Em reunião na Fiesp, líderes empresariais anunciam reação contra juros altos
“Banco Central está errado em manter a taxa Selic neste nível absurdo”,
afirma Skaf
Reunidos na Fiesp, representantes de diversos segmentos da indústria, do comércio, dos serviços e do agronegócio decidiram, na última 4ª feira, declarar guerra aos juros altos.
Em entrevista coletiva após a reunião, o presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, explicou que todos os presentes têm a mesma preocupação com a recuperação do crescimento econômico, frente aos quase 13 milhões de desempregados no país. A retomada, disse, é capaz de aumentar a arrecadação pelo governo e de dar fôlego para as empresas.
“Para isso acontecer a primeira coisa é a redução dos juros, tanto da Selic quanto do cartão de crédito e do cheque especial”,
disse Skaf.
“O Banco Central está errado em manter a taxa Selic neste nível absurdo”,
afirmou.
Se o BC tivesse responsabilidade pelo emprego, disse o presidente da Fiesp e do Ciesp, não falaria em necessidade de derrubar a inflação. Com a inflação rumando para 5%, a taxa Selic a 14% é muito alta, explicou.
A taxa de juros está altíssima, lembrou Skaf, num momento em que no mundo elas estão negativas.
“Vamos dialogar com os trabalhadores, e vai haver uma reação muito séria contra os juros altos”,
afirmou.
NOTA DA REDAÇÃO JF
Após protagonizar a mobilização do empresariado e da população contra o governo petista de Dilma Rousseff, de braços com a FEBRABAN, a FIESP se insurge contra a política monetária imposta pelo Banco Central, captaneada por alto funcionário do Bradesco, o atual ocupante da presidência dessa autoridade monetária.
Inequivocamente, esse movimento da FIESP evidencia a estratégia de acuar o Palácio do Planalto, pois demandas da indústria não tem sido atendidas.
Ao contrário, tem sido garantido o atendimento de interesses da FEBRABAN, antagônicos aos da FIESP: além dos elevados juros em momento recessivo da vida nacional e de queda vertiginosa da inflação, o governo fez ouvidos moucos ao pedido da FIESP de não efetivar a devolução prometida de R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro Nacional, os quais poderiam ser destinados à indústria. Com isso, o governo atendeu antiga demanda de bancos de investimento privados, por parcela maior do mercado, e a voz forte ouvida foi a de Armírio Fraga.
Alem disso, neste duro momento de negociação da Reforma da Previdência, esse movimento da FIESP ocorre no sentido de serem assegurados com firmeza e aprovados pela Câmara dos Deputados os termos originais propostos pelo Planalto; e, com isso, viabilizar a inexigência tributária futura ao empresariado, notadamente da contribuição do FINSOCIAL, para os fundos da Previdência Social; e permitir, em um segundo momento, o mais próximo possível, a redução ou mesmo extinção dessa contribuição, categorizada desde há muito como "Custo Brasil".
Articulador notável, Paulo Skaf promete buscar diálogo e atuação com sindicatos e centrais de trabalhadores, a quem tenta conquistar fazendo uso de discurso inédito de queda dos juros de cartões de crédito e cheque especial, não somente dos empréstimos às empresas.
Todavia, a agenda dos trabalhadores concentra-se na luta contra a Reforma da Previdência proposta pelo Planalto, do lado contrário ao da FIESP, e na manutenção do emprego, para o que não há perspectivas visíveis de convergência desses interesses contrapostos, um teste duro à habilidade da direção da FIESP.