Diário do Mercado na 3ª feira, 14.02.2017
Percepção externa favorável derruba CDS brasileiro e dólar perde seu suporte informal de mercado.
Resumo do dia.
Nos EUA, a renúncia de Michael Flynn ao cargo do conselheiro de segurança do presidente Donald Trump manteve os investidores cautelosos no início dos negócios, enquanto aguardavam o evento mais relevante do dia: o discurso da presidente do Fed no congresso norte-americano.
As palavras de Janet Yellen trouxeram sentimentos mistos, ao denotar maior urgência no andamento do ciclo de normalização monetária, mas, por outro lado, não transpareceu convicção na convergência dos indicadores econômicos e de emprego às expectativas do Fed.
No Brasil, induzida por uma melhor visão externa sobre a economia do País, a queda do dólar teve destaque maior, cuja cotação fechou abaixo do piso anterior de R$ 3,10.
Mercado de Ações.
Petrobras e Vale se contrapuseram em suas contribuições ponderadas ao benchmark da bolsa brasileira. As ações da petrolífera avançaram, apoiadas na subida da cotação do petróleo, devido a cortes de produção por parte da Opep, enquanto os papéis da mineradora caíram, seguindo a desvalorização do minério de ferro na China.
Com isso, o Ibovespa, que vinha de cinco pregões consecutivos de ganhos, terminou sofrendo pequena realização, fechando aos 66.712 pts (-0,38%), acumulando agora +0,89% na semana, +3,16% no mês, +10,77% no ano e +67,59% em 12 meses.
O giro financeiro preliminar da bolsa foi de R$ 8,78 bilhões, sendo o volume do mercado à vista de R$ 8,48 bilhões. Vale lembrar que amanhã (4ªfeira, 15.02) haverá o vencimento de índice futuro e de opções sobre o índice na Bovespa, que elevará naturalmente o volume aos negócios.
Um maior incremento de volatilidade também deverá ser esperado, visto que na próxima 6ª feira, 17.02, é o dia final da zeragem de opções sobre ações – mercado liderado por Petrobras e Vale, cujo vencimento do exercício se dará na próxima 2ª feira, 20.02.
O capital estrangeiro na bolsa em fevereiro (até dia 10) inverteu a leitura, que até o dia anterior denotava saída líquida, e passou a registrar ingresso de R$ 137,7 milhões. Em 2017, o saldo já soma entrada de R$ 6,38 bilhões.
Agenda Econômica.
Internamente, as vendas do comércio varejista relativas a dezembro e do ano de 2016 fechado vieram aquém do esperado. No conceito restrito, houve retração de 2,1% na margem mensal, invertendo o avanço de 1,0% em novembro, vindo abaixo das projeções (consenso -2,0%).
No comparativo contra dezembro de 2015, variou -4,9%, também situando-se inferior aos prognósticos (-4,6%). O indicador restrito acumulou -6,2% em 2016 – a pior variação da série histórica iniciada em 2001, após ter caído 4,3% em 2015.
Já no conceito ampliado, que também considera os grupos materiais de construção e veículos, motos e autopeças, o recuo em dezembro foi menor, de -0,1% ante +0,2% em novembro. Na comparação ante dezembro de 2015, a retração no conceito ampliado foi de 6,7%, em linha com as estimativas, mas, alargando a margem negativa ante o verificado em novembro, em -5,3%.
Os dados de dezembro confirmaram a visão anterior que as compras de natal haviam sido antecipadas para novembro.
Juros.
Após iniciar o dia em queda, acompanhando o dólar, os juros passaram a operar com viés de alta por ocasião da fala de Yellen. À tarde, no entanto, a piora no humor não se sustentou, tendo a queda do dólar e do CDS como pano de fundo, e a curva cedeu, encerrando os negócios majoritariamente próximo da estabilidade, ante a véspera.
Dólar e CDS.
Colocando um fim ao mistério, o Bacen finalmente anunciou a rolagem parcial de swap cambial para março. Até o momento, seis mil contratos foram postergados, o que representa menos da metade do estoque. O mercado, que aguardava o anúncio para montagem adicional de posições viu no movimento um caráter de controle menos restritivo por parte da autoridade monetária, o que favoreceu a retomada da baixa da divisa norte-americana perante o real.
O dólar comercial (interbancário) encerrou cotado a R$ 3,0930, após ter batido a mínima no dia em R$ 3,0900, acumulando agora -0,55% na semana, -1,81% no mês, -4,89% no ano e -22,60% em 12 meses. Reiteramos nossa visão anterior para o dólar, de queda perante o real no curto e médio prazo.
Risco País
O CDS brasileiro de 5 anos também manteve a trajetória de arrefecimento, terminando em 214 pts, versus 217 pts de ontem - denotando que o mercado acredita cada vez mais que o Brasil caminha na direção de ter sua nota soberana elevada, que hoje situa-se dois degraus abaixo da escala de “grau de investimento”.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 14.02.2017, elabrado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos do BB Investimentos.