Crise na Zona do Euro Ameaça Espalhar Outra Crise Financeira Global
Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI Fundo Monetário Internacional, afirmou nesta 2ª feira, 04.06.2012, que a crise na zona do Euro ameaça espalhar outra crise financeira global. Foi durante palestra proferida aos estudantes da Universidade de Harvard.
Lagarde declarou que nova geração de estudantes estaria enfrentando grande insegurança econômica, possivelmente mais aguda que a Grande Depressão dos anos 30.
A diretora-gerente do FMI destacou a incapacidade de cerca de 75 milhões de jovens para encontrarem empregos decentes, aumentando desigualdades sociais, impedindo a sociedade de permanecer unida e gerando o receio de que a economia global não mais funciona como no passado.
Lagarde, todavia, concluiu seu pronunciamento de uma maneira positiva ao afirmar que deseja que sua geração possa ainda deixar melhor legado aos jovens e que iria concentrar-se pessoalmente nisso.
Dias antes do discurso de diretora-gerente do FMI, em 31.05, a vice-diretora do FMI, Nemat Shafik, pôde ser mais específica no Fórum Econômico de Bruxelas. Ali afirmou que são bastante apropriados os planos europeus para ajuste fiscal. Contudo, declarou, em alguns países europeus as metas fiscais nominais para 2013 foram estabelecidas antes da desaceleração econômica em curso e que isso precisa ser ajustado.
Alem disso, a vice diretoria esclareceu que, diante da redução das pressões inflacionárias, o Banco Central Europeu poderia estudar medidas que possam promover a expansão das economias dos países membros.
"Infelizmente, não há nenhuma mágica para estimular o crescimento e a criação de empregos. Países atingidos pela crise na Europa só serão capazes de revitalizar as suas economias com a venda de mais bens ao exterior e criação de novos postos de trabalho no setor privado".
disse ela.
Ainda no Fórum Econômico de Bruxelas, o vice presidente da Comissão Europeia, Olli Rehn, afirmou ser preciso agir para evitar um desintegração da Zona do Euro. O primeiro ministro italiano, Mario Monti, por sua vez, pediu aos seus parceiros europeus para acelerar medidas para limitar o contágio da crise da dívida e estimular o crescimento econômico, observando que a Itália está sendo afetada em razão da franqueza global do sistema, mais que por qualquer fraqueza específica italiana.
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O contraponto foi feito pelo Secretário de Estado da Alemanha, Thomas Steffen, que advertiu contra o uso de medidas de estímulo fiscal e de apoio ao crescimento econômico, por seus efeitos potencialmente inflacionários. Sugeriu que a alternativa adequada seria reparar a competitividade através de reformas, construção de quadro jurídico estável e reforço das regras fiscais para que investidores saibam que irão receber seu dinheiro de volta.
Ao posicionamento de Steffen, a vice diretora do FMI, Nemat Shafik, advertiu:
"Recuperar a competitividade é um pouco como correr uma maratona. Muitas reformas, especialmente do tipo estrutural, exigem tempo para mostrarem resultados; e é fácil bater em uma parede quando interesses resistem à mudança. ... é crucial [por outro lado] que os decisores políticos europeus mantenham a dinâmica."
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O tom dos discursos dos participantes situou-se em favor da busca de retomada do crescimento, de forma a isolar a perspectiva do representante alemão. Phellip Aghion, da Universidade de Harvard, declarou-se partidário da tese de um Estado inteligente, onde disciplina fiscal, crescimento econômico e justiça social possam reunir-se em um triângulo virtuoso. Sugeriu que fundos estruturais da União Europeia possam sem ampliados para apoiar as reformas estruturais nos países membros.
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Houve consenso entre os participantes do Fórum Econômico de Bruxelas, que está se esgotando o tempo para ações urgentemente necessárias ao enfrentamento da crise. E, também, quanto à necessidade europeia de consolidação orçamentária dos países, de reformas estruturais que fomentem o crescimento ao nível nacional, além de medidas para reforçar a integração econômica e financeira dos países europeus.