GOL - Resultado no 3º trimestre 2016
Forte resultado operacional, com menores custos;
Melhorias no guidance, pós revisão
O resultado do 3T16 da GOL foi positivo em nossa avaliação. A empresa registrou forte crescimento na margem EBIT, atingindo 9,7%, muito além do que esperávamos (4,7%).
Assim, a receita operacional da companhia atingiu R$ 232,6 milhões no período. Quanto à receita líquida total, o terceiro trimestre encerrou em R$ 2.401,4 milhões, em linha com nossas estimativas de R$ 2.325,0 milhões. Nossa perspectiva de longo prazo permanece favorável para a GOL.
Portanto, reiteramos nossas estimativas, bem como nossa recomendação em Outperform para GOLL4 e GOL com preço-alvo YE2017 de R$ 9,50 e US$ 27,90, respectivamente.
Destacamos, também, o crescimento de 60% a/a no EBITDAR, que atingiu R$ 599,5 milhões, com margem de 25,0%, um aumento de 980 bps em relação ao mesmo período do ano anterior. Mais uma vez, a GOL mostra ao mercado sua capacidade de aumentar o yield através de sua estratégia de corte de oferta de assentos. Além disso, o fator relacionado à taxa de câmbio também foi vital para o bom desempenho operacional no trimestre.
Mais notícias boas nesta divulgação de resultados do 3T16 vieram do guidance. A companhia fez ajustes, estabelecendo um número mais preciso, e todos eles com caráter positivo, especialmente a margem EBIT, que ficou no limite superior do que tinha sido anteriormente divulgado. Nesse sentido, o novo guidance da empresa é:
(i) ASK de -8%;
(ii) número de decolagens -17%;
(iii) número de assentos em 17%, e
(iv) margem EBIT em 6,0%.
A frota de aeronaves da companhia era de 135 no final do 3T16, com 116 aeronaves operacionais. De acordo com a GOL, 11 aeronaves estavam em processo para retornar ao lessor e 8 foram subarrendadas a outras companhias aéreas.
A empresa também reafirmou seu plano de encerrar o ano com 122 aviões em sua frota total, o que também deve levar a uma redução de 13 unidades durante o quarto trimestre. Avaliamos positivamente este plano, refletindo a adaptabilidade da empresa ao atual tamanho do mercado.
Por outro lado, o fluxo de caixa da empresa nos preocupa, à luz do uso contínuo das reservas de caixa. No 9M16, a empresa teve um consumo de R$ 588,6 milhões, o que reduziu a disponibilidade para R$ 483,7 milhões, uma queda de 80,3% em relação aos 9M15. Na teleconferência realizada hoje (7), a empresa relatou estar confortável com este nível atual. Isso também pode suportar a operação durante o período de baixa temporada.
Além disso, espera-se que sejam adicionados R$ 200,0 milhões até o final do ano. Depois disso, a empresa deve trabalhar com a expectativa de geração de caixa, ou até mesmo desencadear alternativas de liquidez, se necessário.
Outros destaques
(a) crescimento de 1,5% a/a no Yield Líquido, mesmo em cenário com menor demanda e oferta;
(b) +3,0% a.a. no PRASK líquido, impulsionado pela expansão da Taxa de Ocupação, além do yield maior; e
(c) queda de 6,4% a/a no CASK, bem como queda de 3,1% a/a no CASK-ex combustível.
Este último foi impulsionado pela forte queda em algumas linhas de custo como "vendas e marketing", "combustível" e especialmente "outras despesas operacionais".
Endividamento
A alavancagem da companhia alcançou 6,7x Dívida Líquida Ajustada/Ebitdar no 3T16, queda de 27% a/a, devido ao aumento do EBITDAR. No entanto, a dívida líquida ajustada apresentou um aumento de 7,5% a/a e uma ligeira queda de 2,6% t/t, atingindo R$ 14,0 bilhões.
Perspectivas
Os ventos favoráveis permanecem no longo prazo. Não descartamos a possibilidade de outro fluxo de caixa negativo no quarto trimestre. De qualquer forma, é possível que as melhorias no capital de giro, assim como nas demais atividades operacionais, possam levar à geração de caixa ao invés de consumo.
Continuamos esperando que ventos melhores aguardem a GOL nos próximos trimestres, especialmente a partir do segundo trimestre de 2017, quando a demanda deve relatar alguma tendência de crescimento.
Portanto, os desafios para a gestão da GOL permanecem e o caminho ainda está cheio de obstáculos, entretanto, alguns já vêm sendo superados gradualmente, como vimos nos resultados recentes apresentados pela companhia.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da GOL no 3º trimestre/2016, elaborado por Mário Bernardes Junior, CNPI, Analista-Chefe.