Diário de Mercado na 6ª feira, 03.02.2017
Mercado precifica agenda pró reformas. Petróleo sobe com sanção de Trump e minério de ferro tem tombo na China
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, e
Rafael Freda Reis, CNPI-P
Resumo do dia.
No Brasil, dólar e juros prosseguiram reagindo positivamente aos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, que poderão favorecer os andamentos de reformas pretendidas pelo governo.
Nos EUA, os dados de emprego acabaram sendo considerados de viés favorável, com mais vagas geradas, sem pressões salariais.
Já na China, no retorno do feriado de ano novo local (“Ano do Galo”), com anúncio de elevação de juros, que leva a um maior enxugamento de liquidez, terminou por derrubar a cotação do minério de ferro e impactar negativamente as cotações das ações Vale (VALE5: R$ 29,01; -5,41%; e VALE3: R$ 30,61; -6,28%), em meio à temporada de balanços corporativos no Brasil.
Já o aumento de tensões diplomáticas entre Estados Unidos e Irã terminou por pressionar para cima o preço do barril de petróleo e propiciar o avanço dos papéis da Petrobras (PETR4: R$ 15,34; +3,02%; e PETR3: R$ 16,34; +2,77%), que findaram em suas máximas dia.
Também, favoreceu o ganho na sessão desta 6ª feira a recuperação parcial do setor bancário, que sofreu na véspera com um resultado aquém do esperado do Bradesco, bem como o desempenho positivo do setor de construção civil.
Mercado de Ações.
O Ibovespa fechou aos 64.953 pts (+0,58%), acumulando -1,63% na semana, +0,44% no mês, +7,85% no ano e +64,07% em 12 meses. Esta foi a primeira baixa semanal, depois de cinco semanas seguidas de altas.
O giro financeiro preliminar da bolsa nesta sexta-feira foi de R$ 8,52 bilhões, sendo o volume do mercado à vista de R$ 8,18 bilhões. Em suma, Petrobras, o setor de bancos, o setor de construção civil terminaram em alta, contrabalançando as quedas das ações da Vale.
No último dado disponível, após a Bovespa ter registrado ingresso de capital externo recorde em janeiro de R$6,244 bilhões, houve retirada líquida de R$ 97,673 milhões em 1º de fevereiro.
Agenda Econômica.
Nos EUA, o payroll (criação de vagas na economia) foi de 227 mil vagas em janeiro, superior ao consenso de 180 mil, Vale lembrar que o dado de dezembro foi revisto para 157 mil, de 156 mil antes, e o número de novembro foi revisado para 164 mil, de 252 mil antes, com redução líquida no somatório dos dois meses anteriores. A taxa de desemprego foi a 4,8% em janeiro, de 4,7% em dezembro.
Entretanto, os agentes deram mais relevância ao fato da média de ganhos por hora, que cedeu para +0,1% em janeiro, contra +0,4% em dezembro, inferior ao consenso de +0,3%, ter recuado perante um aumento de vagas, sinalizando que os salários não estão exercendo pressões inflacionárias, levando a percepção que um possível aumento de juros pelo Fed pode ser postergado para mais tarde este ano.
Juros.
A eleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara trouxe bom humor ao mercado, que entende que o nome é alinhado à agenda de reformas pretendida pelo governo. Com a expectativa de desdobramentos positivos no âmbito fiscal doméstico, e favorecidos pelo recuo do rendimento dos US Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), verificou-se recuo firme ao longo de toda a curva da estrutura a termo da taxa de juros (mercado futuro - DIs).
Dólar e CDS.
Após uma abertura em significativa queda, na esteira da definição de nomes considerados favoráveis pelo mercado para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, o dólar recuperou-se gradativamente na parte da tarde, com o chamado “efeito Trump” e findou os negócios não distante da estabilidade.
A divisa, que chegou a ser cotada novamente da casa de R$3,10 no intraday, encerrou cotada a R$ 3,1240 (+0,16%), acumulando-0,79% na semana, -0,83% no mês, -3,94% no ano e -20,20% em 12 meses. O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou em 239 pts, ante 243 pts na véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 03.02.2017, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, e Rafael Freda Reis, CNPI-P, ambos do BB Investimentos S.A.