O aumento foi disseminado entre as categorias, com destaque para a venda de básicos (48,3%) pelo segundo mês consecutivo. Na comparação mensal (com ajuste sazonal) as exportações também avançaram (1,9%), também com alta forte nas exportações de itens básicos (8,0%). Os preços mais altos de importantes commodities exportadas (petróleo, milho, açúcar e minério de ferro, por exemplo) contribuíram positivamente. Vale ressaltar também o forte aumento no volume exportado de petróleo bruto, óleos combustíveis, gasolina e soja.
As importações foram a principal surpresa em relação à nossa projeção, tendo desacelerado na última semana do mês. Ainda assim, as compras do exterior subiram na comparação anual pelo terceiro mês consecutivo (11,8%), puxado por bens intermediários (16,3%) e combustíveis (34,9%). As importações de bens de capital e bens de consumo, no entanto, recuaram na comparação anual (-9,8% e -4,4%, respectivamente).
Na comparação mensal (com ajuste sazonal), depois de dois meses consecutivos de alta, as importações totais voltaram a recuar (-1,7%) com queda de intermediários (-8,5%), bens de consumo duráveis (-19,2%) e combustíveis (-3,5%). As compras de bens de capital, por sua vez, avançaram 5,7%.
Expectativas
Mantemos a nossa visão de superávits comerciais um pouco menores do que em 2016 ao longo dos próximos anos ainda que o forte resultado do início do ano coloque um viés de alta na nossa projeção, em função do aumento da quantidade exportada de alguns itens básicos.
Esperamos que a combinação de câmbio médio ligeiramente mais apreciado (em termos reais), recuperação da demanda doméstica e preços de commodities abaixo dos patamares atuais resultem em números mais fracos nos próximos meses.
Julia Gottlieb
do Itaú BBA Análises Econômicas
Arquivo original poderá se localizado no endereço a seguir:
Confira no anexo a íntegra do estudo elaborado por economista do ITAÚ BBA, JÚLIA GOTTLIEB, a respeito do comportamento da Balança Comercial Brasileira em fevereiro/2017